"Ricardo Salgado acaba de receber o grau de Doutor Honoris Causa pelas mãos do Reitor do ISEG, António Cruz Serra, por serviços prestados à cultura, à ciência e à economia." -LEIA AQUI.
Receber em Portugal um doutoramento Honoris Causa
e uma qualquer comenda é como receber um aviso simples das Finanças para pagar
um imposto que já foi pago. São actos de banalidade completos e que faz sorrir
o mais sorumbático. Por este andar não haverá qualquer português que não tenha
um título ou medalha honoríficos. Com a forte emigração e queda acentuada na
demografia, começa a ser muito problemático encontrar candidatos. Então, das
duas, uma: ou se opta pelas distinções post-mortem
ou se começa a pagar aos que ainda não foram contemplados.
Aliás, tendo em conta as últimas atribuições e
por princípio financeiro já que a procura tende a submergir a oferta,
aconselha-se a completa recusa a quem vier a ser contactado para o efeito.
Faça-se caro e dispense. Vai ver que ainda corre o risco de, se aceitar,
receber um emprego na função pública. Como acções de bolsa a subir, o preço
para as atribuições vão disparar.
Confesso que não tenho informações
fundamentadas, mas suspeito que em Coimbra, com a não contemplação de notáveis
no último Dia da Cidade, em 4 de julho último, aconteceu isto mesmo. Apesar dos
fortes apelos aos ainda não medalhados para colaborarem neste desempenho de cidadania
local, mesmo com a promessa de se ser recebido pessoalmente pela nova vereadora da
Cultura, Carina Gomes, ninguém aceitou. Ainda tentei falar com o “Carlitos, popó”, para ver se tinha sido
tocado pelo assunto superiormente, mas quando ele ouviu falar em distinção
começou a remoer uma imprecação qualquer que não percebi e, a trocar as
palavras como se fosse um cocktail de arame farpado, fugiu a sete-pés. Procurei
também o senhor Mendes, o Fura-Mundos, um dos meus cromos preferidos cá da Baixa, mas também
não tive sorte. Mal falei em medalha ele cortou logo a conversa com: “cala-te e empresta aí um euro, mano!”
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