"MACHADA NA MORAL"
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Barbosa
de Melo, que estais arrumado na oposição,
Santificado seja o teu nome,
volta outra vez, que estás perdoado,
desculpa qualquer coisinha, e faz a tua vontade,
assim na Câmara, na Baixa como na Alta da cidade
o carro Smart pequenino de cada dia já se foi,
agora é um Audi A6 para Chefe de Estado, sem pudor,
sei que não perdoas as nossas ofensas - mas lá íamos nós
adivinhar?
assim como nós não perdoamos a quem nos ofendeu desta
maneira,
mas, mesmo assim, deixa-te cair na tentação,
oferece uns lençóis para aparar as lágrimas
àqueles que agora já não podem afastar o mal.
Amem!
Salvé
Imperador, pai de todas as graças,
Vida, doçura e esperança nossa, salvé!
A vós bradamos, os degredados filhos da miséria,
a Vós suspiramos, gemendo e chorando,
neste vale de lágrimas –só para nós e para mais alguns.
Eia, pois, Eminência parda, que nos desiludiste,
esses vossos olhos que nunca tiveram misericórdia,
a nós devolvei o voto, porque nos enganaste,
e depois dessa contrição sejas expulso para o desterro,
mostrai-nos César, que tens uma pinga de vergonha e
demite-te!
Ó clemente! Ó clemente! Quem te viu e quem te vê!
Ó piedosa Coimbra que não passas da cepa torta!
Ó doce cidade que estás sempre a ser errabada a sangue frio
por oportunistas,
rogai por nós, ó Aeminium,
burgo sepulcro dos primeiros reis de Portugal,
para que tenhamos paciência para aguentar tanto
descaramento.
Amém!
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