Para quem não souber, colocando de lado a
pouca modéstia, sou um artista multifacetado. Eu sei lá em que áreas se dividem
os meus talentos! São tantos! Escrevo, faço música, toco e retoco, sou actor
empenhado –todos os dias enfio uma máscara e represento uma peça. Umas vezes de
bonzinho, outras de sacana, outras de enojado com o sistema, outras ainda de braço-dado
com ele, como, por exemplo, há dias em que fui votar para perpetuar este processo
que nos aniquila e continuamos a pugnar para o manter em exercício.
Talvez seja por isto mesmo que a
TVI, volta e meia me convida para participar num qualquer dos seus programas televisivos
–e também, e sobretudo, porque a minha prestação lhes fica muito barata, a
custo zero. Valha-me ao menos, tenho a sorte de me mandarem sempre uma
jornalista linda e eu, bota-de-elástico e mais para lá do que para cá,
desfaço-me todo em simpatias e dou-me por muito bem pago.
Desta vez, para o programa do José Manuel Luís
Goucha e a passar na próxima quinta-feira, precisavam de, para além de mostrar a
escola desse tempo, entrevistar dois tipos de alunos: Um abastado e outro
carenciado. Neste aqui, alguém que fosse muito pobre nas décadas de 1950-1960 e,
nessa altura, como aluno com poucos meios frequentasse a escola primária, hoje
chamada de básica, ou primeiro ciclo. Com as habituais perguntas: como era o
ensino nesses tempos do Estado Novo? Os alunos apreendiam a ideologia implícita
nos livros? Como é que se justificava que os pobres, algumas vezes descalços,
chegassem às aulas todos picadinhos das pulgas?
Ora sendo eu, como disse em cima, um
diversificado actor, o que me custa representar o papel de pobrezinho? Nada
mesmo! É canja! Até choro e tudo! Então, ontem e hoje, graças ao bom trabalho
do “cameraman” José Brito e da
jornalista Sofia Esteves, da TVI, a peça, em declamação, foi gravada cá no meu
teatro de todos os dias, ou seja, na minha loja. Também por obra, graça e
disponibilidade da Luísa Duarte, da Associação Recreativa e Cultural da Lameira
de São Pedro foi possível filmar na antiga escola primária da Lameira de São
Pedro, próximo do Luso, e prestar uma singela homenagem à minha desaparecida
professora Odete Santos, a Dona Odete,
como era tratada carinhosamente por todos.
Em face da minha prestação, teria ficado um
bom trabalho? Ora bem, sendo eu um performer de cinco estrelas -sem pertencer à Maçonaria-, estou
convencido que sim. Mas o melhor é esperar para ver… na TVI e na próxima quinta-feira,
dia 5 de Junho, no programa da manhã do Goucha.
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