(Imagem da Web)
UM ANJO ESTENDEU-ME A MÃO
Se eu estivesse prontinho para morrer,
e um anjo imaculado
me estendesse a mão,
para eu
seguir em paz, e ele procurasse saber
qual o meu
último desejo de extrema-unção,
confiar-lhe
ia que muito adorava ter o prazer
de ter nos
braços uma dama com coração,
olhos verdes
e pele sedosa de estremecer,
com rosto de
boneca de porcelana de Cantão,
beijar seus
cabelos prateados de esconder,
colar meus
lábios nos dela em completa fusão,
abraçar seu
corpo trémulo e nele me perder,
dançarmos à
luz da lua como loucos sem razão,
deslizando
fustigados pelas bátegas do chover,
nas pedras
da calçada de uma praça de ficção,
avistados
por andorinhas nos beirais a adormecer,
e uma velha a
espreitar com um rosário na mão,
rogando a Deus
clemência, para Ele se compadecer,
por estes
pecadores alienados, envolvidos na paixão,
se assim fosse, morreria alegremente sem me aborrecer.
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