(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Pessoalmente, creio que nos
insultos aos políticos eleitos estamos no lodaçal. É tal a libertinagem de linguagem
falada e escrita, sobretudo no Facebook onde a recorrência a vitupérios, com
fotos a acompanhar, como “Covarde”, Bandido”, “traidor”, “vendido” passaram a
ser uma (a)normalidade. Tenho para mim que as pessoas que foram eleitas, mesmo
que não tivessem levado o meu voto, goste ou não delas, merecem respeito. E é
preciso notar que o cercear de linguagem não tem nada a ver com liberdade de expressão,
como alguns querem fazer crer a todo o custo. A democracia, no seu “modus
vivendi”, implica direitos e obrigações. E estas duas premissas são os seus
pilares fundamentais. Mais ainda, quer os primeiros, quer os segundos, têm
balizas, limites que não devemos nem podemos ultrapassar. O que está acontecer
é uma onda avassaladora, destruidora dos mais elementares princípios de
decência, que em nome de uma certa doutrina pregada por certos grupos arruaceiros
em que só quem berra mais alto e mais injuria é melhor português. Para mim, que
sou desalinhado politicamente, não me venham com convites desse tipo, do género
“vem por aqui”. O recorrer a verborreia burlesca e difamatória em "vale tudo" não pode ser o apostolado. Parafraseando José Régio, digo: “Prefiro escorregar nos becos
lamacentos, redemoinhar aos ventos, como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
a ir por aí…”
Porém, depois de ter escrito o
que escrevi, este facto realista a que estamos a assistir não dá o direito de
qualquer ministro, simpático ou façanhudo, a coberto e resguardado por agentes
da PSP, de agir de qualquer modo e pela força bruta perante um qualquer
comentário menos simpático de um qualquer cidadão magoado com as políticas
deste, do anterior, ou qualquer governo –sejamos justos na apreciação. Um
político eleito, porque foi desempenhar a sua missão de livre vontade, tem
obrigação de estar preparado para o pior. Se não tem estômago para aguentar os
desabafos dos cidadãos –dentro de um certo limite, volto a repetir- que arranje
um de plástico ou borracha.
A ser verdade o que conta o
Expresso aqui –porque pode não ser assim- é uma vergonha. Uma mácula, uma nódoa
que cai directamente em cima do ministro Relvas. Pior, um ultraje para este
jornalista detido nos Açores. Claro que dentro em pouco vamos todos ficar a
saber a verdade. O juiz, ao absolver ou mandar descer o processo para
inquérito, vai-nos dizer o que aconteceu de facto. Haja decência por parte de
todas as partes. ÁMEN.
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