sábado, 10 de novembro de 2012

A VERDADE DITATORIAL



 Estas declarações de Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome, prestadas numa entrevista à SIC Notícias, estão a lançar a indignação e a incendiar a ferro e fogo uma determinada facção, dita de esquerda, da nossa sociedade portuguesa. De tal modo que se pede a “cabeça” desta bela mulher à frente daquela instituição.
Ora o que diz esta senhora? Tão só o que uma grande maioria pensa mas não diz. Se, segundo Nieschtche, a verdade é apenas uma convicção teremos de admitir que esta força em bloco terá todo o fundamento, no sentido de que está convicta de que é assim. Mas poderá não ser. Todos vemos o horizonte em função do ponto de observação em que nos encontramos. Mais, a apreciação “ipsis verbis” de qualquer quadro visual tem sempre acoplado a experiência empírica do observador que, em rápida ponderação mental, é determinante no juízo formulado. Isto quer dizer que pessoas com pouco traquejo experimental deveriam, no mínimo, serem mais coibidas na manifestação de verdade única. Já para não dizer que a maioria, sobretudo os mais novos, sabem muito pouco do que falam.
Uma coisa me faz muita impressão: porque razão o bloco contrário, que não partilha desta opinião, se deixa esmagar por esta verborreia doutrinária? Porque não se revela e faz escutar? Terá medo de expor o seu lado? Nos últimos anos, e não é só recentemente, habituamo-nos todos a ouvir apenas um lado do raciocínio. É como se, contrariando o grande filósofo alemão, a verdade deixasse de ser uma crença, para quem acreditar, para passar a ser uma imposição por quem gritar mais alto. O curioso deste fenómeno é esta injunção vir de um lado que, nos anais da história recente, se arvora em guarda da liberdade e da democracia. Se obliteram a voz de quem discorda e até os apelidam de “direitistas”, para não dizer fascistas, onde está a tolerância tantas vezes apregoada por estes precursores da manumissão?
Perante estes discursos continuados, confesso, em vez de liberal assumido, cada vez me considero mais um “perigoso” cidadão de direita. Estamos a assistir a qualquer coisa que não bate bem. Não acha?




1 comentário:

JPG disse...

Meu caro, o "problema" é que a senhora tem razão e até a "esquerda caviar" sabe disso.

Daí ter-se insurgido, sem mostrar o seu ponto de vista, apenas zurzindo.

Para nos lembrar os nossos direitos temos muitos "radicais de esquerda", mas quem nos lembra os nossos deveres, é visto como um "facho" que não revela humanismo.

Abraço!