A semana passada, quase sub-repticiamente,
o executivo municipal aprovou por unanimidade um pedido de informação prévia
apresentado pela sociedade IKEA no planalto de Santa Clara, junto ao Fórum
Coimbra, com uma área bruta de construção de 24 mil metros quadrados, uma
grande superfície direccionada para mobiliário e decoração.
Segundo o semanário Campeão das
Províncias, o único jornal da cidade a noticiar a viabilidade deste acto de licenciamento, “A
aprovação do pedido ocorreu mediante proposta do vereador Paulo Leitão, com
base num parecer subscrito pelo director de urbanismo e pelo director do Departamento
de Gestão Urbanística e Renovação Urbana (DGURU). O titular da Direcção
Municipal de Administração do Território, António Cardoso, e o director do
DGURU, Luís Leal, advertem que a multinacional de origem sueca deve dar
garantia de concretização do denominado nó do planalto de Santa Clara (ligação
à variante ao IC2 a Poente da cidade) até à emissão do alvará de licença de
construção da referida loja.”
Perante este deferimento de
instalação de uma nova grande superfície comercial, quando a oferta está há
muito esgotada e a procura em queda livre, várias questões se levantam.
Aleatoriamente, nesta altura de tão grave crise no consumo, poderemos
interrogar o que faz mover esta sociedade internacional para um investimento tão
elevado? Será apenas a venda de bens, ou terá outros projectos imobiliários em
mente?
Outra interpelação ainda: como é
possível que, perante o estado decrépito do tecido comercial, executivo e
oposição, sem ouvirem as entidades representativas dos comerciantes, tenham
votado em bloco e em unanimidade? Não são estes senhores eleitos e candidatos
futuros que apregoam a salvação da Baixa? Já agora, para que serve a ACIC,
Associação Comercial e Industrial, na cidade?
Perante o desprezo manifestado
pelos órgãos eleitos camarários, para com os milhares de famílias que tentam
sobreviver a comprar e a vender no concelho de Coimbra, não se deveria pensar
em concorrer com uma lista independente que defendesse os comerciantes?
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