O projecto “ERGUE-TE”, um movimento que tem por missão ajudar mulheres em
situação de risco, desestruturadas da família e em contexto “prostitucional”,
que além de defender a sua dignidade e fomentar uma nova filosofia de vida, gratuitamente,
presta apoio social, psicológico e jurídico a quem o solicitar.
Com sede no Edifício Azul, no Largo das
Olarias, junto à Loja do Cidadão, desde ontem e até 16 de Dezembro, está a
realizar uma venda de Natal no rés-do-chão do mesmo edifício onde está
implantado. A funcionar entre as 10 da manhã e as 19h00, um sorriso espera quem
transpõe a porta. Quer pela causa nobre que desencadeia fenómenos de partilha e
solidariedade, quer por serem artigos muito baratinhos, a verdade é que a procura
está a exceder a oferta. Até parece que a austeridade não existe para quem
entra no salão de exposição. Mesmo com a crise que se vive é interessante verificar
a afluência em busca de uma prendinha. Tentar justificar esta atracção é o
mesmo que acreditar que quem compra um pequeno artigo, por um ou dois euros, misturando
egoísmo e alteridade num forte abraço, sente que está a colaborar para uma
causa humanitária de largo espectro social.
Aproveitei a presença de uma senhora de
meia-idade que estava a pagar. Sob anonimato, aceitou dar-me umas palavras.
Pelas roupas simples, notava-se, era de origem humilde. Por cerca de 10 euros,
levava para casa uma sacada de artigos, uns manufacturados pelos imensos
voluntários, outros doados por gente que quer participar. Coloquei-lhe a
seguinte questão: o que a levou a vir à loja da “ERGUE-TE” e adquirir esta
mercadoria?
“Todos os anos venho cá e, embora tenha dificuldades, deixo o meu contributo.
Sei que este projecto faz um bom trabalho de interajuda ao próximo. Uma pessoa
sente-se bem a colaborar. O bem é um sentimento que nos transcende e se propaga
até ao infinito. O bem traz o bem. Entende? Conheço uma rapariga que, há vários
anos, andava aí na rua a prostituir-se. Começou a frequentar um dos vários
cursos desta instituição de solidariedade, reconquistou a dignidade, e agora
luta com uma força incrível. Só gostava que visse o brilho novo e intenso dos
seus olhos!”
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"Aceita um abraço?"
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