No último Sábado, logo de manhã, fui
surpreendido por um telefonema de uma funcionária do Instituto dos Registos e
Notariado, da Loja do Cidadão, a informar-me de que os documentos do meu
automóvel estavam na sua posse. Um munícipe de nome Pedro Silva –a quem, depois
de já ter telefonado, mais uma vez, aproveito para agradecer o gesto de grande
significado e cidadania- tinha encontrado o registo patrimonial próximo do espaço da
antiga Triunfo e junto à Rua dos Oleiros. Foi o resultado de um estacionamento
rápido e, duplamente a marcar o erro, não ter trancado o carro e deixar lá
dentro os documentos.
Pelo facto de ter sabido de que havia mais
papéis espalhados no local onde Pedro Silva encontrou os documentos voltei ao
terreiro. Então, de uma forma impressionante que tocava a alma, perante os meus
olhos estava um recanto atapetado com invólucros de seringas. Dava que pensar!
A Baixa, entre as Ruas Direita e Oleiros, nos
seus becos mais esconsos e casas decrépitas, sobretudo à noite, está transformada
em área pública de consumo endovenoso de drogas duras. Bem sei que a criação de
uma sala de chuto assistida gera polémica. Isto mesmo se passou comigo até ver
tantos depósitos de seringas vazios. Não seria melhor mudarmos o conceito? Isto
é, aceitar discutir este assunto sem pré-conceitos e chegarmos a uma solução do
menor custo para todos. Ou, continuando a enterrar a cabeça na areia e fazendo
de conta de que não se passa nada, deveremos continuar a ignorar uma realidade
que se passa à frente dos nossos olhos?
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