Os comerciantes das Ruas Visconde da Luz e
Ferreira Borges com vasos a embelezar as suas entradas, nos últimos dias, têm
sido acometidos pela fiscalização camarária para a obrigação de tirarem licença
de ocupação de espaço público. Saliento que as flores abrangem uma área de
trinta centímetros quadrados. O resultado desta medida é que, para além de dois
estabelecimentos, todos os outros retiraram os seus embelezamentos.
Com estes profissionais da compra e venda, que decidiram tornear a questão
digna de figurar no anedotário nacional, nenhum quis dar a cara. Um lojista, a quem
pedi uma declaração, disse mesmo, expressamente, que preferia não o fazer, nem se identificar, porque era muito amigo de Manuel Machado e não o queria prejudicar.
Dos únicos que estão a tratar do assunto e com
completa indignação e repúdio são Pedro Cruz e Maike Chen, ambos estabelecidos
na Rua Ferreira Borges. Pelo primeiro, Pedro Cruz, foi dito que “já recebemos o e-mail da Câmara para pagar a
área ocupada pela ornamento florístico. É inconcebível o que está a acontecer.
Estão a transformar a rua numa via triste, sem cor e sem alegria. Então e logo
agora que estamos próximos do Natal? Quando se deveria defender que cada um
tratasse do seu espaço para tornar a Baixa mais agradável vem a edilidade
estragar tudo para tentar cobrar 15 euros? Isto não é incrível? Não se trata de
pagar ou não pagar mas sim do quanto a medida é repelente.”
Maike Chen, enfatizou que “perante a insistência dos serviços de
fiscalização da autarquia, no último dia 7, fui requerer a licença para poder
manter dois pequenos arranjos à minha porta. Só para entregar o requerimento
liquidei 10 euros. Se me for concedido o pedido pagarei mais 5 euros, dois
euros e meio por cada flor. Isto não é tão comezinho? Não acha?”
Preferi não responder. Perante este “vale tudo”, este sacar a qualquer jeito
e mesmo que sejam umas moedas aos aflitos comerciantes que, a fazer contas
diariamente, tentam aguentar as portas abertas, dá para ver que a situação
financeira da Câmara Municipal de Coimbra deve estar no vermelho retinto. Não
cairia melhor fazer-se um peditório?
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