(Imagem da Web)
Num convite que muito me honra, fui desafiado
a colaborar n’O Campeão com uma
página semanal. Suponho, a primeira interrogação que o leitor fará é que mal
terá feito à administração do jornal para merecer levar comigo desta forma
continuada. A segunda, embora interesse pouco, é saber quem é o escriba. Se na
primeira não me posso pronunciar, na seguinte devo apresentar-me. Como actividade
profissional principal, sou comerciante na Baixa da cidade. Como ocupação
secundária escrevo sem ser escritor. No mesmo modelo deste agora encetado,
colaboro com O Despertar há cerca de
três anos. Como todos os homens têm sempre um “vício”, creio, o meu é garatujar. Em metáfora, sou uma espécie de
ladrilhador feito pelo tempo e que pela sua experiência empírica, mosaico a
mosaico, compõe os painéis da sua vida passada, presente e futura. Nesta com a
prosápia de se julgar presciente. Portanto, do mesmo modo ou parecido, sou um
fraseador. Um contador de histórias do homem da rua. Com muito gosto por me
sentir útil, uma espécie de muro das lamentações na zona onde estou inserido.
Através da junção das palavras que me são ditas, torno públicas as suas
aflições, contentamentos e sonhos. Por sentir que estou a fazer feliz alguém,
nem que seja por um dia, sinto-me muito bem. Escrevo por mim mas sempre
direccionado para o outro.
Como se vê, não sou jornalista. Ninguém espere
que seja independente. Sério sim, mas parcial! As minhas crónicas serão sempre
de influência e tentando atingir um objectivo –que é o de sensibilizar o poder
decisório para alguém ou grupo em particular ou, no geral, pelo bem comum. Sem
partido político, ou ideologia de esquerda ou direita, sou liberal por
convicção, no verdadeiro sentido de respeitar a idiossincrasia, a forma de ser,
de cada um. Mesmo na dificuldade em conseguir, faço tudo para ser credível e honesto.
Sou um coleccionador de sonhos desfeitos. Sem me alongar, já tentei realizar
muitos mas, como se o destino me colocasse à prova no sofrimento e estando
embrenhado na angústia poder falar dele, ficaram pelo caminho. Como os governos
do futuro, ninguém espere de mim nada de novo. Sou mais do mesmo. Ainda que de
forma diferente, pelo amadorismo implícito, talvez seja mais apaixonado na
descrição.
Em resumo, até me tornar
intragável, espero que me aturem um tempo. Muito obrigado pela oportunidade.
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