(Imagem da Web)
Na semana passada, um professor de economia do
Instituto Superior de Gestão, em Lisboa, que dá pelo nome de Carlos Paz, com o
título “Carta aberta a um personagem
menor”, escreveu uma longa missiva que publicou no blogue “As minhas leituras” e na sua página do
Facebook.
Para começar no título, o “personagem menor” que refere é o
Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Logo a entrar no primeiro
parágrafo do texto somos surpreendidos por três adjetivos ofensivos ao mais alto
magistrado da Nação que, para não dar publicidade e estar a embarcar na mesma
jangada de pedregulhos, não vou repetir aqui. Ora, retirando os impropérios, o que este senhor professor
sustenta no artigo de opinião muito bem fundamentado é mentira? Não, não é!
Tudo o que defende ali eu assinaria por baixo. Então, perguntará o leitor, onde
quero chegar com este “patuá”? Já lá
vou. Dê-me tempo, se faz favor.
Numa primeira questão, recomeço por dizer,
portanto, que concordo com a substância mas não com a forma. Como ressalva,
votei no actual Chefe de Estado no primeiro mandato. Como estou descontente com
a sua magistratura de influência, se eventualmente pudesse voltar a ser
candidato, não veria mais o meu voto. Porém, entendo que a democracia num
estado de Direito é um jogo com um conjunto de regras que são para cumprir por
todos os cidadãos. Quem perde o seu candidato votado, para além de aguardar
mais quatro anos –no caso das eleições legislativas- ou cinco -se for para a
presidência da República-, está obrigado a aceitar o que a maioria dos
eleitores decidiu. E por isso, mesmo não estando satisfeitos com o vencedor,
devemos respeitar a sua preferência. Por discordar não vamos insultar
gratuitamente este ou aquele eleito. A liberdade de expressão tem limites
legais, sabemos, mas quando perdemos a noção das suas fronteiras
transformamo-nos em agressores vulgares e perdemos completamente a razão. Poderemos
dizer tudo sem cair na boçalidade, na ordinarice. Além de mais, pela forma injuriosa,
desabrida e de ameaça, somos passíveis de ser demandados pelo visado –que aliás, no
caso em apreço, está salvaguardado no Código Penal Português, no artigo 328. Espero,
sinceramente, que Cavaco Silva, seguindo o mesmo procedimento de junho de 2013
quando em Elvas foi pretensamente insultado por um cidadão comum, mais uma vez
venha defender a sua honra. Se tal não acontecer, somos levados a acreditar que
para o Presidente o estatuto pesa na decisão de avançar ou não para o
Ministério Público. Salienta-se que a ofensa e agressão aos mais altos representantes
do regime já vêm desde 1910. Quero dizer, por conseguinte, que, embora estando
salvaguardado pela lei, a meu ver não é admissível este tipo de trato a alguém
que ocupe um cargo de relevância no Estado –e mais ainda provindo de um
professor, que tem responsabilidade acrescida na formação de adultos.
A segunda questão, e que me causa algum
prurido, é o facto de cerca de dois milhares de pessoas terem colocado no
Facebook o tradicional “gosto”, quase
três mil terem feito partilhas do texto e largas dezenas, tomando o escrito
como seu, sustentaram tudo. Poucos foram os que defenderam o direito à
dignidade do cargo do ocupante do Palácio de Belém. Para piorar, acusando de “barriga cheia”, enxovalharam os
discordantes com mimos desde bem
instalados até fascistas. A moral
e a ética estão a caminhar para onde? Será património esclerosado de Velhos do Restelo?
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