No âmbito da “Conferência A Baixa no Centro da Cidade: Turismo pelo Património e(m)
Segurança”, realizada ontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra,
e hoje, no Edifício Chiado, com “Workshop’s”, trabalhos oficinais de grupo, foi
entregue, ontem, o prémio “Coimbra.
Inovar o Tradicional no Centro Histórico”.
Segundo o Diário de Coimbra, de hoje, “Run, Coimbra, Run” é a ideia de negócio que
venceu o concurso “Coimbra. Inovar o Tradicional no Centro Histórico”,
promovido, em parceria, pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e o Instituto
Politécnico de Coimbra (IPC), no âmbito do Programa INOVC. Nádia Rodrigues
(licenciada em Turismo pela Faculdade de Letras) e Cátia Martins (licenciada em
Design Multimédia pela Escola Superior de Educação de Coimbra) desenvolveram
uma ideia de negócio que propõe visitas turísticas personalizadas e com
informações que, normalmente, não constam dos roteiros turísticos, a partir de
um “postal original”, concebido pela “Run, Coimbra, Run”. (…) Ao conquistarem o
prémio, Nádia Rodrigues e Cátia Martins ganham direito a receber consultadoria
para transformar a ideia de negócio em empresa, além de um valor monetário de
2500 euros para aplicar no capital social da empresa que venha a ser criada na
sequência do “Coimbra. Inovar o Tradicional no Centro Histórico”.
INOVAR SEM RENOVAR?
A Go,Leisure & Heritage é uma firma unipessoal, turística, com sede na “Casa Medieval”, uma construção
classificada, na Rua Sargento Mor. Existe na Baixa há cerca de dois anos e,
desde essa altura, alegadamente, faz exactamente o mesmo que foi agora premiado
e qualificado como inovação por parte da CMC e do IPC. Sara Cruz, licenciada em
turismo, lazer e património, perante
este projecto que classifica como tomado
a papel-químico do seu, sentindo-se indignada, desabafa: “o que foi agora proposto como novo é tudo o
que fazemos há cerca de dois anos.”
À minha pergunta se considerava
plágio respondeu: “não vou cair no
facilitismo de o rotular assim. Não quero! Várias empresas oferecem serviços
muito semelhantes em outras cidades por todo o Portugal e até pelo mundo. Mas
estou profundamente triste. Isto é uma desconsideração por parte das entidades
promotoras do concurso –a CMC e o IPC- ao entregarem um prémio a uma ideia que
já existe. Eu não concorri porque o regulamento do concurso destinava-se a
licenciados que tivessem concluído os seus cursos até cinco anos. Mas do mesmo
modo, se estivesse abrangida, não iria propor-me uma vez que a minha ideia
estava implantada e já em prática. Teria pensado que se procurava mesmo uma
ideia nova.
O que mais me incomoda é que, em 2011, candidatei-me a um curso de
empreendedorismo da CMC e nem sequer fiquei classificada em lugar elegível.
Quando criei a firma não tive qualquer apoio da autarquia –no início do Verão
deste ano tive uma reunião com a vereadora da Cultura, Carina Gomes, que apenas
se limitou a remeter-me para o Gabinete de Apoio ao empreendedor para a
autorização legal- e não foram resolvidos problemas tais como a sinalização da
Casa Medieval no topo das escadas da Rua dos Gatos. Para iniciar a empresa e desenvolver o
projecto ninguém me ligou nenhuma. Foi tudo com capitais próprios e muita força de vontade, já que não
beneficiei de quaisquer apoios ou financiamentos nesse sentido. Ainda hoje, e após dois anos de existência, me sinto
invisível.”
E COMO VIU ESTA CONFERÊNCIA?
Começou
logo mal pela calendarização e pela divulgação. No “timing”, ser feito a meio
da semana foi muito prejudicial. Tive a porta fechada. Se fosse ao
fim-de-semana haveria muito mais gente a participar. Aqui da minha rua, embora
me transmitissem a vontade de estarem presentes, não foram por impossibilidade.
O debate deveria ter sido feito com os operadores, comerciantes e pequenos
hoteleiros, para se aproveitar as suas ideias e com debate –era bom que a
edilidade se disponibilizasse a ouvir quem está no terreno. Muitas ideias
seriam exequíveis. Tenho a certeza.
Na divulgação foi uma pena ter sido dado conhecimento com um dia de
antecedência. Os hotéis não souberam desta conferência. Falei com pessoas de
alguns e nenhuma tinha sido informada.
Embora achasse que faltou lá debate, mesmo assim, foi interessante.
Gostei sobretudo da dissertação, hoje, de Filomena Pinheiro, da Turismo Centro
de Portugal, sobre aplicações informáticas, e de Paulo Neves, sobre o trabalho
dos guias turísticos.”
A APBC NÃO TEM RESPONSABILIDADE NA ATRIBUIÇÃO DO PRÉMIO
Vitor Marques, presidente da Agência para a
Promoção da Baixa de Coimbra, APBC, entidade que, juntamente com a PSP,
colaborou na organização da “Conferência
A Baixa no Centro da Cidade: Turismo pelo Património e(m) Segurança”,
perante o facto de se atribuir um prémio de inovação a um projecto já visto e em
execução nesta parte velha, declarou: “a
APBC não tem qualquer responsabilidade na atribuição. Nem sequer tomámos
conhecimento das ideias a concurso. A competência foi da responsabilidade da
CMC e do IPC.”
O QUE DIZ QUEM VENCEU?
Cátia Martins, licenciada em Design Multimédia
pela Escola Superior de Educação de Coimbra, e Nádia Rodrigues, formada em
turismo pela Faculdade de Letras, com o projecto “Run, Coimbra, Run” foram as vencedoras da ideia de negócio que
venceu o concurso “Coimbra. Inovar o
Tradicional no Centro Histórico”. Para um justo equilíbrio entre as partes, e para que o leitor em ponderação possa aferir com justiça, é legítimo e de
direito ouvir a parte vencedora.
Afinal
a vossa ideia é ou não igual à de Sara Cruz? Interroguei. Respondeu Nádia
Rodrigues: “Compreendo que a Sara esteja
triste, sobretudo por que não foi apoiada, mas nós não temos culpa. Apresentámos um trabalho ao júri e, como gostou,
contemplou-nos com o prémio. A partir daí não entramos em guerra com quem quer
que seja. O turismo é uma área imensa que tem pano para mangas para explorar e
dá para todos. Como me pede, sucintamente explico que a nossa concepção –uma vez
que ainda não está em prática- assenta em visitas pedestres, tal como todas. O
que torna a nossa ideia mais inédita é o facto de trabalharmos com turistas a partir de um
“postal original”, criado pela Cátia, a minha comparte. Vou explicar melhor. Na
sede da nossa futura empresa teremos postais temáticos individuais de monumentos
ou ruas, entre outros. O visitante que se nos dirige escolhe a Igreja de Santa
Cruz, por exemplo. Então, sem esquecer a área envolvente, com o nosso cliente, iremos
visitar o Panteão Nacional e, fundamentalmente, contaremos toda a sua história.
Qual é a diferença entre o que se faz e o que pretendemos iniciar? Vamos mostrar
um olhar mais personalizado, mais profundo das coisas da nossa cidade e que
tantas vezes passam ao lado. Como numa viagem, queremos ir à génese, ao âmago,
à alma da matéria. Espero ter ajudado a clarear a questão.”
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