Desde há várias semanas, exceptuando o Sábado
e Domingo e praticamente todos os dias, dois agentes da Polícia Municipal (PM) deslocam-se
ao Largo das Olarias, em frente à Loja do Cidadão, e ali permanecem algum
tempo. Embora seja perceptível o elevado trato respeitoso para com os
automobilistas que chegam e pretendem parar, muitas viaturas particulares têm
sido multadas nos últimos dias.
Por parte de alguns comerciantes, as queixas
de “perseguição ao comércio da Baixa”
têm sido mais do que muitas. Ainda ontem um lojista com estabelecimento junto à
Praça do Comércio, que pediu o anonimato, aproveitava para desabafar comigo: “Já viu o que está acontecer no “Bota-abaixo”
com a PM? Eles querem mesmo arrumar connosco. O que eles querem é que as
pessoas não venham para aqui fazer compras e vão para os Centros Comerciais. Ou
então estão a fazer o jogo dos parques de estacionamento em redor. É um
escândalo! De quem será a (i)responsabilidade? As ordens virão do comandante da
PM? Ou virão directamente da vereadora responsável pelo pelouro?”
Naturalmente que não sei responder. O que sei,
porque vejo, é a constatação do facto da permanência diária dos agentes da PM
no largo que alguns dizem ser de maldição. Para quem não conhecer, é uma praça
central que, já desde os anos de 1960 aquando das primeiras demolições para a
construção da futura Avenida Central, sempre foi uma espécie de ancoradouro
onde tudo o que mexe atraca. Ainda no mandato do então presidente da Câmara
Municipal de Coimbra -e actual-, Manuel Machado, no virar do novo milénio, após
alienação do terreno em concurso público à empresa Bragaparques, SA, viu surgir um grande estacionamento na cave e
sub-cave e edifícios à superfície com um projecto de vias largas e destinadas à
passagem do Metro Ligeiro de Superfície. Catorze anos se esfumaram e o Metro,
com toda a polémica associada que se conhece, nunca passou do papel. Porém,
vá-se lá entender o motivo de se continuar a proibir a paragem de veículos no
local como se estivesse sempre eminente o trânsito do trem fantasma. Ou seja,
interrogando directamente: que razões superiores estão na base de proibir a
paragem num local tão central? Penso que nenhum fundamento atinente se levanta
a não ser o “sim por que sim”. Aliás
estamos perante uma absurda atitude burocrática, lesiva para a colectividade e
anti-económica. Ou seja, a lógica, o bom-senso, manda que se coloquem ali
parquímetros com a primeira hora a pagar um valor irrisório –por exemplo 20
cêntimos- e as subsequentes com preços iguais a outros estacionamentos
públicos, incluindo o espaço destinado à carga e descarga –que, por ser
gratuito, nunca funcionou com eficácia.
Contrariamente ao que a maioria de
comerciantes defende –a gratuitidade- é preciso desmitificar de uma vez por
todas esta questão. O estacionamento na Baixa deve ser sempre onerado. Só sendo
pago se consegue uma ordenação. Se for sem pagar é ocupado logo de manhã e todo
dia se mantém. O seu custo terá é de ser muito baixo, sobretudo na primeira
hora. Um dos maiores problemas da acessibilidade a esta zona velha é o elevado
preço praticado pelos parques.
Talvez estivesse na altura do executivo camarário
demonstrar que, sendo diferente do anterior, tem uma outra visão prática e clara
de alguns problemas que impedem esta zona comercial de ser mais aberta para
todos. Ficamos à espera.
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