(Foto de Márcio Ramos)
Texto
escrito a quatro mãos.
Por
Márcio Ramos e Luís Fernandes
Embora
haja vozes a dizer que a Baixa está boa e se recomenda, basta
percorrer uma ou outra rua neste bairro de casario antigo para
entender que a zona está moribunda, como se ligada às maquinas e a
espera de alguém lhe dar o golpe final. Sobre quem vai arcar com a
culpa desta zona antiga chegar a este ponto, como uma roda de muitos
raios que sustenta uma carroça, não vamos pronunciar-nos porque não
é disso que pretendemos perorar.
Considerando
que esta área de antanho está transformada num novelo de linhas
embrulhadas, custe lá o que custar, a bem da Nação, para bem de todos nós, tem de haver
um plano para a sua recuperação. Enquanto moradores por cá, como
é o que está ser feito, tememos que a Baixa não recupere do longo
sono letárgico com espectáculos de fim-de-ano e feiras de rua.
Percebemos que estes eventos quebram a monotonia e o silêncio
embaraçante que tomou de assalto toda a envolvente, porém, não é
com festarolas e foguetório que se descola do situacionismo
instalado como doença grave.
Acima
de tudo, como já tem sido defendido neste blogue, é preciso apostar
na recuperação conjunta da parte alta e baixa da cidade, trazendo
famílias a morarem aqui e cá fazerem as suas compras no
pequeníssimo comércio de proximidade.
Pelo
que lemos e nos apercebemos nos vizinhos, os comerciantes, em larga
maioria, têm a corda na garganta. Ora, embora ainda poucos conheçam
o seu teor, finalmente a Câmara Municipal de Coimbra já aprovou o
“Regime de Reconhecimento e Proteção de Estabelecimentos e
Entidades de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local”.
O que espera a autarquia para elaborar um bilhete turístico com
preço único que contemple todos os pontos indicados num roteiro
previamente anunciado entre monumentos e entidades de relevo local
classificado? Como é de calcular, a totalidade da venda de ingressos
seria dividida entre todas as entidades abrangidas, no caso,
referindo também as Repúblicas de estudantes e lojas mais antigas
com passado histórico digno de nota. Seria uma forma de contribuir
monetariamente para manter estes espaços e ajudar na sua
revitalização. Tanto quanto julgamos saber, existe um bilhete único
apenas para visitar a Universidade de Coimbra e o Portugal dos
Pequenitos.
Neste
momento, um turista que pretenda visitar vários monumentos na cidade
tem que se sujeitar aos preços que se indica:
Universidade
12.00 euros
Catedral
da Sé Velha 2.50 euros (o acesso livre à igreja só é
possível quando houver
homilias.
Fora das missas a entrada é sempre a pagar)
Igreja
de Santa Cruz 3.00 euros (pagamento exigido para aceder aos
claustros)
Igreja
da Sé Nova 1.00 euro
Portugal
dos Pequenitos 8.00 euros
UM
CONTRATO SOCIAL PRECISA-SE
É
urgente o Executivo sair do seu casulo de acomodamento e, de uma vez
por todas, juntar todos os interessados no futuro da Baixa de
Coimbra.
Pode
até parecer que só os comerciantes estão a viver este momento de
grande depreciação que caiu na zona mas não é verdade. Tomemos
atenção a alguma riqueza e sectores de actividade que estão a empobrecer quase sem se dar por isso:
-Quando
noutras cidade o valor do imobiliário sobe, com grande preocupação
por verem a sua propriedade descer abruptamente estão os
proprietários -e este facto pode facilmente chegar para sensibilizar
para uma descida de rendas no comércio e na habitação.
-Estão
os operadores turísticos que, pela degradação do meio-ambiente,
social e económico, -estarão cada vez mais apreensivos com o que
está acontecer.
-Por
causa da desertificação acelerada que está em marcha na zona
antiga, estão preocupados os operadores que trabalham com alojamento
local, porque os turistas ganham medo de sair à noite -o mesmo
acontece com estudantes que por cá têm quartos arrendados. -Estão
a colocar as mãos na cabeça quem trabalha na área dos serviços.
-Sobretudo
entre Outubro e Abril, com o decréscimo de turismo nesta época
baixa, alguns cafés estão a encerrar por falta de movimento de
pessoas.
O
que se passa nesta altura é que a Baixa acorda cada vez mais tarde,
por volta das 10h00, e vai para a cama, como as galinhas, cada vez
mais cedo, por volta das 18h00. Por conseguinte, dá para perceber
que, se não se fizer nada, estamos a rebentar com o que resta de uma
parte histórica classificada pela Unesco.
Vale
a pena pensar nisto?
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