Passavam
quinze minutos das 19h00, dentro do horário pré-anunciado, quando a
jovem simpática vereadora executiva Regina Bento, na pequena sala da
antiga Casa dos Pobres, no Pátio da Inquisição, tomou a palavra de
apresentação do “Coimbra Participa”. Bela, segura
e de uma simpatia contida mas extemporânea, a nova aquisição do
Partido Socialista para a vereação promete abrir corações
rasgados e desiludidos com o elenco de Manuel Machado. Num partido
local de “trombeiros”, de face martelada a escopro e
martelo, onde a simpatia só se nota quando estão na oposição ou
em período de eleições, a aparição de encanto resplandecia de
luz. De tal modo foi o meu assombramento que, enfiando os pés pelas
mãos, confundi-a como elemento da “Coligação Mais Coimbra”, a
oposição.
Está
mais que explicada a razão de apenas se encontrarem na sala quatro
comerciantes, três hoteleiros, um curioso e quatro funcionários
camarários. Não compareceram porque não sabiam quem dissertava. Está também explicado o facto de Vitor Marques,
Presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra,
também presente no pequeno compartimento, não ter aberto a boca
para comentar o novo Orçamento Participativo. Ficou extasiado!
Compreende-se! Se eu o entendo bem!
O
que sei é que se, por acaso, a autarquia, em vez de anunciar a
mostra do “Coimbra Participa”, tivesse proclamado aos
quatro ventos de andarilho que ia estar na sala a estrela brilhante
do sistema solar da cinzenta edilidade nem 20 compartimentos iguais chegavam
para albergar todos os comerciantes da Baixa. Estamos sempre a
aprender, não é verdade? Na próxima, se fizerem o favor, sigam a
minha sugestão.
Prosseguindo
a minha explanação sobre o que se passou ontem na apresentação do
Orçamento Participativo, pela facilidade de comunicação da
vereadora Regina Bento, como havia poucos assistentes, depressa o
tema principal ficou esgotado. E passou-se às generalidades.
FALA O
POVO
Uma
senhora representante de um nobel e reconhecido empreendimento
hoteleiro situado na zona das Escadas de Quebra Costas, tentando
desnortear a segura vereadora, atirou a matar: “O lixo na Rua
Fernandes Tomaz é uma vergonha! Todos os dias enfio as luvas e
apanho os detritos dos meus vizinhos. Já estou a ficar farta! Está
mal iluminada, tem uma luz intermitente. A toxicodependência barra
tráfico de droga na zona envolvente é um problema sério! A Câmara
está instalada na Baixa; os vereadores passam, vêem e não dizem
nada! O que eu pedia é que o senhor presidente convocasse todos os
comerciantes e os ouvisse! Temos propostas para apresentar!”
Prosseguiu
a voz do povo que lavra no rio da insatisfação, “Uns
calam-se outros não! Confesso, eu já desisti. Farto-me de chorar!
Fui a Braga, quando cheguei aqui só me deu vontade de chorar!”
Porque
as mulheres são a nova voz da revolução comercial, outra senhora
comerciante, com loja na parte mais baixa, prosseguiu o rol de
queixas: “Ao Domingo, na Baixa, os restaurantes estão
praticamente todos encerrados. Para além disso, estão a praticar
preços proibitivos, só para turistas.”
Sem
acusar os golpes, sempre hirta e firme, a ex-administradora dos
SASUC, Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra, Regina
Bento, que graças a Deus em boa hora trocou a Alta pela Baixa, lá
foi dizendo que estamos a começar devagarinho mas no bom caminho.
CANDIDATOS
A LOJA DE TRADIÇÃO PRECISAM-SE
A
terminar a sessão pouco participada, ficou a saber-se que, na
cidade, já está em vigor a lei 42/2017, de 14 de Junho, que diz
respeito à classificação das “Lojas
com história», os estabelecimentos comerciais com especial valor
histórico cuja preservação deva ser acautelada”.
Para ser mais rápido e não se perder mais tempo, alegou a
vereadora, não se elaborou nenhum regulamento específico e
aplicou-se a lei aprovada no Parlamento. Faltam os candidatos a
benefícios fiscais. Podem propor-se todos os estabelecimentos com
mais de 25 anos.
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