terça-feira, 27 de março de 2018

A APARIÇÃO DO “COIMBRA PARTICIPA” (2)





Passavam quinze minutos das 19h00, dentro do horário pré-anunciado, quando a jovem simpática vereadora executiva Regina Bento, na pequena sala da antiga Casa dos Pobres, no Pátio da Inquisição, tomou a palavra de apresentação do “Coimbra Participa”. Bela, segura e de uma simpatia contida mas extemporânea, a nova aquisição do Partido Socialista para a vereação promete abrir corações rasgados e desiludidos com o elenco de Manuel Machado. Num partido local de “trombeiros”, de face martelada a escopro e martelo, onde a simpatia só se nota quando estão na oposição ou em período de eleições, a aparição de encanto resplandecia de luz. De tal modo foi o meu assombramento que, enfiando os pés pelas mãos, confundi-a como elemento da “Coligação Mais Coimbra”, a oposição.
Está mais que explicada a razão de apenas se encontrarem na sala quatro comerciantes, três hoteleiros, um curioso e quatro funcionários camarários. Não compareceram porque não sabiam quem dissertava. Está também explicado o facto de Vitor Marques, Presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, também presente no pequeno compartimento, não ter aberto a boca para comentar o novo Orçamento Participativo. Ficou extasiado! Compreende-se! Se eu o entendo bem!
O que sei é que se, por acaso, a autarquia, em vez de anunciar a mostra do “Coimbra Participa”, tivesse proclamado aos quatro ventos de andarilho que ia estar na sala a estrela brilhante do sistema solar da cinzenta edilidade nem 20 compartimentos iguais chegavam para albergar todos os comerciantes da Baixa. Estamos sempre a aprender, não é verdade? Na próxima, se fizerem o favor, sigam a minha sugestão.
Prosseguindo a minha explanação sobre o que se passou ontem na apresentação do Orçamento Participativo, pela facilidade de comunicação da vereadora Regina Bento, como havia poucos assistentes, depressa o tema principal ficou esgotado. E passou-se às generalidades.

FALA O POVO

Uma senhora representante de um nobel e reconhecido empreendimento hoteleiro situado na zona das Escadas de Quebra Costas, tentando desnortear a segura vereadora, atirou a matar: “O lixo na Rua Fernandes Tomaz é uma vergonha! Todos os dias enfio as luvas e apanho os detritos dos meus vizinhos. Já estou a ficar farta! Está mal iluminada, tem uma luz intermitente. A toxicodependência barra tráfico de droga na zona envolvente é um problema sério! A Câmara está instalada na Baixa; os vereadores passam, vêem e não dizem nada! O que eu pedia é que o senhor presidente convocasse todos os comerciantes e os ouvisse! Temos propostas para apresentar!
Prosseguiu a voz do povo que lavra no rio da insatisfação, “Uns calam-se outros não! Confesso, eu já desisti. Farto-me de chorar! Fui a Braga, quando cheguei aqui só me deu vontade de chorar!
Porque as mulheres são a nova voz da revolução comercial, outra senhora comerciante, com loja na parte mais baixa, prosseguiu o rol de queixas: “Ao Domingo, na Baixa, os restaurantes estão praticamente todos encerrados. Para além disso, estão a praticar preços proibitivos, só para turistas.
Sem acusar os golpes, sempre hirta e firme, a ex-administradora dos SASUC, Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra, Regina Bento, que graças a Deus em boa hora trocou a Alta pela Baixa, lá foi dizendo que estamos a começar devagarinho mas no bom caminho.

CANDIDATOS A LOJA DE TRADIÇÃO PRECISAM-SE

A terminar a sessão pouco participada, ficou a saber-se que, na cidade, já está em vigor a lei 42/2017, de 14 de Junho, que diz respeito à classificação das “Lojas com história», os estabelecimentos comerciais com especial valor histórico cuja preservação deva ser acautelada”. Para ser mais rápido e não se perder mais tempo, alegou a vereadora, não se elaborou nenhum regulamento específico e aplicou-se a lei aprovada no Parlamento. Faltam os candidatos a benefícios fiscais. Podem propor-se todos os estabelecimentos com mais de 25 anos. 

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