SuperFebras deixou um novo comentário
na sua mensagem "HOJE TOCOU-ME UMA SAUDADE...":
Amigo:
Este seu fado em prosa até a mim me transportou aos anos 70.
Que bom é recordar a minha boa e bonita cidade-mãe.
Um dos benefícios de ter partido em 1979 são as recordações de uma Coimbra formigueira, atarefada, cheia de cheiros e sons de gente apressada tamanqueando sinuosas calçadas que pareciam, como pele de tambor, ter sido afinadas ao timbre de cada rua. Ora agudo nas estreitas vias ora grave nas seculares praças da nossa Baixa.
É com muita pena que digo que foi pela graça de Deus que fui liberado de assistir ao vagaroso colapso do em tempos açodado comércio e atarefadas oficinas. Foi como Coimbra tivesse sido atirada a uma praça de toiros e sujeita a constante investidas dos marrões sem escrúpulos que como cães raivosos salivando os cantos da boca se foram instalando e de dente afiado protegem a lambuzada baronia que pela trela os guia e lhe vai atirando à pia uns nacos de toucinho para que não se queixem que é pequeno e duro o osso a que se atiraram.
O meu filho, hoje a viver em Portugal, eludido pelas histórias que lhe fui contando embelezadas pela dor da saudade, há dias mandou-me uma fotografia por ele tirada na margem esquerda do tão cantado Mondego bem perto do lugar onde jazem alguns dos meus familiares.
A foto é da pose anfiteatral da nossa bela cidade. Mas que bonita continua iluminada por meigos raio de luz poente, o sol de Portugal!
Quem poderá imaginar que dentro daquele casario um cancro de incompetência governamental lhe rói as fundações e a expõe à ameaça de ruir? Que julgamento terão um dia tão fracos políticos, escarros de tuberculose e sangrentos de corrupção?
Que diriam os meus avós se cá voltassem? Que dirão os meus netos das minhas histórias de Coimbra? Apelo que se faça algo. Ou por mão Divina aconteça algo para que eles não digam que os contos do avô afinal eram da carochinha.
Um abraço esperançado e que lhe transmita força.
Álvaro José da Silva Pratas Leitão
Bradford – Ontário
Canadá
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