Texto escrito a quatro mãos.
Por Márcio Ramos e Luís Fernandes
A
meu ver, Coimbra tem vários problemas que ninguém quer resolver. Passo a
exemplificar:
A
cidade tem vários ramos de polícias: a PSP, a GNR e a Polícia Municipal. A
Polícia Municipal, basicamente, existe só para passar multas e verificar
se metemos moedas no parquímetro e o papel no carro –embora, saliento, neste
aspecto já foi muito pior para o citadino. Hoje, para uns bom método e para
outros pessimamente quando não lhes toca, impera um low profile que nunca se viu.
Para
mim, a Polícia de Segurança Pública (PSP) é o corpo policial mais
representativo da cidade, mas há falhas a apontar.
Há
uns anos gastaram-se uns milhares de euros em equipamentos para videovigilância
na Baixa. Embora não tenha conhecimento, tenho para mim que esta aplicação
nunca operou com eficácia. Hoje nem sei se ainda funciona e se, de facto,
estamos ainda a ser monitorizados.
Temos
ao lado da Câmara Municipal uma esquadra de polícia. Embora velhinha, os
agentes que lá permanecem dão o seu melhor para proteger pessoas e bens no
Centro Histórico. No entanto, como diz o povo, não há maus exércitos, há maus
generais. Quero dizer que, pela obsessão pela poupança, sobretudo durante a
noite, quer nas ruas estreitas ou largas, não se vê, nem sente, policiamento. Para
tranquilidade securitária, deveria haver mais aproximação entre o agente da
autoridade e o cidadão. No mínimo, e na impossibilidade de manter agentes, para
compensar, dever-se-ia voltar aos antigos guardas-nocturnos, embora armados.
No
fundo, de grosso modo, esta deserção policial contribui para a desertificação
nocturna da Baixa. É a eterna questão da pescadinha de rabo-na-boca: por um
lado, as pessoas não vêm porque se sentem inseguras –e os investidores não
apostam em bares. Por outro, como não há pessoas –e sem movida-, a polícia
sente-se legitimada para não fazer patrulhamento. O resultado desta equação é
uma zona cada vez mais envelhecida, vazia de pessoas e de animação, e entregue
a si mesma. É certo que de Novembro a Abril é a pior época, é o atravessar o
deserto. Nos restantes meses, de Primavera, Verão e Outono, não se nota o esgotamento
da solidão e tristeza da zona.
Por outro lado, e a somar, temos
também uma iluminação despiciente. Há ruas estreitas, becos e ruelas que até dá
medo penetrar na sua semi-escuridão. Os seus candeeiros, velhos e sujos, dão
uma imagem terceiro-mundista. Para pior exemplo, basta lembrar a Rua Direita,
com aqueles escombros a céu-aberto e prédios decrépitos, haverá alguém que ouse
entrar nela durante a noite?
Com
edifícios devolutos e a cair de abandono como querem habitantes a contribuir
para o seu desenvolvimento? Se o coração da cidade está doente como se almeja
uma cidade melhor?
Depois há o vandalismo constante e que
enerva o mais pacífico cidadão. Qualquer energúmeno faz o que lhe apetece. Há
dias, durante a noite, foi um grande bloco de pedra mandado ao rebolão pelos degraus
das Escadas Monumentais. Teriam de ser vários estupores a fazer aquilo.
Ouviu-se ou leu-se alguma iniciativa no sentido de deter aqueles filhos de mãe
ausente e pai desconhecido? Nada! A resposta é o habitual a jusante: ou fica
destruído (como é o caso do Jardim da Sereia) ou lá vão operários fazer a
reparação à custa do erário público. Nos danos particulares, como foi o caso recente
da Rua de Aveiro, cada um sofre pelo ter.
A
impunidade nesta cidade de estudantes brada aos infernos. Porque é que o
executivo municipal parece não ver o que se passa?
1 comentário:
Exmo. Sr. A falta de Guardas-Nocturnos nas ruas apenas se prende por falta de vontade politica, mas V.Exas poderão enquanto cidadãos solicitar a criação do serviço na cidade de Coimbra. Onde existem Guardas-Nocturnos os resultados são positivos.
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