quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

QUANDO A QUALIDADE É ÚNICA RESULTA EM DESEJO OBSESSIVO




Esta noite, a horas indeterminadas, alguém desejoso de ser o primeiro a provar os enchidos, os bons queijos e outros artigos de elevada qualidade do “Talho do Machado”, na Rua das Padeiras, rebentou com a porta e abotoou-se com o que estava mais à mão. Não se sabe nada acerca da identidade do(s) intruso(s). Pode especular-se, sei lá, que fosse um homem que tivesse a mulher grávida, de esperanças, e que esta, num desejo obsessivo daqueles que não se pode negar, ordenasse ao comparte: “ai, Alfredo! Apetece-me tanto, mas tanto, comer o chouriço do Fernando Pratas!”. E, a ser assim, que pobre alma masculina resiste a satisfazer a companheira?
Seja por isso ou não, a verdade é que o melhor açougue da cidade e arredores provoca nos seus clientes um desejo incontrolável –penso que não é só no género feminino- e poucos aguentam em não voltar uma , duas três e quatro vezes e antes que tudo esgote neste talho tradicional onde tudo se corta, desde a carne do animal até à casaca do vizinho. Daí perceber-se que na última década já tenha sofrido cinco intrusões do mesmo género.
Segundo Fernando Pratas, um dos sócios do estabelecimento, “desta vez para além do meu chouriço, que é do melhor, também me levaram uns queijos e uma embalagem de leite achocolatado. Para além dos géneros alimentícios, quase de certeza para me confundir, levaram também cerca de cem euros em trocos, que eram de uns prémiozitos do Euromilhões. Mais que certo para me obrigarem a trabalhar mais. Uns queridos! Só querem mesmo o meu bem!”

Sem comentários: