Esta noite, a horas indeterminadas, alguém
desejoso de ser o primeiro a provar os enchidos, os bons queijos e outros
artigos de elevada qualidade do “Talho do
Machado”, na Rua das Padeiras, rebentou com a porta e abotoou-se com o que
estava mais à mão. Não se sabe nada acerca da identidade do(s) intruso(s). Pode
especular-se, sei lá, que fosse um homem que tivesse a mulher
grávida, de esperanças, e que esta, num desejo obsessivo daqueles que não se pode
negar, ordenasse ao comparte: “ai,
Alfredo! Apetece-me tanto, mas tanto, comer o chouriço do Fernando Pratas!”. E,
a ser assim, que pobre alma masculina resiste a satisfazer a companheira?
Seja por isso ou não, a verdade é que o melhor açougue da cidade e arredores provoca nos seus clientes um desejo incontrolável –penso
que não é só no género feminino- e poucos aguentam em não voltar uma , duas três e
quatro vezes e antes que tudo esgote neste talho tradicional onde tudo se
corta, desde a carne do animal até à casaca do vizinho. Daí perceber-se que na
última década já tenha sofrido cinco intrusões do mesmo género.
Segundo Fernando Pratas, um dos sócios do
estabelecimento, “desta vez para além do
meu chouriço, que é do melhor, também me levaram uns queijos e uma embalagem de
leite achocolatado. Para além dos géneros alimentícios, quase de certeza para
me confundir, levaram também cerca de cem euros em trocos, que eram de uns
prémiozitos do Euromilhões. Mais que certo para me obrigarem a trabalhar mais. Uns
queridos! Só querem mesmo o meu bem!”
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