sábado, 27 de fevereiro de 2016

A APBC REUNIU E CHOVEU NO MOLHADO(2)





Conforme contei em apontamento anterior, à solicitação da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, “com o intuito de ouvir a opinião dos comerciantes da Baixa de Coimbra quanto aos aspectos que têm vindo a influenciar negativamente o comércio desta zona,  nomeadamente na última época natalícia, bem como ouvir as suas  sugestões para  melhorar a actividade comercial”, compareceram cerca três dezenas de comerciantes.
Com o Alfredo Borges, da Adega Paço do Conde, a interpelar com acutilância o presidente da agência, Vitor Marques, a sessão prometia ser tudo menos de bocejo. Ali respirava-se vida e parecia saber o que se queria e até vontade de colocar a boca no trombone. Como sempre, nas sessões realizadas ao longo da última década, o saco das pancadas era a autarquia –que, mais que certo por não ter funcionário disponível a levar com tanta frustração junta, nunca disponibiliza ninguém para ouvir e esclarecer.
Enquanto o Alfredo atirava uma lança contra a falta de comparência dos colegas hoteleiros já o Vitor Marques relançava: “e qual foi a facturação do Natal? Eu gostava de ouvir o que falhou em Dezembro!”
Mas, numa falta de respeito institucional, ninguém queria saber do passado. Cada um, à sua maneira, queria direcionar as suas farpas para justificar a impotência de pouco se poder fazer para alterar um estado caótico que, em crescendo, já vem de longe. Começou a Conceição Braz, da loja Rapaz-Maria, “a Polícia Municipal é uma constante a multar na Baixa. É uma vergonha! As pessoas assim vão para os centros comerciais! Por outro lado, algumas pessoas, comerciantes, não se modernizam!”
À provocação da “São”, respondeu Aguinalda (Guida), do Café Sofia: “eu não tenho dinheiro para trocar uma cadeira!”
Prossegue a Conceição: “há muitos lojistas que optam por desligar as luzes das montras. Tudo isto desvaloriza a Baixa!”.
Respondeu novamente Aguinalda: “cada um sabe da sua vida! Se a gente puser um vaso em frente à porta, na rua, temos de pagar 22 euros à Câmara. É tudo a pagar! Se eu não tiver cuidado nas despesas não pago a renda!”

A ETERNA QUESTÃO DO ESTACIONAMENTO

Anteriormente António Madeira, dono do Hotel Oslo, tinha-se queixado da falta de adesão dos comerciantes às senhas dadas aos clientes para estacionamento gratuito num dos seus parques. A este tema respondeu o Joaquim, da ourivesaria Safira, na Rua das Padeiras: “Sobre esta questão do estacionamento… Eu faço um desconto de cinco euros na minha loja. No entanto, mesmo assim, o cliente não quer pagar o parqueamento!”

CHORAR SOBRE O LEITE DERRAMADO

Com grande incisão atira Aguinalda: “O que é que as pessoas vêm comprar às lojas da Baixa? Tantos ramos de comércio que desapareceram! E brinquedos para as crianças? Não há! O Continente na Baixa é muito mau! Porque deixaram abrir na Baixa? Eles vendem lá tudo o que nós aqui vendemos!”
A esta questão levantada pela Guida, do Café Sofia, respondeu o presidente da APBC: “eu não vejo as coisas assim! A loja Continente, naquele local, dá resposta a uma zona que estava morta e agora está revitalizada.”

QUE FUTURO PARA A BAIXA?

Manuel Mendes, com estabelecimentos na Praça do Comércio e o decano dos comerciantes –creio que o mais idoso e ainda à frente do seu negócio- colocou o dedo na ferida: “eu quero saber do futuro e pouco do passado. O passado morreu. É passado! A agência tem de se virar para o futuro. A Baixa não tem residentes! Temos de contrariar isto! É preciso tornar os prédios acessíveis à habitação! Há ruas que não têm luz, não têm cor. Estão mortas! O comércio da Baixa, contrariamente ao que se diz, é o comércio e a hotelaria juntos. A parte social cabe à Câmara! A Baixa tem de ser estudada por arquitectos!”
Respondeu Marques: “Estamos a estudar casos de sucesso, sobretudo no estrangeiro.”
Atira Alfredo Borges: “Temos de trabalhar para o próximo Natal. Já!”

O PROBLEMA DAS RENDAS EXAGERADAS

“Os senhorios preferem ter os prédios fechados do que praticar rendas acessíveis para facilitar a vida às pessoas”, interrompeu a Diana Oliveira, uma ex-funcionária e que brevemente vai lançar-se às lides empresariais. "Pode fazer-se tanta coisa para melhorar! Podiam fazer-se circuitos, como nas pastelarias! Constrange-me verificar esta falta de união entre os comerciantes. As pessoas não se movem. Podiam fazer-se parcerias. Coisas simples, que funcionavam se houvesse disponibilidade. Deveria fazer-se isto e muito mais! A APBC deveria servir de intermediária.”

MAS E O NATAL? COMO CORREU?

Contra a corrente, Vitor Marques insistia e queria saber o que falhou nas vendas de Dezembro mas os presentes continuavam a divagar.  Prossegue Marques: “As facturações foram muito abaixo no Natal. Por isso estamos aqui. Vamos elencar tudo. A Câmara deve ser encostada à parede. A autarquia tem de agir! A comunicação social é muito importante para elevar os nossos queixumes e chegar à Câmara!”
À convocação oratória respondeu Rui Carvalho, da sapataria Bull’s, na Rua da Louça: “Este último Natal parecia os anos de 1980. Não se passou nada e isso afastou as pessoas da Baixa! Na Câmara não existe democracia!”

(ARTIGO EM CONTINUAÇÃO)

"A APBC REUNIU E CHOVEU NO MOLHADO (3)"

1 comentário:

Paulo Dinis disse...

Muito Boa tarde.
Meu nome é Paulo Dinis e sou presidente da A.C.M.C. que tem como objetivo principal a dinamização e divulgação de um dos maiores espaços comerciais da baixa de Coimbra que é o Mercado Municipal de Coimbra D.Pedro V.Já tive o prazer de conhecer e conversar com o Sr Vitor Marques.
Dá -me agora algum gozo ler este tipo de noticias e ver tanta preocupação agora quando numa dessas conversas que eu tive alertei para o facto de isto se ir passar. Estou em crer que com este tipo de politica o pior ainda está para vir, ora pensem um pouco comigo e digam-me se eu estou errado. deixaram-se abrir grandes superfícies em toda a periferia da cidade seja na zona norte , santa clara ou zona sul com bons estacionamentos á borla e deixaram-se ampliar outros que já estavam instalados como supermercados . No centro da cidade deixaram fechar lojas ancoras que chamavam gente a baixa de Coimbra como por exemplo a Zara, Capicua,Breskia,Romeu etc , etc. agora pergunto eu se quiser comprar nessas casa aonde me tenho de dirigir? Forum ou Dolce vita certo. Deixou-se fechar o posto Médico da Avenida Sá da Bandeira para obras e nunca mais abriu , fecharam os correios do mercado mais uma machadada na fragil baixa de Coimbra. Agora estão a decorrer obras no terreiro da erva para sitio ficar mais bonito mas mais uma vez pergunto eu . Ora esse espaço tinha cerca de 400 lugares de estacionamento ou seja se cada carro pelo menos uma pessoa traz serão pelo menos menos 400 pessoas a circular na baixa de Coimbra então qual sera a alternativa para esses estacionamentos? Mais uma vez fico admirado o Sr Presidente da APBC defender a vinda do continente para a baixa de Coimbra. Será que ele ou qualquer café ou restaurante consegue vender um café e uma nata por 1€ ou vender uma refeição por 2.95€? É que se conseguem tem andado a enganar todos nós durante estes anos todos e estão cheios de dinheiro. Não me digam que a autarquia não tem culpa porque é mentira , cabe a esta fazer de tudo para que o comercio se enraíze na baixa de coimbra e não se desloque para os grandes centros comerciais, Cabe a autarquias não licenciar tudo o que seja grande superficies em excesso na periferia da cidade par que as pessoas se desloquem para a baixa para efetuarem as suas compras , cabe a autarquia arranjar estacionamentos ou meios para as pessoas se deslocarem para os centros da cidade , tomem exemplos das cidade por exemplo de Viseu , Leiria que neste ultimos anos tem-se desenvolivido enquanto a cidade de Coimbra regrediu ai uns 20 anos. Eu numa dessas conversas disse ao sr.Vitor Marques que as nossas associação não deveriam servir para fazer festa enquanto nos lixavam por traz, mas sim para lutar pelo nosso futuro e pelo futuro daquilo que representamos. A baixa só vai voltar a funcionar quando forem dados incentivos para certas lojas ancoras voltarem para a baixa , lojas que tragam pessoas a baixa, quando houver facilidade de estacionamento e quando houver facilidade para as pessoas poderem arrendarem as suas casa de habitação no centro da cidade , depois ai sim acredito que Coimbra volte a renascer