A notícia no Diário de Coimbra com o título “Mealhada inicia debate para mudar para o
distrito de Coimbra” chamou-me a atenção. Eu sou natural dos arrabaldes da
capital do leitão. Ora aqui estava um
assunto que me interessava ouvir debater e foi por isto mesmo que me desloquei
e estive presente na Assembleia Municipal do passado dia 28.
Realizada no auditório da Escola Profissional
Vasconcelos Lebre, a reunião teve início à hora agendada, cerca das 20h30. Depois
do primeiro ponto, referente ao público, seguiram-se outros, incluindo o orçamento,
e até às 23h45 em que o representante da bancada do Partido Socialista (PS) defendeu
a proposta de mudar o distrito para Coimbra. Alegando a proximidade geográfica
-vinte quilómetros de Coimbra e 50 de Aveiro-, o porta-voz do PS invocou os
benefícios para os munícipes, alguns deles já em prática como o abastecimento
de água, recolha de lixo, frequência do ensino universitário e recorrência ao
Centro Hospitalar.
Na réplica, a coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada” –que agrega o Partido Social
Democrata, o Partido Popular, o Movimento Partido da Terra e o Partido Popular
Monárquico- arguiu que a alteração do mapa administrativo era matéria
fundamental e da competência exclusiva da Assembleia da República e não da
Assembleia Municipal. Disse também que esta alteração não estava contemplada
nas propostas eleitorais do PS, aquando das últimas eleições. “É uma traição ao programa do PS e que foi
sufragado pelos eleitores”. Para além disso, “estávamos à espera que houvesse grandes vantagens e afinal tudo o que
se abona já temos. Esta proposta é mais emocional do que racional”, sustentou
o representante da coligação.
O Partido Comunista também estava contra esta moção
apresentada.
Aparentemente sem bandeira branca à vista e já
com a noite a entrar na madrugada foi então que um outro membro da coligação
lançou a proposição de concórdia, paz e o amor: “quanto a mim, estou interessado em discutir este assunto com o PS. Da
discussão nasce a luz. É um tema que precisa de ser debatido sem questões
emocionais”.
A proposta de aprovação de dois
pontos, tendo por objecto a tramitação e a criação de um grupo de trabalho com deputados
de todas as bancadas, foi abençoda por maioria, com o PCP a abster-se a fazer
declaração de voto. E assim se chegou até próximo das duas da matina.
Em juízo de valor, dá para perceber que depois
da apressada agregação das freguesias, da chamada Lei Relvas, está na altura de se iniciar a discussão que vise uma
verdadeira reforma dos municípios e nisto, sem dúvida, a Mealhada vai à frente.
O FOLHETIM DA EX-VICE
Filomena Pinheiro esteve ao serviço da Câmara
Municipal da Mealhada durante vinte anos. Pelo que julgo saber, meia dúzia com
assento na Assembleia Municipal e os restantes no executivo como vereadora e vice
de Carlos Cabral e até às últimas eleições autárquicas realizadas em 29 de
Setembro, de 2013. Depois de cessar funções políticas foi impedida de voltar
para o cargo que exercia na Escola Profissional Vasconcelos Lebre (EPVL). Tendo
o caso sido arrastado para o Tribunal de Trabalho de Coimbra, segundo os jornais
deste Outubro, acabou por haver acordo entre as partes e com a obrigação da
EPVL pagar 35 mil euros à sua antiga funcionária.
Mesmo que para um povo sem memória o passado sem
mácula da ex-edil contasse pouco, depois desta concordância tudo deveria
indicar que o respeito e o silêncio entre as partes deveria ser a norma. Ora, na
discussão sobre o ajuste e nesta última Assembleia Municipal, por parte do
actual presidente da edilidade mealhadense, Rui Marqueiro, a recorrência a “documentos forjados”, implicitamente a
recair na visada, caiu muito mal. De tal modo que até a oposição questionou
brandamente: “se havia matéria, porque
não a enviou ao Ministério Público?”
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