segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

MEALHADA A FORÇAR UMA VERDADEIRA REFORMA ADMINISTRATIVA



A notícia no Diário de Coimbra com o título “Mealhada inicia debate para mudar para o distrito de Coimbra” chamou-me a atenção. Eu sou natural dos arrabaldes da capital do leitão. Ora aqui estava um assunto que me interessava ouvir debater e foi por isto mesmo que me desloquei e estive presente na Assembleia Municipal do passado dia 28.
Realizada no auditório da Escola Profissional Vasconcelos Lebre, a reunião teve início à hora agendada, cerca das 20h30. Depois do primeiro ponto, referente ao público, seguiram-se outros, incluindo o orçamento, e até às 23h45 em que o representante da bancada do Partido Socialista (PS) defendeu a proposta de mudar o distrito para Coimbra. Alegando a proximidade geográfica -vinte quilómetros de Coimbra e 50 de Aveiro-, o porta-voz do PS  invocou os benefícios para os munícipes, alguns deles já em prática como o abastecimento de água, recolha de lixo, frequência do ensino universitário e recorrência ao Centro Hospitalar.
Na réplica, a coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada” –que agrega o Partido Social Democrata, o Partido Popular, o Movimento Partido da Terra e o Partido Popular Monárquico- arguiu que a alteração do mapa administrativo era matéria fundamental e da competência exclusiva da Assembleia da República e não da Assembleia Municipal. Disse também que esta alteração não estava contemplada nas propostas eleitorais do PS, aquando das últimas eleições. “É uma traição ao programa do PS e que foi sufragado pelos eleitores”. Para além disso, “estávamos à espera que houvesse grandes vantagens e afinal tudo o que se abona já temos. Esta proposta é mais emocional do que racional”, sustentou o representante da coligação.
O Partido Comunista também estava contra esta moção apresentada.
Aparentemente sem bandeira branca à vista e já com a noite a entrar na madrugada foi então que um outro membro da coligação lançou a proposição de concórdia, paz e o amor: “quanto a mim, estou interessado em discutir este assunto com o PS. Da discussão nasce a luz. É um tema que precisa de ser debatido sem questões emocionais”.
A proposta de aprovação de dois pontos, tendo por objecto a tramitação e a criação de um grupo de trabalho com deputados de todas as bancadas, foi abençoda por maioria, com o PCP a abster-se a fazer declaração de voto. E assim se chegou até próximo das duas da matina.
Em juízo de valor, dá para perceber que depois da apressada agregação das freguesias, da chamada Lei Relvas, está na altura de se iniciar a discussão que vise uma verdadeira reforma dos municípios e nisto, sem dúvida, a Mealhada vai à frente.

O FOLHETIM DA EX-VICE

Filomena Pinheiro esteve ao serviço da Câmara Municipal da Mealhada durante vinte anos. Pelo que julgo saber, meia dúzia com assento na Assembleia Municipal e os restantes no executivo como vereadora e vice de Carlos Cabral e até às últimas eleições autárquicas realizadas em 29 de Setembro, de 2013. Depois de cessar funções políticas foi impedida de voltar para o cargo que exercia na Escola Profissional Vasconcelos Lebre (EPVL). Tendo o caso sido arrastado para  o Tribunal de Trabalho de Coimbra, segundo os jornais deste Outubro, acabou por haver acordo entre as partes e com a obrigação da EPVL pagar 35 mil euros à sua antiga funcionária.
Mesmo que para um povo sem memória o passado sem mácula da ex-edil contasse pouco, depois desta concordância tudo deveria indicar que o respeito e o silêncio entre as partes deveria ser a norma. Ora, na discussão sobre o ajuste e nesta última Assembleia Municipal, por parte do actual presidente da edilidade mealhadense, Rui Marqueiro, a recorrência a “documentos forjados”, implicitamente a recair na visada, caiu muito mal. De tal modo que até a oposição questionou brandamente: “se havia matéria, porque não a enviou ao Ministério Público?”

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