(Imagem da Web)
Há cerca de um ano o meu amigo, num terno
abraço e encostado no meu ombro, chorou como só quem sofre um rasgão na alma
pode lacrimejar assim. Com meio século levou a maior bofetada que um pai pode
apanhar do destino: o seu filho único, com pouco mais de 20 anos, na flor da
primavera vital, acabara de se suicidar. Que pai e mãe pode aguentar uma
tragédia assim na sua própria casa de família? Quando toda a luz existencial dos
pais estava projectada naquele jovem aparentemente cheio de felicidade, como
entender um acto derradeiro nunca até aí anunciado? Como aceitar que o seu menino, a maior estrela dos seus olhos, bom aluno e a finalizar o curso
universitário, a namorar como qualquer jovem da sua idade acabara de pôr termo
à vida? Mas a Natureza, ou Deus para quem acreditar, fecha uma porta e abre uma
janela. Agora com 50 anos, a esposa triste, solitária, desgostosa com a
bofetada do acaso, que eu vi há um ano atrás, hoje é uma mulher feliz: vai ser
mãe de gémeos. Depois de uma inseminação artificial bem-sucedida, dentro de
pouco tempo vai sentir nos seus braços a razão do seu viver. Só pode mesmo ser
um milagre de Natal!
1 comentário:
Amigo:
Hoje, amigavelmente discordo da leitura que faz, não ao inevitável da vida que são os subitâneos bons, maus e terríveis eventos que mais tarde ou mais cedo a todos atinge, nesta lotaria em que não escolhemos números favoritos ou necessitamos de comprar cautela, mas sim pelo facto de chamar milagre à ciência que hoje, para nosso bem ou mal, nos permite criar o que em biliões de anos e até à uma geração atrás só ao Criador era possível.
Milagre foi a coragem com que esta senhora resolveu continuar o seu trajecto terreno, não por uma estreita, negra viela em nojo continuo, como por nós sarcásticos humanos era esperado, mas sim por uma estrada soalheira, de esperança, de valor e auto-estima .
Só porque chegou a noite não quer dizer que o sol se apagou...
Um abraço ao meu amigo e se até lá não "blogarmos" um Bom Natal e um próspero ano novo cheio de letras, pontos e vírgulas .
Álvaro José da Silva Pratas Leitão
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