Faltam quatro dias para o Natal. Para a maioria
de comerciantes com quem tenho falado é uma época para esquecer, comparando com
o ano anterior e apenas para relativizar já que desde há uma década que o
negócio tem vindo a baixar drasticamente. Como animal que, pelas mudanças de
ambiente na natureza, é obrigado a adaptar-se às circunstâncias, o comerciante,
sempre a encolher-se é cada vez mais um sitiado encostado na parede e que já não
pode recuar mais. Desde a publicidade até comunicações e hábitos, já cortou
onde podia e por isso mesmo olha para o Céu em busca de uma estrela brilhante
que lhe indique o caminho e lhe dê esperança para um Ano Novo que, tal como os
impostos, está prestes a entrar sem pedir licença e a fazer parte da sua vida atribulada de preocupação.
Durante a semana vê-se a Baixa muito
despovoada de pessoas nas ruas e os estabelecimentos, com patrões e empregados
de braços cruzados à espera de quem não prometeu vir, disso mesmo dão conta.
Hoje é Sábado e as artérias desta zona velha estão movimentadas com transeuntes. Durante a manhã esteve animada, com a actuação dos
Dixie Gringos e uma feira de
Artesanato Urbano a decorrer entre a esplanada do Café Santa Cruz e as Ruas
Visconde da Luz e Ferreira Borges –na minha avaliação, a intencional vontade
camarária de deixar livre a Praça 8 de Maio resultou muito bem e trouxe alguma
dignidade a este vetusto largo em frente ao Panteão Nacional.
Mas o pleno, a invasão de gentes de todos os
quadrantes e vindas não se sabe de onde, foi mesmo durante a tarde. Praticamente com todas as lojas de comércio abertas ao público foi um
encanto sentir esta área de antanho a reviver tempos idos de saudade e a vibrar
de emoção. Em complemento, a contribuir para a vinda de uma parte da cidade fugida que, como caracol a esticar da concha e a espreitar o Sol, aos poucos está redescobrindo uma zona
de encantar, foi também o espectáculo das “montras vivas”, em que em muitas vitrinas de vários estabelecimentos estiveram
manequins de carne e osso. A verdade é que este evento, pela diferença para
melhor, veio dar um outro colorido e alegria a esta parte histórica. Portanto, estão
de parabéns a APBC, a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e a Câmara
Municipal de Coimbra, parceiros neste projecto “Natal Baixa de Coimbra 2014”.
Com um orçamento racional, sem exageros e envolvendo várias entidades, estão a fazer-se
coisas interessantes.
Se é certo que muita parra não é sinónimo de
muita uva, mesmo em meio silogismo há sempre algo de verdade: havendo gente há
sempre negócio para os lojistas em geral. Creio por isto mesmo que todos, mas
todos, ficamos mais contentes e a ganhar, quer quem veio de novo em visita sentiu
um terno reconforto com o que viu e levou para casa uma enorme vontade de
voltar, quer quem por cá tenta ganhar a vida e experimentou uma nova esperança, mais viva e reforçada.
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