Durante os últimos três anos o Vitor Costa foi
um carismático personagem da Baixa de Coimbra. À quinta-feira a vender o Campeão das Províncias e à sexta a
levar a todos, personalizadamente, O
Despertar, o Costa era já por direito próprio, conquistado a pulso pela sua
forma simples de ser, um ícone desta zona velha. Não alcançou este estatuto
somente por ter sido o primeiro a fazer renascer a velha profissão de ardina, também
mas nada disso. Por detrás do ofício está o homem, um homem despretensioso,
generoso por vezes, até quando a luta pela sobrevivência o permite ser. E o
Vitor é assim mesmo.
A maioria de nós apreende apenas o que os olhos vêem. Tantas vezes, pegamos num livro, que nos chama a atenção, unicamente pela capa bem construída e luzidia, pelo título original ou pelo nome do feitor nosso conhecido e badalado nas colunas sociais. Em contraste absoluto, deixamos um outro de encadernação simples de cartão, obra de escritor desconhecido e edição de autor. No entanto, se tivermos a sorte de folhear o segundo, não será de admirar se a sua leitura suplantar em muito e nos abrir outras fronteiras que o primeiro, o do consagrado pelos holofotes, nem de longe conseguiu. Somos animais inteligentes que reagem, facilmente e de sobremaneira, aos estímulos e acreditam facilmente no que apenas os olhos passam ao cérebro. Em analogia, daí o êxito da publicidade, sabendo todos que nos transmite umas ideias erróneas tomamo-la como verdadeira. Para além disso somos seres de hábitos, de rotinas, e miméticos, de imitação graciosa. Se o nosso vizinho crê que determinado produto é bom, logo, é meio caminho andado para também acreditarmos que o é. Ou seja, facilmente aceitamos os modelos –tantas vezes medíocres e destruidores de valores positivos e necessários à sociedade- e os estereótipos como verdadeiros sem questionarmos a sua experimentação e fundamentação.
A maioria de nós apreende apenas o que os olhos vêem. Tantas vezes, pegamos num livro, que nos chama a atenção, unicamente pela capa bem construída e luzidia, pelo título original ou pelo nome do feitor nosso conhecido e badalado nas colunas sociais. Em contraste absoluto, deixamos um outro de encadernação simples de cartão, obra de escritor desconhecido e edição de autor. No entanto, se tivermos a sorte de folhear o segundo, não será de admirar se a sua leitura suplantar em muito e nos abrir outras fronteiras que o primeiro, o do consagrado pelos holofotes, nem de longe conseguiu. Somos animais inteligentes que reagem, facilmente e de sobremaneira, aos estímulos e acreditam facilmente no que apenas os olhos passam ao cérebro. Em analogia, daí o êxito da publicidade, sabendo todos que nos transmite umas ideias erróneas tomamo-la como verdadeira. Para além disso somos seres de hábitos, de rotinas, e miméticos, de imitação graciosa. Se o nosso vizinho crê que determinado produto é bom, logo, é meio caminho andado para também acreditarmos que o é. Ou seja, facilmente aceitamos os modelos –tantas vezes medíocres e destruidores de valores positivos e necessários à sociedade- e os estereótipos como verdadeiros sem questionarmos a sua experimentação e fundamentação.
E o caso do Vitor é bem o paradigma de tudo o
que mostrei em cima. Para muitos que lhe adquiriam os jornais, tomavam a sua
imagem como um todo, um produto acabado. Um ardina, um vendedor de jornais, sob
um ponto de vista restritivo e discriminador, se faz o que ninguém mais quer, não
pode ser mais nada do que o que faz. Isto é, a profissão desempenhada é uma
espécie de extensão do homem, o seu cartão de identidade, e valerá mais ou
menos consoante seja ou não classificada pela comunidade.
Ora o Costa, a morar na zona da Lousã e
divorciado, que já fez de tudo nesta sua vida de meio século, é um artesão de
excelência e um bom pintor de telas e aguarelas. Quantos sabiam disto?
Naturalmente poucos. Mas a notícia que me levou a escrever esta crónica foi
outra: o Vitor Costa está, há cerca de um mês no Brasil. Através da Internet,
começou a namorar com uma brasileira há meses e, para meu gáudio e contentamento –que,
preso aos meus lugares-comuns, tantas vezes o adverti: cuidado! Muito cuidado com as brasileiras!- está muito bem. Quase
sem palavras, onde a felicidade parecia querer saltar, telefonou-me há pouco a desejar
bom Natal e a dizer que está com o coração a transbordar de alegria e muito
feliz. Que história contada assim não gostaria de ter um final tão profícuo?
Segundo, as suas palavras, em Fevereiro voltará para arrumar aqui a sua vida e
regressará de vez ao país descoberto por Cabral e onde o Cristo Rei abre os
braços aos portugueses.
A cidade e a Baixa, pelos vistos, perderam um bom ardina e um
grande embaixador de um tempo de memória mas não se desperdiçou o amigo. Ficará
para sempre na nossa recordação. Muita ventura é o nosso desejo, Vitor Costa. Ficamos todos a
torcer para que esse grande amor dê certo. És um bom homem e mereces tudo o que a sorte te
possa retribuir em função da tua humildade, meu amigo. Feliz Natal!
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