segunda-feira, 24 de setembro de 2018

UM COMENTÁRIO RECEBIDO E UMA RESPOSTA...






Deve pensar que é a última bolacha do pacote, se o incomoda, exija condições, não critique. Agora se o racismo lhe está a subir à pele, já é feio da sua parte.






RESPOSTA DO EDITOR


Começo por lhe agradecer o comentário. Agradeço-lhe também que não contamine a discussão, manipulando o seu objecto, com frases como “agora se o racismo lhe está a subir à pele, já é feio da sua parte.
Relembro-lhe que a venda ambulante, em Coimbra, não é apenas composta por vendedores de etnia cigana, há pessoas (ou houve, porque a maioria desistiu) de várias origens.
Como ressalva, gostava de lhe dizer que, contrariamente ao que parece aflorar, estamos do mesmo lado da barricada, ou seja, escrevendo por mim, procuramos uma solução digna para um problema que exige respeitabilidade para um sector que precisa urgentemente de ser disciplinado com regras. O deixa-andar, num incomodativo deixa-correr por parte de quem manda, é querer provocar o conflito e a guerra entre os estabelecidos e os precários. Uns e outros, sem qualquer supremacia, merecem respeito.
Continuando, no referente à sua expressão “se o incomoda, exija condições, não critique”, claro que me incomoda ver o estado deprimente a que chegaram os espaços dedicados à venda ambulante (fixa). Por isso mesmo, perante várias alterações do Regulamento do sector que redundam sempre em faz-de-conta, em operações de cosmética, em mentiras indecentes, tenho vindo a denunciar a forma despudorada como se faz pouco de quem tenta ganhar a vida honestamente, a quem chamo os vendedores da esperança perdida. O objectivo desta não-acção é, claramente, o extermínio de uma profissão que sempre foi e deve continuar a ser respeitada.
Há cerca de vinte anos que escrevo sobre o procedimento do poder político local eleito para com os vendedores ambulantes. Perante a apatia de entidades responsáveis, este tratamento indecoroso transforma a urbe em cidade do ridículo. E você? O que tem feito para alterar a situação? Tem feito alguma coisa? Ou a sua rebelião assenta só na premissa do racismo?
Fundei o blogue em 2007 e, como pode ler aqui, mais aqui, ali, e mais ali, e outra vez ali, e mais ali, e ali, e ainda aqui, e outra vez aqui, as minhas crónicas, na direcção de ser justo, vão sempre no sentido de se atribuir a cada um o que é de justiça. Claro que a um direito corresponde sempre uma obrigação. Quero dizer que quem vende na rua deve ser tratado com equidade,com regras iguais, sem falso paternalismo que não é mais do que uma discriminação disfarçada e aviltante.
Por parte dos executivos camarários, desde o início de 1970 e com maior acutilância no final do milénio, perseguem uma metodologia assente no “chutar” as pessoas de um lado para o outro como se fossem coisas – no último meio século, num raio de cinquenta metros no Bota-abaixo, junto à Loja do Cidadão, já mudaram os vendedores ciganos três vezes. É um processo que se alicerça no ostracismo, na exclusão, na indiferença que fere, no previsível cansaço dos operadores. Basta lembrar que na Praça do Comércio, no início de 2000, eram cerca de uma dúzia de pessoas. Hoje, só dois vendedores se mantêm em actividade.
Para derrota destes políticos da treta – e é um elogio sincero, não sendo a primeira vez que o manifesto – com os vendedores ciganos nunca conseguiram levar à sua rendição.
Para terminar, se permite a opinião, já que escreve bem e sabe expressar o que lhe vai na alma, junte a sua voz à minha e, juntos através da escrita, “pressionemos” o actual executivo para, concedendo espaços dignos e com direitos e obrigações, dar nobreza a quem comercializa na rua.





Miguel deixou um novo comentário na sua mensagem "COIMBRA, CAPITAL DA VENDA AMBULANTE COM ARTE, SEGU...":


Deixe lá a carta do racismo, essa já não cola em parte nenhuma e limite-se a agradecer os benefícios que os contribuintes dão a muitos "espertalhões" da sua etnia.

Cumprimentos

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