quarta-feira, 5 de setembro de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)





REFLEXÃO: O POPULISMO EM CADEIA


Foi no semanário Expresso deste último fim-de-semana que, numa longa entrevista, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, revelou que pretendia uma redução drástica do preço dos passes sociais na zona metropolitana. Ou seja, de cerca de 60 euros passariam para 40.
Para isto acontecer, defendia uma cabimentação em Orçamento Geral do Estado (OGE) em cerca de 60 milhões de euros. Como um erro é sempre acompanhado de um outro ou vários, veio logo a seguir o presidente da Junta Metropolitana do Porto defender o mesmo para a cidade invicta. Porque quando se trata de mamar à custa do Orçamento para conquistar votos todos querem um lugar na fila, logo o presidente da Câmara Municipal de Braga veio colocar o dedo na ferida: “não poderia haver qualquer tipo de discriminação entre os municípios portugueses”.
Em face de um previsível chumbo pelo Tribunal Constitucional, apressou-se o Governo a anunciar a medida a todo o país. Segundo declarações do ministro do Ambiente, previsivelmente, serão inscritos no OGE 60 milhões de euros para Lisboa, entre os 15 e os 20 milhões para o Porto e entre os 5 e 10 milhões para o restante todo nacional.
Ontem, o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Manuel Machado, presidente do agrupamento e, ex-aequo, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, apressou-se a apoiar a medida governamental com a seguinte declaração: Encaro como positivo. É uma leitura correta, dado que o Orçamento do Estado é fruto da coleta dos impostos de todos os cidadãos portugueses”.
Apenas para exemplificar, se levarmos em conta que, conforme foi publicado nos jornais locais, a população da área de Assafarge, a cinco quilómetros da cidade dos estudantes, a partir das 19h00 não pode contar com transportes colectivos, podemos aceitar as declarações de Manuel Machado como justas? Devemos ou não desvalorizar o frete ao seu partido? E, transversalmente ao país, onde cabe a defesa dos munícipes lesados pela política governamental de financiar por inteiro os transportes das duas únicas zonas metropolitanas de Lisboa e Porto?
A meses de duas importantes eleições, Europeias e Legislativas, vale tudo? Pelos vistos, vale mesmo! É o populismo em marcha!
Termino com uma citação de Albert Camus: “A política é constituída por homens sem ideias e sem grandeza.


ADEUSINHO MÊS DE AGOSTO




Lentamente, como caracol em folha de couve, o ano percorre o seu tempo. Como nevoeiro que se instala e depressa se evapora, o mês de Agosto chegou ao fim. Com o seu final anunciado foi-se um pouco de nós. É como se com ele fosse um pouco da nossa vida e o passado fosse mais passado. É certo que ao escrever isto estou a ser parcial, afinal comemoro o aniversário neste mês e talvez seja por isso que sinto a nostalgia, o sentimento da melancolia, ou talvez uma saudade de um marco que dura pouco e é tão marcante na minha existência.
É tão curto o mês de Agosto! É talvez a unidade de tempo mais desejada e, no entanto, como gelado que se come rapidamente em lambidelas de prazer, parece esvair-se por entre os dedos. Quase sem darmos por isso, à noite, verificamos que o pôr-do-sol se instala mais cedo e o crepúsculo poético, aquele prazer que nos invade em entrar pela agradável noite dentro, avisa que, até ao final do ano, vai ser cada vez mais rigoroso a cortar na luz solar.


SOPRAR VELAS COM MUITO FÔLEGO



Numa feliz e bonita iniciativa, na semana passada, um grupo de trabalhadoras da arte de comprar e vender surpreenderam o “velho lobo” do comércio, José Marques, com um bolo, duas velinhas e o cantar de parabéns. Sempre alheio a fotografias, talvez porque apanhado de surpresa e vindo de um grupo de senhoras lindíssimas, o companheiro das lides mercantis habituado a travar grandes batalhas, não resistiu à simpatia e charme feminino, e deixou-se focar pela objectiva em memória para a posteridade.


A ÚLTIMA VIAGEM

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Na semana passada, na A1, Auto-Estrada, na zona da Mealhada, num brutal acidente provocado pelo rebentamento de um pneu, para além de outras duas lamentáveis mortes, faleceu Jaime Cardoso.
O Jaime, mais conhecido entre nós por “Jaimito”, quando muito jovem trabalhou durante muitos anos na desaparecida sapataria Elegante, na Rua Visconde da Luz. Porque já foi há muito tempo, embora entre nós o conhecimento fosse breve, não é por esse facto que o Jaime, pela sua dedicação ao comércio da Baixa como valor maior, será esquecido e deixará de ser um de nós e para sempre recordado.
Pelo facto, na última viagem desta vida, como sempre é a nossa forma de estar e noticiar todos os que pertenceram a esta grande prole, que é o comércio tradicional, entendemos prestar esta curtíssima homenagem ao malogrado Jaime.
Em nome da Baixa, em nome de todos os profissionais da compra e venda, se posso escrever assim, à família enlutada, neste dia de sofrimento, as nossas sentidas condolências. Até sempre “Jaimito”!



Por doença prolongada, faleceu na semana passada Antenor Lopes Flórido. Mais conhecido entre nós, aqui pela Baixa, pelo sobrenome Flórido, o agora finado com 90 anos, pessoa recatada e um pouco reservada, foi sempre muito respeitado no Centro Histórico.
Homem dos sete ofícios e com o bichinho nos negócios, teve comparticipações em vários estabelecimentos. O último, e que manteve e mantém nas mãos do seu filho Rui, talvez a menina dos seus olhos, que curiosamente perpetua a analogia ao seu nome no feminino, foi o café Flórida, no Largo das Ameias. A par com oextinto café Angola, que, creio, chegou a ser também sócio, nas décadas de 1960/70/80/90, juntamente com a desaparecida Cristal, estes três estabelecimentos formavam um triunvirato no Largo das Ameias. Abriam às 6h00 da manhã para servir os milhares de passageiros que começavam a desaguar na Estação Nova ao raiar da aurora e que vinham trabalhar na cidade. Com o declínio da indústria e do comércio na cidade, os comboios a chegar ao centro da cidade foram sendo cada vez menos, os cafés foram acompanhando o mesmo trajecto e foram fechando para tristeza de todos nós. Com a mesma cadência de finitude das coisas, as pessoas seguem o mesmo destino como agora o nosso amigo Flórido.
À sua família enlutada, em nome de toda a Baixa comercial, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Até sempre, senhor Flórido.


É PRECISO VOTAR NO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

(Foto do jornal online Notícias de Coimbra)


Nesta última sexta-feira, nas instalações da Junta de Freguesia de Almedina, agora agregada em União de Freguesias de Coimbra (UFC), decorreu a apresentação pública pelos proponentes ao concurso do Orçamento Participativo promovido pela UFC.
Nesta primeira fase, foram escolhidos nove projectos, que estarão em votação presencial nas delegações das juntas de freguesia, Santa Cruz, São Bartolomeu, Almedina e Sé Nova, pelos fregueses recenseados nestas áreas de correspondência até ao final do mês. Salienta-se que pode consultar o horário aqui (Clique em cima).
Escusado será dizer que a sua participação, eleitor na União de freguesias de Coimbra, será essencial. Sem o seu voto na ideia que melhor julgar corresponder a uma maior cidadania participativa não será possível alcançar o mérito que todos os concursantes esperam. Não se acomode, vá lá! Faça o mínimo, que é escolher!


SILÊNCIO, QUE SE CANTOU MUITO BEM O FADO!






Na última quarta-feira, inserido na temática “Noites de Música no Coração da Cidade de Coimbra” e n’”A Rota das Tabernas”, numa realização conjunta entre a Câmara Municipal de Coimbra, Casa Municipal da Cultura, e a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, com jantar servido pelo restaurante Padaria Popular, assistiu-se a um memorável espectáculo de fado proporcionado por um fantástico grupo instrumental e voz.
Parabéns aos organizadores. Quando quiserem, com o mesmo meticuloso arranjo, façam o favor de repetir. A Baixa, com os seus residentes e amigos à cabeça, agradecem.

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