Os
detritos domésticos abandonados na via pública a qualquer hora do
dia em cidades de Norte a Sul do país é uma imagem recorrente que
passa nas televisões. Os queixumes por parte dos munícipes fazem
parte do quotidiano. O que fazem os políticos eleitos? Como corpo de
bombeiros a apagar fogos-postos por mão criminosa, anunciam mais
meios e novas medidas para debelar a calamidade. Só que tal como nos
incêndios, proporcionalmente, conforme se vão injectando mais meios
humanos e máquinas com custos elevadíssimos para o erário público,
progressivamente a desgraça aumenta de ano para ano.
Em
Coimbra, sobretudo desde há uma década para cá e independentemente
do partido que ocupe a cadeira do poder, o problema tem vindo a
agravar-se substancialmente. Já em fase de procura de solução no
impossível e seguindo uma moda nacional, largando a prata da casa
dos serviços municipalizados, primeiro abriram-se concursos
públicos e delegando a tarefa em empresas privadas. Claro que, como
é óbvio, nenhuma contratada resolvia e as queixas continuavam e
novamente outro concurso e nova prestadora de serviços vinha ocupar
o lugar da anterior… com os mesmos resultados de eficiência. O
leque de abrangência nos concursantes vai desde a ERSUC, até à
RECOLTE e acabando na SUMA.
Sem
recorrerem nunca à exigência de uma necessária sanção do
citadino prevaricador, que quase em provocação continua a manchar a
imagem de uma cidade e a dignidade de um povo, numa operação de
cosmética, este executivo socialista, há
cerca de um ano,
alterou o Regulamento
de Recolha e Transporte de Resíduos Urbanos e de Limpeza e Higiene
Públicas do Município de Coimbra e
aumentou a coima de 30 euros. Saberá vossa senhoria para quanto? Eu esclareço:
250
euros para singulares e 1250 euros para pessoas colectivas
(empresas).
Era
bom que Carlos Cidade, o vereador com o pelouro, viesse dizer quantas
coimas foram aplicadas desde da última
alteração.
Segundo
o que saiu no Diário de Coimbra, ontem, continuando no decalque do
velho expediente, vem agora o Executivo municipal anunciar que vai
revolucionar a recolha de resíduos até ao final do ano. E como?
Qual vai ser a metodologia revolucionária?
Um
novo contrato com a empresa SUMA, “que irá “libertar” os
serviços e permitir maior eficiência e eficácia.”
O
contrato para cinco anos aumenta em 15% a área dos serviços
externalizados, com a SUMA a ficar também com as áreas de Santa
clara e de São Martinho do Bispo, segundo o vice-presidente da
Câmara, passará a haver “um piquete de emergência “24horas/dia
e 365 dias por ano para situações urgentes e imprevistas, a lavagem
dos contentores será “três vezes ao ano” e passará a haver
“utilização de veículos de recolha movidos a gás comprimido”
com menos ruído e sem emissão de gases poluentes. O investimento
será de cinco milhões e 700 mil euros em cinco anos.”
A
SOCIEDADE DE DIREITOS ADQUIRIDOS
Pelo
que se defende nesta crónica que poucos ligam mas todos concordam,
está provado que o quebra-cabeças do lixo está a montante, na
distribuição descuidada e anárquica por parte dos munícipes, e
não a jusante, em que se responsabilizam as empresas encarregues de
limpar. A maioria suja sem pudor e sem educação, sabendo-se que os princípios de limpeza colectiva deveriam
ser o primado de uma cidade classificada como Património Mundial da
Humanidade.
É
errado continuar a apostar no costume de recolher o lixo
porta-a-porta. Pelo contrário, dever-se-ia investir em modernos
contentores de grande capacidade espalhados em pontos estratégicos
da cidade, onde a sua implantação não colidisse com a paisagem
envolvente – como é o caso do Largo das Ameias, na Baixa.
Exceptuando
munícipes com provada deficiência, doença, ou idade avançada -
para
estes a autarquia, contra
um pequeno pagamento de prestação de serviços,
encarregar-se-ia
de mandar recolher os detritos porta-a-porta – todos os moradores
deviam ser obrigados a deslocar-se ao depósito mais próximo da sua
área de residência. É
imperioso responsabilizar individualmente o gerador de detritos.
Para
o abandono de resíduos sólidos urbanos na via pública, desleixo em mandar piriscas
ou pequenos papéis para o chão, negligência pelo cocó
dos animais deveria ser implantada uma tolerância zero.
Claro
que por
parte dos políticos,
como
fundos não são problema já
que vêm do Céu estrelado que nos cobre a todos,
no
caso de Coimbra ou de outras cidades nacionais, como o que se busca
não são regras
profiláticas direccionadas
ao futuro que
conduza à formação cidadã,
o
que move estes
representantes do povo é
o
silenciar
a todo o custo o clamor público que
possa advir,
adocicando-lhes os interesses egoísta e mesquinho.
Quatro
anos de mandato passam depressa e vale mais prevenir que remediar.
Por
seu lado, ao ver que reclamando cada vez mais alto lhe vai sempre
aparando o jogo, num vício sem paragem à vista, está a
transformar-se a colectividade em detentora de direitos adquiridos e
sem quaisquer obrigações sociais
A
soma de todas as premissas, é a transformação e o encaminho para
uma sociedade irresponsável pelos seus actos, no
entulho e outros desvarios,
que,
agindo na maior impunidade, apenas se queixa do aumento desmesurado
de taxas e impostos quando vem a nota de liquidação do IRS.
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