quarta-feira, 19 de setembro de 2018

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE... E UMA RESPOSTA

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(Imagem da Web)



Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "PRIMEIRO DERAM O CÚ...":


Muito pelo contrário. Faz parte do dever cívico de todos os cidadãos denunciar as injustiças e os incumprimentos da lei para que depois quem de direito possa atuar. Pior seria se o Estado tivesse de ter um fiscal em cada esquina, aí sim seria um comportamento pidesco.




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RESPOSTA DO EDITOR


Meu caro anónimo, com o devido respeito pelo seu comentário, não surpreende que Vossemecê seja um admirador dos denunciantes encapuzados. Aliás, atentando à sua condição de comentador atrás da cortina, em coerência, Vossa Senhoria não poderia defender outra posição. Mas há um porém: Vossa Mercê, estando comprometido com o seu modo de agir o que o leva a defender a desonra, está completamente errado. Sem pretender qualquer superioridade moral, a dignidade, a hombridade pela condição humana, o respeito pelo nosso semelhante, a integridade que deveria ser exigível na mostra do rosto enquanto símbolos de pureza e verdade e traço de humanidade deveriam ser princípios estruturantes de um Estado no tratamento recíproco relacional entre governantes e governados. Não são! Sabemos bem! A questão é: por que não são?
A meu ver, que sou um simples escriba de bancada, não são valores básicos do Estado, porque a Nação, enquanto agregação abstracta de pessoas, para além de não as representar institucionalmente como pessoa de bem, na forma e na substância, transformando-se em estrato ditatorial com laivos animalescos, selváticos, egoístas e absurdos, repercute na sua acção pragmática o pior, o mal, que o humano conserva no alçapão profundo da sua alma.
Por outras palavras, por silogismo, não haverá Estados ideais que, intrinsecamente, busquem o bem-estar e a felicidade colectiva -haverá alguns que, segundo a imprensa, estarão lá próximo como o Reino do Butão.
Continuando no meu ponto de vista, nenhum Estado que se apregoe de democrático deveria aceitar queixas anónimas - e ainda menos incrementar a sua promoção.
Não sou anjinho a pontos de acreditar que alguma vez será possível tal procedimento assente na transparência e nos direitos de cada um. Por outro lado, também não me custa compreender o que leva um país a desenvolver tais políticas sociais escabrosas, não-educacionais e não-formativas: precisamente para poupar meios de investigação. Ou seja, para tapar o buraco da sua própria ineficácia. Este situacionismo, é como se nos transmitisse inequivocamente que, arbitrariamente, os fins justificam sempre os meios, a qualquer preço a pagar pelo cidadão desde que o mandante o considere como ordem a cumprir sem contestação. Onde cabe aqui a equidade, o Direito e a justiça enquanto virtude das virtudes?
Por outro lado, a situação mantém-se em injustiça gritante porque o Estado não garante a segurança de um denunciador que dá a cara. Fosse assegurada a integridade física e moral de quem faz a imputação e tudo seria diferente.
Por outro lado ainda, como se sabe, sendo a delação feita sem rosto torna impossível a demanda por difamação para repor o estatuto anterior. Ora, sendo o Estado o maior beneficiador, logo, sempre que por falta de prova não houvesse matéria acusatória, deveria arcar com as consequências de um estigma que, mesmo na inocência, destrói uma vida.
Por conseguinte, apesar do meu contraditório, até admito que defenda a sua tese, mas faça um favor à sociedade: guarde-a só para si.

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