quarta-feira, 26 de setembro de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA


AAC vende cerveja barata para festas onde tudo é permitido!”







REFLEXÃO: OS INCONSCIENTES DO PRESENTE, OS (IR)RESPONSÁVEIS DO FUTURO



A Abertura Solene das Aulas na Universidade de Coimbra aconteceu no passado 19 de Setembro, precisamente há uma semana.
Tal como em anos anteriores por esta altura, a Baixa, sobretudo à noite, fica super-povoada com manchas negras constituídas por estudantes de capa e batina a praxarem os caloiros.
Como se sabe, a praxe académica é um ritual que tem por objecto integrar os alunos que vêm de novo para uma uma escola, colégio e universidade nos seus hábitos e costumes, em rotinas consideradas proactivas. No seu espírito de instituição secular, ainda que de uma juventude irrequieta, prevalece a inter-ajuda, o encaminhamento, o desfazer de dúvidas, o desonerar o novato de ser obrigado a bater com a cabeça para aprender os caminhos que outros mais velhos já percorreram.
Não tenho uma opinião radical sobre a praxe praticada entre académicos. Isto é, num maniqueísmo de escolha mútua, se deve acabar ou continuar. Acho que a decisão cabe por inteiro aos intervenientes, a não ser que a praxística saia do âmbito corporativo, particular, e invada a esfera pública. Acontece que os métodos, quer pela imposição dos veteranos, quer pela aceitação dos caloiros, por ambas as classes, com muito álcool à mistura e tocando muitas vezes a humilhação dos mais novos, a destruição animalesca e o desrespeito pela coisa pública e os impropérios vociferados em altos gritos, levam a colectividade a intervir. Ora, sabemos por experiência, quando a comunidade se mete, porque o descontrolo e o descalabro são demasiado evidentes, numa mistura de vários sentimentos depreciativos, fá-lo sempre num radicalismo absolutista do “acabe-se com isto!
Então pergunta-se: para evitar o estado caótico, repetido ao logo do ano, a que chegaram as festas dos estudantes, não há entidades directamente interessadas que deveriam influenciar e manobrar para evitarem certos excessos? No caso, a Universidade de Coimbra, o Instituto Politécnico de Coimbra, a Escola Superior Agrária, as associações de estudantes, nomeadamente a Associação Académica de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra, a Polícia de Segurança Pública, esta que, na maioria dos casos, olha para o exagero dos alunos à luz de um paternalismo que gera impunidade e só faz mal, estas entidades não têm obrigação de ter mão dura sobre alguns arruaceiros?


O FIGURÃO DESMAZELADO




Sem grande margem de erro, o Luís Cortês é o figurão mais conhecido na Baixa de Coimbra. O seu palco de desempenho artístico divide-se entre a Praça 8 de Maio e o Largo do Poço. Com apenas cinco por cento de visão, vê mais e entende os humanos do que os ditos cujos com total perspectiva. Com um só braço toca órgão muito melhor, acima, acima, que grandes teclistas famosos e de renome mundial. Com uma só boca, e se estiver com um grãozinho na asa, canta melhor que uma revoada de rouxinóis.
Para além disso, e num campo pouco conhecido muito para lá da sua áurea de figura típica, é o conimbricense a quem mais vezes furtaram o instrumento – o órgão, obviamente. É de tal maneira a repetição que, no Centro Histórico, já é conhecido pelo “Homem do cartaz ao peito”.
Como recordista absoluto, são muitas as queixas na PSP contra desconhecidos. De tal modo é assim que, alegadamente, corre o risco de não lhe aceitarem mais participações. É de prever que o Guinness World Records, o popular registo mundial de recordes, sem que o Cortês precise de concorrer, lhe atribua o ceptro do maior bacoco a ser roubado.
A semana passada, mais uma vez, voltou a ostentar o cartaz ao peito.


ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

(Foto do Notícias de Coimbra)


Gostava de lembrar que, até ao fim deste Setembro, está decorrer a votação do Orçamento Participativo promovido pela União das Freguesias de Coimbra. Esta participação é reservada aos fregueses das juntas agregadas da Sé Nova, Almedina, São Bartolomeu e Santa Cruz. Para além disso a escolha é pessoal, isto é, o inscrito numa destas autarquias tem de se deslocar a qualquer uma das sedes – o horário pode consultar aqui (clique em cima).
Não precisa dizer, bem sei que você só vai à sua junta de freguesia uma vez de quatro em quatro anos e a última -tomara eu que fosse – foi há escassos dez meses. Mas deixe lá, faça lá isso pela colectividade. Não interessa em quem vai votar, o que importa é que, como bom cidadão, se inteire dos projectos a concurso e vote naquele que melhor corresponder às suas expectativas. Não é pedir muito, pois não?


ALOJAMENTO LOCAL EM FRANCA EXPANSÃO




O alojamento local na Rua Adelino Veiga, no espaço das montras do prédio da desaparecida Românica, agora conhecido como Hotel Estrela, regista índices de ocupação nunca vistos. É engraçado que, na linha de que "atrás de mim outro virá e nunca melhor", na porta ao lado funcionou o "Sol da meia-noite".
Segundo um comerciante vizinho da popular unidade hoteleira, que me convidou a registar o momento relaxado em que um hóspede hoje se refastelava sobre o Sol outonal, “apesar de nos queixarmos continuadamente, estamos muito contentes por ninguém se importar com os elevados rácios de hospedagem. Você já viu o que seria desta rua sem turismo? É certo que é um turismo pé-descalço, que em cumprimento de promessa de não fazer nenhum vai em direcção do seu santo padroeiro, e que pratica o jejum quando necessário, mas, como diria a outra, isso também não importa nada!
Assim, a acolher tantos visitantes sem olhar à sua cor de pele, ao cabedal que cobre os pés, e se são trabalhadores ou malandros, não nos podem acusar de discriminação! É ou não é? E só por este facto já ganhamos muito!

Mas não pense que não vou deixar uma farpa à Turismo Centro Portugal. Se é certo que as refeições de almoço e jantar estão asseguradas no Terreiro de Mendonça, é indecente que não sirvam pequeno-almoço a estes peregrinos do “Caminho do faz-nenhum!

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