“AAC
vende cerveja barata para festas onde tudo é permitido!”
REFLEXÃO: OS INCONSCIENTES DO PRESENTE, OS (IR)RESPONSÁVEIS DO FUTURO
A
Abertura Solene das Aulas na Universidade de Coimbra aconteceu no
passado 19 de Setembro, precisamente há uma semana.
Tal
como em anos anteriores por esta altura, a Baixa, sobretudo à noite,
fica super-povoada com manchas negras constituídas por estudantes de
capa e batina a praxarem os caloiros.
Como
se sabe, a praxe académica é um ritual que tem por objecto integrar
os alunos que vêm de novo para uma uma escola, colégio e
universidade nos seus hábitos e costumes, em rotinas consideradas
proactivas. No seu espírito de instituição secular, ainda que de
uma juventude irrequieta, prevalece a inter-ajuda, o encaminhamento,
o desfazer de dúvidas, o desonerar o novato de ser obrigado a bater
com a cabeça para aprender os caminhos que outros mais velhos já
percorreram.
Não
tenho uma opinião radical sobre a praxe praticada entre académicos.
Isto é, num maniqueísmo de escolha mútua, se deve acabar ou
continuar. Acho que a decisão cabe por inteiro aos intervenientes,
a não ser que a praxística saia do âmbito corporativo,
particular, e invada a esfera pública. Acontece que os métodos,
quer pela imposição dos veteranos, quer pela aceitação dos
caloiros, por ambas as classes, com muito álcool à mistura e
tocando muitas vezes a humilhação dos mais novos, a destruição animalesca e o desrespeito
pela coisa pública e os impropérios vociferados em altos gritos,
levam a colectividade a intervir. Ora, sabemos por experiência,
quando a comunidade se mete, porque o descontrolo e o descalabro são
demasiado evidentes, numa mistura de vários sentimentos
depreciativos, fá-lo sempre num radicalismo absolutista do “acabe-se
com isto!”
Então
pergunta-se: para evitar o estado caótico, repetido ao logo do ano,
a que chegaram as festas dos estudantes, não há entidades directamente
interessadas que deveriam influenciar e manobrar para evitarem certos excessos?
No caso, a Universidade de Coimbra, o Instituto Politécnico de
Coimbra, a Escola Superior Agrária, as associações de estudantes, nomeadamente a Associação
Académica de Coimbra, a Câmara Municipal de Coimbra, a Polícia de
Segurança Pública, esta que, na maioria dos casos, olha para o
exagero dos alunos à luz de um paternalismo que gera impunidade e só faz mal, estas
entidades não têm obrigação de ter mão dura sobre alguns
arruaceiros?
O
FIGURÃO DESMAZELADO
Sem
grande margem de erro, o Luís Cortês é o figurão
mais conhecido na Baixa de Coimbra. O seu palco de desempenho
artístico divide-se entre a Praça 8 de Maio e o Largo do Poço. Com
apenas cinco por cento de visão, vê mais e entende os humanos do
que os ditos cujos com total perspectiva. Com um só braço toca
órgão muito melhor, acima, acima, que grandes teclistas famosos e
de renome mundial. Com uma só boca, e se estiver com um grãozinho na
asa, canta melhor que uma revoada de rouxinóis.
Para
além disso, e num campo pouco conhecido muito para lá da sua áurea
de figura típica, é o conimbricense a quem mais vezes furtaram o
instrumento – o órgão, obviamente. É de tal maneira a repetição
que, no Centro Histórico, já é conhecido pelo “Homem
do cartaz ao peito”.
Como
recordista absoluto, são muitas as queixas na PSP contra
desconhecidos. De tal modo é assim que, alegadamente, corre o risco
de não lhe aceitarem mais participações. É de prever que o
Guinness World Records, o popular registo mundial de recordes, sem
que o Cortês precise de concorrer, lhe atribua o ceptro do maior
bacoco a ser roubado.
A
semana passada, mais uma vez, voltou a ostentar o cartaz ao peito.
Se
quiser ler mais clique em cima desta frase
ORÇAMENTO
PARTICIPATIVO
(Foto do Notícias de Coimbra)
Gostava
de lembrar que, até ao fim deste Setembro, está decorrer a votação
do Orçamento
Participativo promovido pela União das Freguesias de Coimbra.
Esta participação é reservada aos fregueses das juntas agregadas
da Sé Nova, Almedina, São Bartolomeu e Santa Cruz. Para além disso
a escolha é pessoal, isto é, o inscrito numa destas autarquias tem
de se deslocar a qualquer uma das sedes – o
horário pode consultar aqui (clique
em cima).
Não
precisa dizer, bem sei que você só vai à sua junta de freguesia
uma vez de quatro em quatro anos e a última -tomara eu que fosse –
foi há escassos dez meses. Mas deixe lá, faça lá isso pela
colectividade. Não interessa em quem vai votar, o que importa é
que, como bom cidadão, se inteire dos projectos a concurso e vote
naquele que melhor corresponder às suas expectativas. Não é pedir
muito, pois não?
ALOJAMENTO
LOCAL EM FRANCA EXPANSÃO
O
alojamento
local na Rua Adelino Veiga, no espaço das montras do prédio da
desaparecida Românica, agora conhecido como Hotel Estrela, regista
índices de ocupação nunca vistos. É engraçado que, na linha de
que "atrás
de mim outro virá e nunca melhor",
na porta ao lado funcionou o "Sol
da meia-noite".
Segundo
um comerciante vizinho da popular unidade hoteleira, que me convidou
a registar o momento relaxado em que um hóspede hoje se refastelava
sobre o Sol outonal, “apesar de nos queixarmos continuadamente,
estamos muito contentes por ninguém se importar com os elevados
rácios de hospedagem. Você já viu o que seria desta rua sem
turismo? É certo que é um turismo pé-descalço, que em cumprimento
de promessa de não fazer nenhum vai em direcção do seu santo
padroeiro, e que pratica o jejum quando necessário, mas, como diria
a outra, isso também não importa nada!
Assim,
a acolher tantos visitantes sem olhar à sua cor de pele, ao cabedal
que cobre os pés, e se são trabalhadores ou malandros, não nos
podem acusar de discriminação! É ou não é? E só por este facto
já ganhamos muito!
Mas
não pense que não vou deixar uma farpa à Turismo Centro Portugal.
Se é certo que as refeições de almoço e jantar estão asseguradas
no Terreiro de Mendonça, é indecente que não sirvam pequeno-almoço
a estes peregrinos do “Caminho do faz-nenhum!”
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