sexta-feira, 7 de setembro de 2018

EDITORIAL: FAZER FESTAS EM FILHOS ALHEIOS

(Imagem desviada do jornal online Notícias de Coimbra)






1 - Amanhã, Sábado, num raio de trezentos metros, vão acontecer na Baixa cinco eventos que, sendo realizados e apoiados pela Câmara Municipal de Coimbra, pela concorrência entre si, acabam por se enfraquecerem uns aos outros. Um é a Feira de Artesanato Urbano que, entre as 10h00 e as 19h00, decorre entre as Ruas Visconde da Luz, Ferreira Borges e Largo da Portagem; outro é o Festival de Folclore fomentado pelo Rancho das Tricanas de Coimbra, no Terreiro da Erva a partir das 18h00 e a entrar noite dentro; outro ainda, o XVIII Festival de Folclore, Encontro de Tradições, organizado pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Moleirinhas de Casconha, que vai ser na Praça 8 de Maio, por volta das 21h00; outro mais, "Concertos no Palácio da Justiça, Serenata de Cordas", organizado pela Orquestra Clássica do Centro, pelas 21h00; e outro mais ainda, este durante Sábado e Domingo por todo o dia no parque da cidade, é a iniciativa(RE)viver, Tempos, Sabores e Tradições”, promovido pela União das Freguesias de Coimbra (junta agregada constituídas pelas juntas da Sé Nova, Almedina, São Bartolomeu e Santa Cruz).
Isto é, num hábito enraizado de décadas, talvez porque burro velho não muda, o Pelouro da Cultura, numa certa arrogância e desprezo, não aprende a calendarizar os espectáculos e a defender os intervenientes.
2 – Como vou incidir mais especificamente no evento desenvolvido pela União de Freguesias de Coimbra (UFC), começo com uma ressalva: retirando o almoço grátis para todos fregueses das juntas associadas que se vai realizar amanhã, Sábado, e que, embora creio ser a contento de todos os representantes partidários no executivo, me parece algo impertinente em período de próximas eleições, louvo a iniciativa de promover uma feira à antiga onde, para além de jogos tradicionais, se mostram profissões em desaparecimento e artífices em pleno labor. Porque a cultura é filha de um deus menor, já há muito tempo que escrevo sobre a necessidade de realizar um certame deste género em Coimbra. Ou seja, na substância tiro o meu chapéu à UFC.
Já na forma, com o formato apresentado, tenho as maiores reservas. E não refiro a competência do aliado da UFC no projecto, o GERC, Grupo Etnográfico da Região de Coimbra, porque conheço bem o seu mérito em defesa da tradição. O que coloco em dúvida é o sistema agora e já reiterado anteriormente na Feira Cultural de Coimbra pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) - parceiro nesta iniciativa – de não convidar todos os agrupamentos que exercem na cidade e na região. E por vezes, num certo desrespeito pela sua história local, vão desafiar entidades de fora para virem cá para dentro.
3 – Tratando-se de verbas públicas envolvidas, como é o caso da UFC e da CMC, estas autarquias têm obrigação averbada de generalizar os convites a todos os sujeitos culturais da área envolvente ao seu magistério. Até porque em Junho, último, a edilidade, numa generosidade nunca vista, contemplou com subsídios praticamente toda e qualquer agremiação que respire na cidade. Então, sendo assim, não haverá uma obrigação acrescida de pedir contrapartidas?
Como é que foram distribuídos os convites para participar na festa do "RE)viver, Tempos, Sabores e Tradições"? Quais os critérios? Enquanto munícipes, gostaríamos muito de saber.
Por exemplo, o Rancho das Tricanas de Coimbra, com sede na área da junta de freguesia de Santa Cruz, na Rua do Moreno, desde 1938, não foi convidado para fazer parte do empreendimento no Parque Dr. Manuel Braga. Porquê?



Sem comentários: