quarta-feira, 22 de agosto de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)





REFLEXÃO



Estou em crer que o desenvolvimento das cidades, grandes ou médias, assenta em quatro vectores: transportes públicos, pelo desempenho nos horários e conforto proporcionado, trânsito, pela fluidez e estacionamento, detritos urbanos, pela recolha e disciplina dos munícipes, e venda ambulante, pela ordenação municipal e cumprimento dos operadores.
Lendo a entrevista de Carlos Cidade, vice-presidente da Câmara e vereador executivo com vários pelouros atribuídos, ao semanário Campeão das Províncias de 09 de Agosto, pelas suas declarações, ficámos a saber que “Coimbra é a melhor cidade que existe e não há igual. É uma cidade que caminha para uma maior valorização e que tem mostrado, quer do ponto de vista universitário quer empresarial, que saem para o mundo coisas boas nascidas em Coimbra. A aposta passa cada vez mais por aí. Orgulha-nos o passado de Coimbra e o presente que estamos todos a desenvolver. Estaremos num patamar que não nos envergonha.
Voltemos novamente à introdução deste texto. Começando pelos transportes públicos há motivos para festejar? Lendo os desabafos nas redes sociais, parece-me que não.
Em seguida debrucemo-nos sobre o trânsito e mais propriamente sobre o estacionamento, o que nos parece? Continuando a citar as redes sociais e vendo o que se passa na Baixa, salvo melhor opinião, nunca como até agora o caos atingiu tal dispersão.
Passemos aos detritos urbanos. O que se constata? Que se a recolha vai sendo feita conforme se pode, já no que toca à civilidade dos munícipes, sem que nada seja acautelado para mudar comportamentos, é simplesmente uma tragédia diária.
Por último, analisemos a venda ambulante. O que se verifica no Centro Histórico, nomeadamente na Praça do Comércio e, agora, no Largo da Maracha, é simplesmente deprimente. Como é que uma urbe classificada como Património Mundial da Humanidade pode admitir um cenário terceiro-mundista assim?
E não se pense que é apenas uma responsabilidade deste executivo PS. Nada disso! Nos últimos quarenta anos todos os governos locais passaram por estes problemas como “cão por vinha vindimada”, ou seja, sem os olhar nem lhes dar qualquer importância.
Coimbra será mesmo a melhor cidade que existe e não há igual?


REABERTURA




Ainda numa fase embrionária, isto é, sem jornais e revistas que marcaram o tempo ao minuto nas últimas seis décadas, (re)abriu na semana passada a tabacaria Espírito Santo, junto ao Café Santa Cruz, que encerrou no passado dia 30 de Julho.
Se como diz o povo “Rei morto Rei posto”, a reforçar o aforismo, é verdade que a nova gerência está à altura de uma loja com história. A cargo da Marisol Santos, uma empresária cheia de garra de vencer, que detém o Cantinho da Marisol, no Adro de Cima, junto à Igreja de São Bartolomeu, um espaço dedicado ao artesanato, sobretudo em cerâmica, digno de nota 20, o “velho” quiosque, que faz parte de todos nós e das nossas rotinas, fica muito bem entregue.
Claro que para que tudo dê certo, é bom não esquecer, é necessário que eu e você, leitor, de vez em quando vá lá comprar uma revista, um jornal, uma peça da sua cerâmica artesanal, por exemplo. Por muita vontade que a consuma, a Marisol não vive apenas do mar e do Sol.


REQUIEM POR UMA MEMÓRIA




Encerrou neste último Sábado a denominada Feira das Cebolas. Como já vem sendo hábito, desde há cerca de trinta anos que acontece na Praça do Comércio. É uma realização do Departamento da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra e do grupo folclórico “Os Camponeses de Vila Nova”, de Cernache. Durante uma semana, esta festa tem por intenção recriar uma tradição de muitos séculos –lembramos que era aqui, nesta praça velha implantada no centro da cidade, que eram comercializados os produtos agrícolas provenientes do Baixo-Mondego. Era conhecida por Feira de São Bartolomeu.
Se é que esta alegoria teve cabimento noutros tempos, hoje, sobretudo pela modificação panorâmica com algumas esplanadas, não faz qualquer sentido continuar a ser realizado ali. Ainda que, num bom trabalho em prol da cultura popular, se saliente os espectáculos de danças e cantares, que foram muito comparticipados pelo público, mesmo assim, há que ter a coragem de para o ano, juntando todos os grupos folclóricos do Concelho e chamando-lhes “Feira das Colectividades”, fazer a transferência para o Terreiro da Erva.


ÓBITO DE UM DOS NOSSOS




A meio da semana passada faleceu o senhor Francisco, o proprietário do restaurante Jardim da Manga.
Francisco António Teixeira de Almeida, de de 63 anos de idade, homem recatado e que não gostava de dar nas vistas, foi sempre muito considerado na Baixa de Coimbra, onde o reconhecido restaurante “self-service” e com serviço à mesa está implantado, em frente às Escadas de Montarroio e junto da 2.ª Esquadra da PSP.
À família enlutada, neste período de tão grande sofrimento, em meu nome pessoal e em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames.


BAIXA, ESTE NOSSO BAIRRO QUERIDO




Mesmo com os dias a encurtarem e o Agosto a esvair-se em passos rápidos no afunilamento do ano, o fluxo turístico na cidade continua em alta. Embora o número de visitantes não seja proporcional a números de negócio, a verdade é que esta alteração veio modificar profundamente uma cidade que, numa pasmaceira histórica, ficava vazia no pico do verão. Nas ruas, são mais as vozes (estrangeiras) que as nozes (portuguesas).
Apesar da sujidade permanente, é um gosto ver os becos e vielas a serem perscrutados com tanta atenção.
Valha-nos e demos graças a Nossa Senhora dos Caminhantes!

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