(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Estou
em crer que o desenvolvimento das cidades, grandes ou médias,
assenta em quatro vectores: transportes públicos, pelo desempenho nos horários e conforto proporcionado, trânsito, pela fluidez e estacionamento,
detritos urbanos, pela recolha e disciplina dos munícipes, e venda ambulante, pela ordenação municipal e cumprimento dos operadores.
Lendo
a entrevista de Carlos Cidade, vice-presidente da Câmara e vereador
executivo com vários pelouros atribuídos, ao semanário Campeão
das Províncias de 09 de Agosto, pelas suas declarações, ficámos a
saber que “Coimbra é a melhor cidade que existe e não há
igual. É uma cidade que caminha para uma maior valorização e que
tem mostrado, quer do ponto de vista universitário quer empresarial,
que saem para o mundo coisas boas nascidas em Coimbra. A aposta passa
cada vez mais por aí. Orgulha-nos o passado de Coimbra e o presente
que estamos todos a desenvolver. Estaremos num patamar que não
nos envergonha.”
Voltemos
novamente à introdução deste texto. Começando pelos transportes
públicos há motivos para festejar? Lendo os desabafos nas redes
sociais, parece-me que não.
Em
seguida debrucemo-nos sobre o trânsito e mais propriamente sobre o
estacionamento, o que nos parece? Continuando a citar as redes sociais
e vendo o que se passa na Baixa, salvo melhor opinião, nunca como
até agora o caos atingiu tal dispersão.
Passemos
aos detritos urbanos. O que se constata? Que se a recolha vai sendo
feita conforme se pode, já no que toca à civilidade dos munícipes,
sem que nada seja acautelado para mudar comportamentos, é simplesmente
uma tragédia diária.
Por
último, analisemos a venda ambulante. O que se verifica no Centro
Histórico, nomeadamente na Praça do Comércio e, agora, no Largo da
Maracha, é simplesmente deprimente. Como é que uma urbe
classificada como Património Mundial da Humanidade pode admitir um
cenário terceiro-mundista assim?
E
não se pense que é apenas uma responsabilidade deste executivo PS.
Nada disso! Nos últimos quarenta anos todos os governos locais
passaram por estes problemas como “cão por vinha vindimada”,
ou seja, sem os olhar nem lhes dar qualquer importância.
Coimbra
será mesmo
a melhor cidade que existe e não há igual?
REABERTURA
Ainda
numa fase embrionária, isto é, sem jornais e revistas que marcaram
o tempo ao minuto nas últimas seis décadas, (re)abriu na
semana passada
a tabacaria Espírito Santo, junto ao Café Santa Cruz, que
encerrou
no passado dia 30 de Julho.
Se
como diz o povo “Rei morto Rei posto”, a reforçar o aforismo, é
verdade que a nova gerência está à altura de uma loja com
história. A cargo da Marisol Santos, uma empresária cheia de garra
de vencer, que detém o Cantinho da Marisol, no Adro de Cima, junto à
Igreja de São Bartolomeu, um espaço dedicado ao artesanato,
sobretudo em cerâmica, digno de nota 20, o “velho” quiosque, que
faz parte de todos nós e das nossas rotinas, fica muito bem
entregue.
Claro
que para que tudo dê certo, é bom não esquecer, é necessário que
eu e você, leitor, de vez em quando vá lá comprar uma revista, um
jornal, uma peça da sua cerâmica artesanal, por exemplo. Por muita
vontade que a consuma, a Marisol não vive apenas do mar e do Sol.
REQUIEM
POR UMA MEMÓRIA
Encerrou
neste último Sábado a denominada Feira das Cebolas. Como já vem
sendo hábito, desde há cerca de trinta anos que acontece na
Praça do Comércio. É uma realização do Departamento da Cultura
da Câmara Municipal de Coimbra e do grupo folclórico “Os
Camponeses de Vila Nova”, de Cernache. Durante uma semana, esta
festa tem por intenção recriar uma tradição de muitos séculos
–lembramos que era aqui, nesta praça velha implantada no centro da
cidade, que eram comercializados os produtos agrícolas provenientes
do Baixo-Mondego. Era conhecida por Feira de São Bartolomeu.
Se
é que esta alegoria teve cabimento noutros tempos, hoje, sobretudo
pela modificação panorâmica com algumas esplanadas, não faz
qualquer sentido continuar a ser realizado ali. Ainda que, num bom
trabalho em prol da cultura popular, se saliente os espectáculos de
danças e cantares, que foram muito comparticipados pelo público,
mesmo assim, há que ter a coragem de para o ano, juntando todos os
grupos folclóricos do Concelho e chamando-lhes “Feira das
Colectividades”, fazer a transferência para o Terreiro da
Erva.
ÓBITO
DE UM DOS NOSSOS
A
meio da semana passada faleceu o senhor Francisco, o proprietário do
restaurante Jardim da Manga.
Francisco
António Teixeira de Almeida, de de 63 anos de idade, homem recatado
e que não gostava de dar nas vistas, foi sempre muito considerado na
Baixa de Coimbra, onde o reconhecido restaurante “self-service”
e com serviço à mesa está implantado, em frente às Escadas de
Montarroio e junto da 2.ª Esquadra da PSP.
À família enlutada, neste período de tão grande sofrimento, em meu nome pessoal e em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames.
À família enlutada, neste período de tão grande sofrimento, em meu nome pessoal e em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames.
BAIXA,
ESTE NOSSO BAIRRO QUERIDO
Mesmo
com os dias a encurtarem e o Agosto a esvair-se em passos rápidos no
afunilamento do ano, o fluxo turístico na cidade
continua em alta. Embora o número de visitantes não seja
proporcional a números de negócio, a verdade é que esta alteração
veio modificar profundamente uma cidade que, numa pasmaceira histórica, ficava vazia
no pico do verão. Nas ruas, são mais as vozes (estrangeiras) que as
nozes (portuguesas).
Apesar
da sujidade permanente, é um gosto ver os becos e vielas a serem
perscrutados com tanta atenção.
Valha-nos
e demos graças a Nossa Senhora dos Caminhantes!
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