quinta-feira, 30 de agosto de 2018

BAIXA: OS TRÊS MOSQUETEIROS




Porque temos de levar com um executivo que não liga nada
ao futuro do centro histórico? Nem com um ideólogo como eu,
sem avença, ao serviço do povo?”


Há cerca de três semanas abriu a Comur, uma lindíssima loja de conservas, no Largo da Portagem.
Dentro de alguns dias vão abrir o restaurante Itália, no antigo espaço da Mango, no início da Ferreira Borges, e o Visconde, Pastelaria, no edifício do desaparecido BES, no princípio da rua Visconde da Luz - este último, sobre responsabilidade da Coimbra Doce, uma marca sobejamente conhecida na cidade, para além de ser alojamento local nos andares superiores, vai ter serviços de café no rés-do-chão e restaurante no primeiro andar. Para além disso, alegadamente, vai ter fabrico de pastelaria e de geladaria.
Ou seja, se levarmos em conta que estes três estabelecimentos ficam no percurso entre a Praça 8 de Maio e o Largo da Portagem, no canal turístico de excelência da cidade, um no princípio, outro a meio e outro na ponta, e tomando em conta a importância dos investidores destes negócios, facilmente se constata que, a partir do momento em que estejam em plena actividade, nada voltará a ser como dantes. Por outras palavras, com a loja Comur a ter um horário diário entre as 10h00 e as 22h00 e, como se adivinha, certamente os que vão entrar nesta corrida de desenvolvimento irão segui-lhe os passos, temos em marcha um motor de arranque para a Baixa.
Por outras palavras, recorrendo a metáfora, temos aí "Os Três Mosqueteiros” a revolucionar o situacionismo palaciano. Mas como os lutadores ao serviço do Rei eram realmente quatro e não três falta um. E quem vai ser o quarto? A INCM, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, que vai deixar as instalações da Avenida Fernão de Magalhães e vai mudar proximamente para a Rua Visconde da Luz, no antigo espaço do Totta & Açores.
Mas nem tudo começa e acaba aqui. Faltam projecções para quem vai seguir os mosqueteiros ao serviço do Rei - e quem será este Rei?
Para ser a cereja em cima do bolo, era óptimo se o prédio do antigo Banco Nacional Ultramarino e recentemente encerrado pela Caixa Geral de Depósitos fosse transformado em centro comercial, uma espécie de “Via Catarina” da rua com o mesmo nome, no Porto, com grandes marcas desaparecidas e um Mc Donalds – lembramos que foi recentemente inaugurado um destes franchisados no Alma Shopping. É certo que já temos um junto à antiga Rodoviária Nacional, mas não é a mesma coisa. Precisamos de mais um no centro da Baixa. Relembro que o edifício pertença da Caixa Geral de Depósitos, para além da exposição fantástica para a Rua Ferreira Borges, tem frente para a Praça do Comércio.
Seguindo o mesmo pensamento, era bom que a Câmara Municipal de Coimbra, que é proprietária do edifício ao lado daquele da Caixa Geral de Depósitos, na Rua Ferreira Borges, e que o mantém encerrado há vários anos, desse o exemplo no repovoamento e revitalização da Baixa.
Porque temos de levar com um executivo que não liga nada ao futuro do centro histórico? Nem com um ideólogo como eu, sem avença, ao serviço do povo?
Esta apatia será castigo de Dom Afonso I?


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