quarta-feira, 29 de agosto de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA







REFLEXÃO



Conforme tenho dado conta, desde Janeiro, último, encerraram na Baixa 23 lojas comerciais. No lugar de muitos destes operadores que fecharam a actividade, conforme também vou dando nota, já alguns abriram com outro artigo, nova gerência e nova nomenclatura.
O que gostava de chamar à colação, nem que seja para reflectir, é que no agrupamento dos novos investidores há cinco estrangeiros, um do Brasil, outro do Reino Unido, outro da Rússia e dois da China.
Se até há poucos anos só tínhamos negócios chineses, numa primeira fase com artigos decorativos, numa segunda com fruta e numa terceira com roupas, agora o comércio, com a vinda de cidadãos de vários pontos do mundo, estendendo-se a vários ramos de negócio, globalizou-se.
Ora, podemos interrogar: este apetite manifestado numa abertura ao globo é bom ou mau? Claro que é melhor que bom. É óptimo! Por várias razões económicas, no sentido da riqueza nacional, poderia fazer uma lista, mas não vou por aí. Como falo com a maioria para dar a notícia da inauguração do seu estabelecimento, refiro apenas a sensação excepcional que me causam ao falarem de uma cidade como Coimbra, que é a minha, que é a nossa. Como vieram de partes do mundo onde tudo é difícil, enumeram as grandes qualidades da (nossa) cidade que nós, enquanto residentes de todos os dias, não vemos. É como se nos abrissem a alma e quisessem dizer: “vocês nem sabem a sorte que têm...


INÍCIO DA HISTÓRIA




Desde Segunda-feira da semana passada que a Rua da Louça está diferente, para melhor. Quem percorre agora esta via chamada outrora de Tinge-Rodilhas, e que nas primeiras quatro décadas do século XX também já foi apelidada de Bordallo Pinheiro, sem que nada se faça para isso, de repente, é o instinto que o impele, está olhar para um estabelecimento novo, recentemente aberto -no desaparecido espaço da sapataria Clarinha. Talvez seja a harmonização de cores mornas, amarelo, azul-mar e bege, que emanam das suas vitrinas, ou talvez, quem sabe, de uma espiritualidade imanente e tangível pelos sentidos. Se pararmos junto das montras, inevitavelmente, somos impelidos a entrar pela empatia, voz suave e musical de Josirene -mais à frente contarei mais.
Com o singular logótipo de “Mandacaru”, cujo nome se atribui a um popular cacto disseminado no semi-árido Nordeste do Brasil, que, nascendo e crescendo no campo sem qualquer trato, está adaptado a viver em clima seco e praticamente sem água, dá para perceber a analogia. Em comunicação subliminar, dá para apreender que, contra ventos, tempestades e maremotos, este novo estabelecimento veio para resistir a tudo e ficar.




ESTE POVO MANSO E SERENO




Neste último Sábado realizou-se no Terreiro da Erva mais uma Feira de Velharias. Depois da ameaça de boicote ao certame por parte de muitos vendedores em consequência da Câmara Municipal ter decidido unilateralmente mudar o local, saindo da Praça do Comércio onde estava desde há mais de vinte anos, para o Terreiro da Erva. 
Convém auscultar o pulso aos expositores. Neste terceiro mês depois da alteração, compareceram muitos, ou faltaram à chamada? Assim, assim! O que é que isto quer dizer? Muito simples: das cerca de seis dezenas que montavam banca na antiga praça velha, no primeiro Sábado da mudança, há dois meses, estiveram 13 expositores. Muitos destes juravam a pés juntos que não voltariam.
Há cerca de um mês estiveram 15, alguns deles continuavam a jurar sobre a Bíblia que era a última vez que estariam ali.
Agora, neste último evento, estiveram cerca de vinte mercadores, incluindo alguns que anteriormente fizeram jura de não comparência. Portanto, isto quer dizer o quê? Que Manuel Machado, presidente da edilidade, apesar de lhes dizer secamente que “se não gostassem não viessem”, mostrando que se está a marimbar para eles, a receita resultou em pleno. Está provado que, seguindo o preceito da Síndrome de Estocolmo, o “povão” gosta e acaba a amar quem os maltrata. Estes políticos que nos regem sabem-na toda! Ao pé deles somos todos aprendizes!


ÓBITO DE UMA PESSOA HUMILDE

Resultado de imagem para rui de alarcão


Quem segue o blogue, no tocante a necrologia, certamente dá conta que só escrevo sobre falecimentos de pessoas comuns, isto é, indivíduos que, pela simplicidade da sua narrativa, só serão notícia num jornal local com um pequeno quadrado na hora da sua morte.
Quando dou conta do desaparecimento de cidadãos célebres, locais ou nacionais, que são informação em tudo o que seja comunicação, escrita e falada, para isso acontecer, eu teria de ter privado com eles ou, noutro extremo, considerar que a sua passagem nesta vida foi muito além da sua torre de marfim.
E é o que acontece com Rui de Alarcão, o emérito professor universitário que nos deixou na semana passada. Não tinha grande confiança com o falecido, saliento. Para além de ser meu cliente, era muito recatado, transparecendo uma simplicidade e simpatia acima do comum. Para além disso, e não é pouco, foi um homem que encontrava algumas vezes a calcorrear estas pedras milenares de calçada portuguesa da Baixa de Coimbra.
Para a família enlutada, em meu nome pessoal e em nome da Baixa, se posso escrever assim, os nossos sentidos pêsames. Até sempre, professor!


ESTOU MORTO MAS NÃO MORRI

Resultado de imagem para o miserável


O António Manuel Seabra Dias, que entre nós, por aqui pela Baixa, é conhecido simplesmente por “”, teve alta hospitalar na semana passada.
Há duas semanas contei que, num boato forte e impregnado de verdade que correu por entre vielas e becos, o Seabra tinha morrido… mas estava bem de saúde, internado no CHUC, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.
Rejuvenescido e com um aspecto novo e limpo, o “” já está entre nós para as curvas. É uma pena que não queira ouvir quem o aconselha para bem. Sobretudo deveria dar ouvidos à sua família. Mas, num caso em que a vontade do próprio prevalece sobre todas as demais, o que se pode fazer? Absolutamente nada! Lamentamos todos, mas temos de respeitar a vontade do principal (des)interessado. E se assim é, assim seja!

Sem comentários: