quarta-feira, 1 de agosto de 2018

BAIXA: CRÓNICA DA SEMANA PASSADA





REFLEXÃO:

A recente polémica da compra de um edifício
com posterior requalificação e colocado à venda
com um lucro considerado especulativo, que envolveu
um vereador na Câmara Municipal de Lisboa em
representação do Bloco de Esquerda e que levou à
sua demissão, dá para apreender que, independentemente
da sua posição estatutária, em sentido literal, todo o homem
é um ser económico, um especulador em potência. Que acima
de tudo, dos princípios e valores, prevalece o seu interesse
pessoal projectado no proveito.
Por estes dias, em que os jornais nos avivam a memória,
nem que fosse em pensamento, já todos proferimos a frase
sacramental: “são todos iguais!”. Mas seremos mesmo todos iguais?
É óbvio que não. Há uns para mais e outros para menos. E é esta
diferenciação que torna a humanidade tão encantadora.
Está errado? Não, não está! Afinal todo o desenvolvimento e progresso
assenta no paradigma “o que é que eu ganho com isso?”
Então, se não está errado, o que provocou tanta celeuma?
Numa frase curta: a incoerência. O tentar passar pelo buraco da agulha depurativa. Fazer crer que, mesmo sendo humano, logo com os mesmos
defeitos e virtudes, se está acima da suspeita do costume.
Apesar de tudo, olhemos para este Robles, para outro Louçã, para
outro Costa, para outro Cavaco e outros homens de poder que vão
caindo na tentação da vantagem pessoal e tenhamos alguma compaixão.
Afinal não serão tão diferentes assim de nós. Quem for diferente, que atire a primeira pedra!

TRANSFERÊNCIA

Depois de uns dias de interregno, abriu esta semana a sapataria “Bull’s na Rua da Louça. Lembramos que Rui Carvalho, o proprietário, já estava presente na mesma artéria mas em outro espaço. Agora está na desaparecida loja do Euro, a dois passos do anterior que encerrou.


INSEGURANÇA


Na semana passada, na noite de segunda para terça, o antigo quiosque Lobo e agora Mellos, foi assaltado com recurso a arrombamento. Sem especificar o montante, Guilherme Melo, o proprietário, de semblante abatido, perante a minha interrogação do montante, foi lacónico: “um valor muito considerável!”
Por razões que lhe cabem e estão no âmbito do seu direito, embora esta omissão devesse fazer pensar o Ministério da Administração Interna, não foi apresentada participação na PSP. Não sendo apresentada queixa, como é lógico, não vai contar para as estatísticas, logo é uma não-inscrição, por outras palavras, é um não-acontecimento, algo que não existiu. E as forças da ordem estarão preocupadas com esta desmotivação do cidadão comum em não participar um acto profundamente lesivo da sua vida empresarial? Estou em crer que pouco lhes importa este lapso. Aliás, como a segurança interna, desde há muito, passou a ser uma representação mais formal, performativa e política assente em números, do que material de substância, acredito que até se agradece.
O que importa que um ou outro qualquer cidadão levasse um rombo no seu pecúlio familiar? Ora! Ora! O que importa é que um qualquer assalto com estragos é sempre um acto económico. Adivinhe-se quem, sem correr qualquer risco e sem nada fazer, mais ganha? O Estado, naturalmente!

CRITÉRIOS CAMARÁRIOS


Embora já tivesse escrito na semana passada sobre a deslocalização da Feira das Velharias, da Praça do Comércio para o Terreiro da Erva, volto a trazer à liça este mesmo tema.
Segundo o comunicado exarado pela autarquia, a explicação para esta mudança implicou, sobretudo, o aumento de esplanadas na antiga praça velha, que tornavam exíguo o espaço para o desenvolvimento do certame.
Acontece que a Feira das Velharias ocorre uma vez por mês e ao quarto Sábado de cada mês. Seria de supor, portanto, que o critério da exiguidade seria válido para outros eventos a realizar na Praça do Comércio, Certo? Não, errado! Para a área que era insuficiente para as antiguidades durante um dia por mês, o Executivo licenciou a Feira das Cebolas, que tem a duração de uma semana. Mais, este acontecimento implica uma série de barracões que já há muito pedem substituição.
Relembro que a realização de compra e venda de artigos usados e antigos nesta velha praça decorre desde 1992. Graças ao empenho de Carlos Dias, Monsieur Velhustro, o nosso decano no coleccionismo da cidade, foi das primeiras feiras a acontecerem em Portugal depois da multi-centenária “Feira da Ladra”. Deveria haver algum respeito pela antiguidade e pelo hábito enraizado dos seus visitantes. Uma mudança de local como o que está acontecer pode ser-lhe fatal. Se hoje as feiras de rua caíram no exagero, a pontos de, pela oferta desmesurada, se destruírem umas às outras, esta de Coimbra deveria ter sido mais acarinhada pela Câmara Municipal.
É uma pena!


FIM DA HISTÓRIA



Encerrou neste fim-de-semana a Tabacaria Espírito Santo, no início da Rua Martins de Carvalho, ao lado do Café Santa Cruz. Uma família, reconhecidamente constituída por boas pessoas como o Jorge Martins e a esposa Madalena, as suas duas filhas -uma delas, a Rita acompanhado do namorado Diogo, estava mais presente no quiosque-, que desde há cerca de quatro décadas aqui foi organizada e acrescentada, vai deixar-nos. Ou, pelo menos, virão cá mas já sem o compromisso laboral e diário.
Embora possa haver continuidade com outro operador, é mais um estabelecimento que encerra, é mais gente da nossa gente que se vai e deixa uma tristeza danada.

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