REFLEXÃO:
A
recente polémica da compra de um edifício
com posterior requalificação e colocado à venda
com
um lucro considerado especulativo, que envolveu
um
vereador na Câmara Municipal de Lisboa em
representação
do Bloco de Esquerda e que levou à
sua
demissão, dá para apreender que, independentemente
da
sua posição estatutária, em sentido literal, todo o homem
é
um ser económico, um especulador em potência. Que acima
de
tudo, dos princípios e valores, prevalece o seu interesse
pessoal
projectado no proveito.
Por
estes dias, em que os jornais nos avivam a memória,
nem
que fosse em pensamento, já todos proferimos a frase
sacramental:
“são todos iguais!”. Mas seremos mesmo todos iguais?
É
óbvio que não. Há uns para mais e outros para menos. E é esta
diferenciação
que torna a humanidade tão encantadora.
Está
errado? Não, não está! Afinal todo o desenvolvimento e progresso
assenta
no paradigma “o que é que eu ganho com isso?”
Então,
se não está errado, o que provocou tanta celeuma?
Numa
frase curta: a incoerência. O tentar passar pelo buraco da agulha
depurativa. Fazer crer que, mesmo sendo humano, logo com os mesmos
defeitos
e virtudes, se está acima da suspeita do costume.
Apesar
de tudo, olhemos para este Robles, para outro Louçã, para
outro
Costa, para outro Cavaco e outros homens de poder que vão
caindo
na tentação da vantagem pessoal e tenhamos alguma compaixão.
Afinal
não serão tão diferentes assim de nós. Quem for diferente, que
atire a primeira pedra!
TRANSFERÊNCIA
Depois
de uns dias de interregno, abriu esta semana a sapataria “Bull’s
na Rua da Louça. Lembramos que Rui
Carvalho, o proprietário, já
estava presente na mesma artéria mas em outro espaço. Agora está na
desaparecida loja do Euro,
a dois passos do anterior que encerrou.
INSEGURANÇA
Na
semana passada, na noite de segunda para terça, o antigo quiosque Lobo e
agora Mellos, foi assaltado com recurso a arrombamento. Sem
especificar o montante, Guilherme Melo, o proprietário, de semblante
abatido, perante a minha interrogação do montante, foi lacónico:
“um valor muito considerável!”
Por
razões que lhe cabem e estão no âmbito do seu direito, embora esta
omissão devesse fazer pensar o Ministério da Administração
Interna, não foi apresentada participação na PSP. Não sendo
apresentada queixa, como é lógico, não vai contar para as
estatísticas, logo é uma não-inscrição, por outras palavras, é
um não-acontecimento, algo que não existiu. E as forças da ordem
estarão preocupadas com esta desmotivação do cidadão comum em não
participar um acto profundamente lesivo da sua vida empresarial?
Estou em crer que pouco lhes importa este lapso. Aliás, como a
segurança interna, desde há muito, passou a ser uma representação
mais formal, performativa e política assente em números, do que
material de substância, acredito que até se agradece.
O
que importa que um ou outro qualquer cidadão levasse um rombo no seu
pecúlio familiar? Ora! Ora! O que importa é que um qualquer assalto
com estragos é sempre um acto económico. Adivinhe-se quem, sem correr qualquer risco e sem nada
fazer, mais ganha? O Estado, naturalmente!
Se
quiser saber mais sobre este caso clique em cima.
CRITÉRIOS
CAMARÁRIOS
Embora
já tivesse escrito na semana passada sobre a deslocalização da
Feira das Velharias, da Praça do Comércio para o Terreiro da Erva,
volto a trazer à liça este mesmo tema.
Segundo
o comunicado exarado pela autarquia, a explicação para esta mudança
implicou, sobretudo, o aumento de esplanadas na antiga praça velha,
que tornavam exíguo o espaço para o desenvolvimento do certame.
Acontece
que a Feira das Velharias ocorre uma vez por mês e ao quarto Sábado
de cada mês. Seria de supor, portanto, que o critério da exiguidade
seria válido para outros eventos a realizar na Praça do Comércio,
Certo? Não, errado! Para a área que era insuficiente para as
antiguidades durante um dia por mês, o Executivo licenciou a Feira
das Cebolas, que tem a duração de uma semana. Mais, este
acontecimento implica uma série de barracões que já há muito
pedem substituição.
Relembro
que a realização de compra e venda de artigos usados e antigos
nesta velha praça decorre desde 1992. Graças ao empenho de Carlos
Dias, Monsieur Velhustro, o nosso decano no coleccionismo da cidade, foi das primeiras
feiras a acontecerem em Portugal depois da multi-centenária “Feira da
Ladra”. Deveria haver algum respeito pela antiguidade e pelo
hábito enraizado dos seus visitantes. Uma mudança de local como o
que está acontecer pode ser-lhe fatal. Se hoje as feiras de rua
caíram no exagero, a pontos de, pela oferta desmesurada, se
destruírem umas às outras, esta de Coimbra deveria ter sido mais
acarinhada pela Câmara Municipal.
É
uma pena!
FIM
DA HISTÓRIA
Encerrou
neste
fim-de-semana a
Tabacaria Espírito Santo, no início da Rua Martins de Carvalho, ao
lado do Café Santa Cruz. Uma família, reconhecidamente constituída
por boas pessoas como o Jorge
Martins e a esposa Madalena,
as suas duas filhas -uma delas, a Rita acompanhado do namorado Diogo,
estava mais presente no quiosque-, que desde há cerca de quatro
décadas aqui foi organizada e acrescentada, vai deixar-nos. Ou, pelo
menos, virão cá mas já sem o compromisso laboral e diário.
Embora
possa haver continuidade com outro operador, é mais um
estabelecimento que encerra, é mais gente da nossa gente que se vai
e deixa uma tristeza danada.
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