sexta-feira, 31 de agosto de 2018

EDITORIAL: HOJE ENCERRA A PASTELARIA SUIÇA, EM LISBOA

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, pessoas a caminharem e ar livre

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Segundo um post colocado no Facebook, encerra a hoje a Pastelaria Suíça, em Lisboa.
Fundado em 1922, este mítico estabelecimento despede-se dos lisboetas com um “até breve”, isto se vier a reabrir noutro local da capital.
Segundo notícias publicadas, “O encerramento estará relacionado com a venda de todo o quarteirão onde está inserida a Pastelaria Suíça. A notícia é de março — o fundo espanhol Mabel Capital, em que um dos investidores é o tenista Rafael Nadal, comprou todo o quarteirão por 62 milhões de euros, ou seja, cinco mil euros por metro quadrado.
Aqui pela Baixa de Coimbra, o que tinha relevância comercial já claudicou na última década por insuficiência económica, isto é, em muitos casos, o facto de o negócio não estar assente em sede com contrato de arrendamento não impediu o seu encerramento. A conjuntura, com a intervenção da Troika e que forçou a redução drástica dos rendimentos das famílias, foi o vírus que arrasou e levou ao fecho da maioria de negócios em Coimbra.
Pelo facto de já não haver na Baixa qualquer loja que mereça protecção especial, daí entendermos porque, para além das repúblicas estudantis, não haver nenhum pedido na Câmara Municipal de Coimbra para classificação de qualquerLoja com história”.
Mas a marcar toda a diferença há um pequeno detalhe que convém salientar: nem agora com este Governo nem com os anteriores, de Passos Coelho, de Sócrates, de Santana Lopes, Durão Barroso -só lembrando os dos últimos vinte anos-, qualquer deles alguma vez manifestou o mínimo interesse em preservar para memória futura, para os vindouros, os estabelecimentos com história. Qualquer deles, e sobretudo José Sócrates com o Novo Regime de Arrendamento Urbano de 2006, em que o actual primeiro-ministro, António Costa, era o ministro da Administração Interna, limitaram-se a chutar para a frente a bola de trapos cancerígena, com metástases, que já vinha da primeira República. Desde 1910 que o arrendamento tem sido um instrumento de manipulação de inquilinos ao serviço de políticos sem escrúpulos.
Escrevendo sobre o mais recente que se conhece, a partir de Sócrates, em 2006, e passando pela conhecida “Lei Cristas”, de 2012, que descongelou as rendas anteriores a 1990 e estabeleceu uma moratória de cinco anos, que terminava em 2017. Ora, o que fez este actual Governo de António Costa? Mostrando que o Estado não é pessoa de bem e que não cumpre, aumentou o período de transição para mais cinco anos, para 2022.


E O ÓNUS VAI PARA…?


O que está a acontecer com o catastrófico esvaziamento das cidades nas partes habitacional e comercial são o resultado de parcelas numa adição política com mais de um século. É o fruto de uma classe política medíocre, que, falando da apregoada democracia, desde os comunistas, no verão quente de 1975, passando pelo PS e PSD, até ao CDS, por responsabilidade de Assunção Cristas em 2012, elegeram sempre os proprietários como elo mais fraco, uma espécie de patrocinadores sociais dos inquilinos, ocupando por decreto ditatorial o lugar da Segurança Social.
Agora, que o desastre está a destruir cidades inteiras e não há solução, o que fazem os líderes partidários? Acusam-se uns aos outros, ou passam o ónus para os proprietários. E enquanto se guerreiam entre si ou tentam que a culpa morra solteira para distrair o povo, o genocídio continua.
Termino com um vitupério destinado aos políticos, actuais e aos que passaram pelo poder nas últimas décadas, sempre que escrevo sobre arrendamento urbano: VÃO-SE FODER!

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