Segundo
um post colocado no Facebook, encerra a hoje a Pastelaria Suíça, em
Lisboa.
Fundado
em 1922, este mítico estabelecimento despede-se dos lisboetas com um
“até breve”, isto se vier a reabrir noutro local da
capital.
Segundo
notícias publicadas, “O
encerramento estará relacionado com a venda de todo o quarteirão
onde está inserida a Pastelaria Suíça. A notícia
é de março — o fundo espanhol Mabel Capital, em que um dos
investidores é o tenista Rafael Nadal, comprou todo o quarteirão
por 62 milhões de euros, ou seja, cinco mil euros por metro
quadrado.”
Aqui
pela Baixa de Coimbra, o que tinha relevância comercial já
claudicou
na última década por
insuficiência económica, isto é, em muitos casos, o facto de o
negócio não estar assente em sede com contrato de arrendamento não
impediu o seu encerramento. A conjuntura, com
a intervenção da Troika e que forçou a redução drástica dos
rendimentos das famílias,
foi o vírus que arrasou e levou ao fecho da maioria de negócios em
Coimbra.
Pelo
facto de já não haver na Baixa qualquer loja que mereça protecção
especial, daí entendermos
porque, para
além das repúblicas estudantis,
não haver nenhum pedido na Câmara Municipal de Coimbra para
classificação de qualquer
“Loja com história”.
Mas
a marcar toda a diferença há um pequeno detalhe que convém
salientar: nem agora com este Governo nem com os anteriores, de
Passos Coelho, de
Sócrates, de Santana Lopes, Durão Barroso -só lembrando os dos últimos vinte anos-, qualquer deles alguma
vez manifestou o mínimo interesse em preservar para memória futura,
para os vindouros, os estabelecimentos com história. Qualquer deles,
e sobretudo José Sócrates com o Novo Regime de Arrendamento Urbano
de 2006, em
que o actual primeiro-ministro, António Costa, era o ministro da
Administração Interna,
limitaram-se a chutar para a frente a bola de trapos cancerígena,
com metástases,
que
já vinha da primeira República. Desde 1910 que o arrendamento tem
sido um instrumento de manipulação de inquilinos ao serviço de
políticos sem escrúpulos.
Escrevendo
sobre o mais recente que se conhece, a partir de Sócrates, em 2006,
e passando pela conhecida “Lei
Cristas”,
de 2012, que descongelou
as rendas anteriores a 1990 e estabeleceu uma moratória de cinco
anos, que terminava em 2017. Ora, o que fez este actual Governo de
António Costa? Mostrando que o Estado não é pessoa de bem e que
não cumpre, aumentou o período de transição para mais cinco anos,
para 2022.
E
O ÓNUS VAI PARA…?
O
que está a acontecer com o catastrófico esvaziamento das cidades
nas partes habitacional e comercial são o resultado de parcelas
numa
adição política com mais de um século. É o fruto de uma classe
política medíocre, que, falando
da apregoada democracia,
desde os comunistas, no verão quente de 1975, passando
pelo PS e PSD, até
ao CDS, por responsabilidade
de Assunção
Cristas
em 2012, elegeram sempre os proprietários como elo mais fraco, uma
espécie de patrocinadores sociais dos inquilinos, ocupando por decreto ditatorial o lugar da Segurança Social.
Agora,
que o desastre está a destruir cidades inteiras e não há solução,
o que fazem os líderes partidários? Acusam-se uns aos outros, ou passam o ónus para os proprietários. E
enquanto se guerreiam entre si ou tentam que a culpa morra solteira para distrair o povo, o genocídio continua.
Termino
com um vitupério destinado aos políticos, actuais e aos que
passaram pelo poder nas últimas décadas, sempre
que escrevo sobre arrendamento urbano: VÃO-SE
FODER!
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