terça-feira, 7 de agosto de 2018

BAIXA: ABRAM ALAS E DEIXEM PASSAR O SENHOR TURISTA






Em grandes grupos familiares, quase todos de calções abaixo do joelho, calçado ligeiro nos pés, mochila às costas e smartphone sempre em riste para apanhar uma boa imagem, nestes primeiros dias de Agosto, de nariz no ar e atentos a qualquer movimentação acima do olhar comum, estão a invadir todos os cantos e recantos da Baixa. Nas cabeças predomina o chapéu de abas largas, a proteger da canícula, trazendo à memória montanheses, como investigadores, fazem lembrar Harrison Ford em busca da arca perdida.
Nas ruas a mistura de línguas faladas onde o português parece envergonhado e mal se ouve, preparando um audível caldinho universal de culturas, faz de Coimbra uma cidade cosmopolita. Por estes dias são às centenas, senão em milhares. São os turistas “low costda nova vaga.
Contrariamente a épocas passadas, em que se tornavam notados a partir de meados de Julho, este ano tardaram mas não faltaram. Vêm em massa.
Não procuram fazer grandes compras, até porque as viagens de avião não o permitem, mas sempre vão discutindo as promoções e os preços baixos para peças de pequeno volume. Discutem até à exaustão um desconto sobre o preço marcado. Como em sonda de um paradisíaco oásis, pesquisam explanadas onde se possa suportar o intenso calor que tem fustigado o burgo e o país para ingerir líquidos. Alguns, para experimentar a nossa tão afamada cozinha tradicional procuram afincadamente o que resta das antigas tabernas. Não encontrando, sentam-se em qualquer restaurante, sobretudo desde que tenha cadeiras ao ar livre. Aqui, talvez em maioria, procuram gastar o menos possível, colocando completamente de lado as entradas, e o recurso a sanduíches é uma constante.
Entrando nas lojas comerciais em magote, com os miúdos a mexerem e a remexerem em tudo o que ressalta à vista, são recebidos pelo já tradicional: “bom dia! Fala português?”. Quando respondem à questão formulada, agem com a mesma displicência descontraída como se comportam num museu. Quem está é tratado como invisível, ou figura de cera, e não merece um “olá”. Sem pedir autorização, tiram fotos e mais fotos. Envolvidos num silêncio avassalador, saem da mesma forma que entraram.
Se for igual a outros anos, este fluxo manter-se-á durante todo o mês. A partir do final de Agosto a sua permanência será sempre em decrescendo até ao Outono, em que, tal como as andorinhas, regressarão a outros climas mais propícios a seus costumes e hábitos familiares. Numa nova cadência tão nossa conhecida, pela Primavera regressarão novamente ao nosso convívio.
Sejam bem-vindos visitantes do planeta à nossa cidade. Apesar de se manterem pouco tempo entre nós, Coimbra, lugar comum e a fazer parte dos grandes roteiros internacionais, saúda-vos!

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