Em
grandes grupos familiares, quase todos de calções abaixo do joelho,
calçado ligeiro nos
pés, mochila às costas e
smartphone
sempre em riste para
apanhar uma boa imagem,
nestes primeiros dias de Agosto, de
nariz no ar e atentos a qualquer movimentação acima
do olhar comum,
estão a invadir todos os cantos e
recantos da Baixa. Nas cabeças
predomina o chapéu de abas largas, a proteger da canícula, trazendo
à memória montanheses, como
investigadores, fazem lembrar
Harrison Ford em busca da arca
perdida.
Nas
ruas a mistura de línguas faladas onde o português parece
envergonhado e mal se ouve, preparando um
audível caldinho
universal de culturas,
faz de Coimbra uma cidade
cosmopolita. Por estes dias são
às centenas, senão em
milhares. São
os turistas “low cost”
da nova vaga.
Contrariamente
a épocas passadas, em que se tornavam notados a partir de meados de
Julho, este ano tardaram mas não
faltaram. Vêm em massa.
Não
procuram fazer grandes compras, até porque as viagens de avião não
o permitem, mas sempre vão
discutindo as promoções e os preços baixos para
peças de pequeno volume. Discutem
até à exaustão um desconto sobre o preço marcado. Como em sonda
de um paradisíaco oásis,
pesquisam explanadas onde se possa
suportar o intenso calor que tem fustigado o burgo e o país para
ingerir líquidos. Alguns, para
experimentar a nossa tão afamada
cozinha tradicional procuram
afincadamente o que resta das antigas tabernas. Não encontrando,
sentam-se em qualquer restaurante, sobretudo desde que tenha cadeiras
ao ar livre. Aqui, talvez em maioria, procuram gastar o menos
possível, colocando completamente
de lado as
entradas, e o recurso a
sanduíches é uma constante.
Entrando
nas lojas comerciais em magote,
com os miúdos a mexerem e a
remexerem em tudo o que ressalta
à vista, são
recebidos pelo já tradicional: “bom
dia! Fala português?”.
Quando respondem à questão formulada, agem com a mesma displicência
descontraída como se comportam num museu.
Quem está é tratado como
invisível, ou figura de cera, e não merece um “olá”.
Sem pedir autorização, tiram fotos e mais fotos. Envolvidos num
silêncio avassalador, saem da mesma forma que entraram.
Se
for igual a outros anos, este fluxo manter-se-á durante todo o mês.
A partir do final de Agosto a sua permanência será sempre em
decrescendo até ao Outono, em que, tal como as andorinhas,
regressarão a outros climas mais propícios a seus costumes e hábitos familiares. Numa nova cadência
tão nossa conhecida, pela Primavera regressarão novamente ao nosso convívio.
Sejam
bem-vindos visitantes do planeta à nossa cidade. Apesar de se
manterem pouco tempo entre nós, Coimbra, lugar comum e a fazer parte
dos grandes roteiros internacionais, saúda-vos!
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