quarta-feira, 15 de julho de 2015

UMA BAIXA EMPORCALHADA





Hoje, para não variar, e o mesmo desde há vários meses, cerca das 9h30, mais uma vez, o lixo estava espalhado no asfalto do Largo da Freiria. Tal como nas vezes anteriores, o primeiro pensamento foi: que se lixe! Para que estou eu a chatear-me? Estou farto de apanhar os detritos dos outros. Parece que andam a gozar com a minha cara. Porra, há cerca de duas semanas liguei para a Polícia Municipal (PM), prometeram mandar um agente e não fizeram nada. Escrevi uma carta ao vereador e a situação mantém-se igual. Vou deixar ficar assim! Mas logo a seguir, provavelmente por uma consciência desconhecida –ou para ficar bem na fotografia e ganhar créditos para um lugar no Céu-, o meu espírito foi atormentado: não faças isso! Todos somos um exemplo para alguém. Aqueles restos de alimentos espalhados pelo chão vão atrair animais. A cidade é um espaço de fruição de todos mas individualmente temos responsabilidade em mantê-la limpa!
Repetindo o mesmo procedimento do dia 1 de Julho, último, remexi o lixo em busca de um papel identificativo e encontrei. Verifiquei que já tinha avisado aquela família para não colocar o entulho fora de horas. Varri os vidros, juntei as cascas de batata e as roupas velhas e coloquei dentro de novos sacos. Tal como no primeiro de Julho, liguei para a PM e falei com uma agente. Mais uma vez expliquei o que me levou a telefonar. Fui dizendo que tinha a identificação do infractor e que mandassem um agente para, no mínimo, admoestá-lo para o desincentivar a prevaricar. Com a mesma lengalenga que usei anteriormente, fui pregando que não era partidário da educação e formação com cacete mas, quando as pessoas não querem aprender e depois de persuadidas, devem pagar pelos seus erros. Mais uma vez a agente Dina Simões, depois de ironicamente me perguntar se eu queria que fosse a PM a limpar o lixo, prometeu mandar alguém para tomar conta da ocorrência. E mandou mesmo. Valha-nos Deus, a coisa correu melhor. Cerca do meio-dia chegou a agente Ana Batalha e, com muita competência, falou com o infractor e deixou bem claro que desta vez era uma simples admoestação, na volta, se não cumprisse com o horário estabelecido –que é, diariamente, entre as 19h00 e as 22h00-, na próxima era a doer.
Agora, novamente, vou dirigir-me ao vereador do Pelouro do Ambiente, da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Cidade. Começo por lhe propor uma ideia: apele às Águas de Coimbra para, sempre que alguém vá contratualizar os serviços de água, que os novos contraentes sejam informados dos horários de recolha de lixo na zona correspondente à sua habitação.
A seguir, na última carta que lhe escrevi, meu caro, plasmava que o que me movia era, no futuro, ganhar um lugarzito bem remunerado, como assessor, por exemplo, quando o meu amigo for presidente da Câmara Municipal –porque vai sê-lo, escreva  aí! Mas como a política é como um balde de pipocas e está tudo muito complicado, resolvi partir para o imediato. Como praticamente todos os dias apanho despejos, acho que mereço, por direito, o amigo vereador deve estabelecer um pequeno ordenado para a minha função. A menos que, claramente, queira ser acusado de se aproveitar de uma pobre alma inocente e voluntariosa. Para além disso, pela larga experiência acumulada, já me considero um Sherlock Holmes dos enigmas excedentários. Isto para lhe dizer que se está a perder um talento e, por isso mesmo, já que não há ninguém disponível nem com a minha envergadura no Departamento de Higiene, proponho-lhe que me nomeei inspector especial de salubridade urbana. Quanto ao ordenado, meu caro, quaisquer mil euritos me bastam. Sou um tipo humilde e passo com pouco. 

1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo

Irra, será possível? Em Coimbra? Na cidade da cultura?
É que perguntam alguns, mas que tem este emigrante a ver com isto? Respondo eu, muito, até que fosse pinguin e tivesse nascido na Antártica, relembro que falo de património mundial. Coimbra passou a ser do mundo e parece que para a preservar e ao mundo mostrar temos que lhe retirar estes animais e fecha-la a cadeado para depois a abrir periodicamente para que se possa visitar!
Qualquer dia o amigo vai-me informar que se atiram detritos pelas janelas fora.
O amigo dirige-se e exige sempre das autoridades e dos serviços camarários que resolvam o problema, com todo o respeito discordo, use essa energia com a vizinhança. Eles são quem não pode admitir tal. Eles são quem mais pressão pode exercer nestas ordinarices. A maioria de nós preocupa-se muito com o que se diz de nós mesmos especialmente gente do calibre dos que esporcam o nosso redor. É por não gostarem do julgo dos outros que o fazem às escondidas. As autoridades e serviços públicos são pagos por todos nós! Sendo assim todos temos o dever e direito de exigir civismo a quem não o tem que não nos aumentem essa factura .

50 anos depois de apregoado, já não é sem tempo que deveríamos deixar de pensar o que é que o país e neste caso a autarquia pode fazer por nós mas o que é que nós podemos fazer pelo país e a autarquia, que é o lugar em que vivemos, o nosso "lar maior".

Um grande abraço, hoje triste
Álvaro José da Silva Pratas Leitão