sábado, 11 de agosto de 2018

BAIXA: APUNHALADO AO ENTARDECER




Nesta última quinta-feira, cerca das 18h00, no Beco das Canivetas, que dá ligação entre a Cozinha Económica e a Rua Adelino Veiga, um indivíduo de “cerca de cinquenta anos”, alegadamente, foi apunhalado com várias facadas. Foi o 112, com uma ambulância, que o apanhou muito ferido e levou para os HUC, Hospitais da Universidade de Coimbra.
Embora as informações sejam difíceis de obter, confirma-se que, de facto, foi mesmo trespassado e cortado com vários golpes no corpo – há várias pessoas que viram o homem caído no asfalto e a esvair-se em sangue. Sabe-se também que a vítima é (foi) um indivíduo de apelido Grilo, um sem-abrigo que dormia na reentrância das montas da desaparecida loja de brinquedos Românica. Hoje, por aqui pela Baixa, consta-se, de boca-em-boca, que teria morrido no hospital. Como não se sabe o nome por inteiro, por parte da unidade de saúde, não foi possível saber o seu estado clínico e se teria mesmo falecido.


COMERCIANTES NA ZONA MUITO PREOCUPADOS


Muito sublinhado o pedido de anonimato, sem darem a cara, alguns dos operadores da zona, mostrando muita preocupação com a degradação que está a acontecer nas ruas e becos estreitos paralelos à Rua Adelino Veiga, sempre vão adiantando: “olhe, pelo facto de não ter vindo nada nos jornais diários, por um lado, ainda bem. Quanto menos se souber melhor. Por este andar, qualquer dia não temos pessoas a virem para esta zona durante a tarde. Polícia nem vê-la! Por aqui, precisamente por causa desta e de outras ocorrências, as lojas estão a fechar cada vez mais cedo. Mas, se vai escrever, incida sobretudo naquela miséria das montras da Românica. Aquilo é um ninho de promiscuidade e, como está decorrer um litígio em tribunal entre o proprietário e o antigo arrendatário, nenhum deles quer saber do que se está passar. Quem está a sofrer com este abandono a que a área está votada por parte da PSP são os comerciantes. Nós é que apanhamos com tudo isto.”


MAS A BAIXA É INSEGURA?


À pergunta formulada, com toda a convicção baseada em verdade, como trabalhador e morador, posso responder que não é insegura, seja de dia ou de noite. As escaramuças que existem – como foi o caso há dias na Rua dos Oleiros e agora esta - mesmo que impliquem grande violência envolvem sujeitos ligados ao tráfico de droga e sem-abrigo. Como tal acontece em tudo o que seja lugar habitado, estes desmandos devem ser encarados, entre outros, como consequência de uma desertificação acentuada de residentes e insuficiência de políticas sociais que vão ao encontro de uma solução para a toxicodependência.
Complementando ainda a resposta à interrogação supra, no entanto, há um pormenor que me serve de extrema importância na minha classificação: conheço muita gente, seja bem instalada na vida ou sem-tecto. Por conseguinte, quando assim é, quando pisamos o nosso terreno, sentimo-nos sempre mais seguros.
Mas, então, acresce uma pergunta: e se eu não estivesse no meu meio, como me sentiria? Pois! Aqui é que bate. Sobretudo ao cair da tarde, depois das lojas encerrarem, e com o manto negro da noite instalado sobre as cabeças, se eu fosse visitante teria medo. Sobretudo nestas vielas e becos, pouca gente se avista – e os que se encaram são façanhudos e mal-encarados. Ora é aqui que a PSP, enquanto paradigma da segurança, falha redondamente no cumprimento do seu dever de elemento tranquilizador da população, seja autóctone ou outra.
Sabe-se, ou é fácil de saber, que neste Agosto, devido ao turismo, a população flutuante na Baixa terá triplicado diariamente. Ora, seria de supor que o Comando Distrital da PSP de Coimbra nomeasse mais agentes para patrulhar a zona histórica. Acontece que se durante o dia só por sorte damos de caras com agentes, então, à noite nem pensar. Os motivos projectados na falta de meios humanos e instrumentais a nível nacional são conhecidos e basta lê-los nos jornais diários. Se, por um lado, somos obrigados a entender, por outro, constatando certos acontecimentos, ainda que carecentes de provas, damos por nós a reflectir sobre o estado da nossa segurança interna.
Ainda ontem, no Facebook, foi postado o seguinte: “Pela manhã uma amiga vinha do Pátio da Inquisição onde deixou a filha no infantário, e junto à Caixa Geral de Depósitos deparou com uma sessão de pancadaria entre vários adultos, sendo que um deles tinha uma criança ao colo. Correu à polícia preocupada com a criança. Como a polícia não vinha voltou lá. A explicação dos agentes é que tinham chamado o piquete, que tinha ido buscar um veículo para se dirigir à ocorrência.
Um veículo? A 30 segundos a pé da confusão?
Teria sido verdade? Teria sido mentira? Não faço ideia! O que sei é que narrativas como estas fragilizam a corporação PSP.
O senhor Comandante Interino, a bem de toda a colectividade e da própria polícia, deveria mandar investigar. Acontecimentos como estes não podem nem devem ocorrer.


1 comentário:

Ponzi disse...

Esse Grilo é um que pedia na Visconde da Luz?