Inserido nas Festas da Cidade, durante vários
dias, alguns técnicos da autarquia, acompanhados de voluntários e
representantes de instituições de solidariedade e participantes no projecto “III Festival de Croché Social de Coimbra”,
alindaram a Baixa enfeitando os Largos do Poço, da Freiria e de Eduardo Coelho
e também com bicicletas ornamentadas na Praça 8 de Maio. No Dia da Cidade, Sábado,
4 de Julho, tudo estava pronto para ser inaugurado. De salientar que falamos de
vários trabalhos feitos manualmente por pessoas de boa-vontade, mais que certo, por idosos
utentes das instituições, em alguns casos, perfeitas obras de arte.
Logo na sexta-feira, no Largo da Freiria, de
um carrinho de bebé todo forrado a croché, foi furtado um menino. Neste fim-de-semana,
para além do desaparecimento de várias peças e que notoriamente foram
intencionalmente levadas, foram destruídos pendões no Largo da Freiria e no
largo da Rua Eduardo Coelho, junto ao estabelecimento Praça Nova.
As questões que se colocam são variadas.
Numa certa irritação, projectada na responsabilidade dividida entre os
benfeitores que planeiam e os malfeitores que arrasam, poderemos começar por interrogar
o que move o facínora? É o prazer sádico de destruir? É o gozo, a adrenalina,
de furtar?
Por parte de quem arquitecta
estes eventos não deveria haver lugar à protecção destes bens? Não faria
sentido, pelo menos nesta altura, colocar aqui um ou dois agentes da PSP
durante a noite? Deixar passivamente, ao Deus dirá, o resultado de tantas horas
de tantas dezenas de pessoas não é um profundo desrespeito por quem as fez com
tanto amor?
Se os antecedentes são mais do
que muitos, porque é que continuamos nas mãos de energúmenos destruidores da
cultura e nada se faz? Acho que, de uma vez por todas, o poder local, de duas opções,
tem de tomar uma posição: ou faz e defende com competência, castigando
duramente quem arrasa bens públicos, ou, de uma vez por todas, não faz. Claro
que, escolhendo esta última, está a claudicar perante vândalos mas, se é frouxo e é incompetente para conter a criminalidade, de uma vez por todas, admita que o
é! –e aqui poderemos especular que esta ineficácia visa fins mais alargados, ou
seja: privatizar completamente a segurança de pessoas e bens. Se é esta a
intenção, assuma-se de vez e não se continue a arreganhar a taxa para quem faz alguma coisa.
Já temos tradição de andar a fugir do
vandalismo. Os exemplos na cidade são imensos. Para amostragem, basta lembrar o
que se passou, nos últimos anos, com o presépio de Cabral Antunes. Ao lado de
uma esquadra de Polícia, furtaram o menino e, por várias vezes, destruíram vários
elementos –note-se que falamos de peças gigantes, na proporcionalidade de
humanos. Numa incapacidade escandalosa, num render em face do pior, para fugir
a certos filhos da mãe -para não dizer filhos de alguma puta menos séria,
porque aqui não se escrevem maldades-, foi enclausurado numa montra do Museu
Municipal do Chiado. Vamos continuar a fugir até quando?
Por que razão é que a
administração é forte com quem trabalha e produz e fraca com quem nada faz,
nada produz e devasta o que tanto custa a erigir?
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