“A
dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e
consciência” –Marquês de Maricá.
O que faz mover o mundo é o interesse. A
procura do proveito individual, na maioria das vezes, faz de nós predadores,
frios soldados capazes de esmagar o outro com a biqueira da bota. Onde melhor
podemos avaliar a forma de cada um proceder é numa relação bilateral de compra
e venda. Enquanto compradores, como se ficássemos desprovidos de moral e ética e como
se a consciência dos nossos actos estivesse suspensa, num vale tudo sem nos
preocuparmos com o opositor, esmiframos o vendedor até ao tutano. Numa primeira
fase, que pode demorar décadas, vangloriamo-nos e sentimo-nos ufanos dos feitos
e do talento brilhante para a negociação. Numa segunda etapa, inevitavelmente, um
dia –porque tomaremos o lugar do outro, ou não- sentiremos o remorso de um caso
ou outro, no passado, em que ultrapassou os níveis da decência e do calculismo despudorados. É este sentimento de culpa que no último terço da nossa vida poderá fazer de nós seres incessantes em busca da luz interior do perdão e da redenção.
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