quinta-feira, 30 de julho de 2015

PENSAMENTO DO DIA (4)





“A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência” –Marquês de Maricá.
O que faz mover o mundo é o interesse. A procura do proveito individual, na maioria das vezes, faz de nós predadores, frios soldados capazes de esmagar o outro com a biqueira da bota. Onde melhor podemos avaliar a forma de cada um proceder é numa relação bilateral de compra e venda. Enquanto compradores, como se ficássemos desprovidos de moral e ética e como se a consciência dos nossos actos estivesse suspensa, num vale tudo sem nos preocuparmos com o opositor, esmiframos o vendedor até ao tutano. Numa primeira fase, que pode demorar décadas, vangloriamo-nos e sentimo-nos ufanos dos feitos e do talento brilhante para a negociação. Numa segunda etapa, inevitavelmente, um dia –porque tomaremos o lugar do outro, ou não- sentiremos o remorso de um caso ou outro, no passado, em que ultrapassou os níveis da decência e do calculismo despudorados. É este sentimento de culpa que no último terço da nossa vida poderá fazer de nós seres incessantes em busca da luz interior do perdão e da redenção.

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