(Imagem da Web)
A meu ver, de uma maneira geral as noites
animadas na Praça 8 de Maio, quinta, sexta e sábado, têm sido diversificadas e de
qualidade, nomeadamente com grupos etnográficos e fados. Os eventos começam às
22h00 e são da responsabilidade da Câmara Municipal de Coimbra. Na
generalidade, o público tem acorrido e preenchido o histórico terreiro que se
proporciona extraordinariamente para estes espectáculos ao ar livre.
Na quinta-feira passada realizou-se uma mostra
de fados de Coimbra –o que, saliente-se, é uma boa aposta na divulgação da
canção coimbrã-, que se prolongou até cerca das 23h00, e a seguir passou o
filme português “Capas Negras”, com
Amália Rodrigues e um vasto elenco de actores portugueses já desaparecidos.
Quando terminou o filme só restavam cerca de meia-dúzia de espectadores.
Estrangeiros nem um. Porquê?
Ora, o que me levou a escrever esta crónica é
que por vezes uma ideia excelente, se for apresentada fora do tempo e
desenquadrada do ambiente em que se insere, pode ser logo destruída na primeira
apresentação. A passagem de filmes ao ar livre, pela recorrência à memória dos
mais carregados de primaveras, é um projecto fantástico e que deve ser
continuado sem desistir. O que é preciso é acertar pequenas agulhas que
correram mal nesta primeira vez. E o que correu mal? Interrogará o leitor. Vou
explicar. No meu entendimento, as quintas-feiras, em princípio, deveriam ser
destinadas apenas à passagem de um filme. Esta fita, como se calcula, não pode
ser apenas destinado aos nacionais –como foi o “Capas Negras” de quinta-feira última e que não tinha legendas. Deve
ser sempre um filme com legendas, de modo a abarcar o maior leque de turistas nacionais
e estrangeiros. Em vez de começar às 22h00, deveria iniciar sempre às 21h30.
Neste dia, de quinta-feira, não se deveria realizar mais nenhum espectáculo
cénico –ou, se por obrigação contratual e já programado, neste caso e só neste
dia, passarem para a Praça do Comércio, nas escadas da Igreja de São Tiago.
Admito ainda o contrário: os filmes passarem a ser visionados na Praça do
Comércio e na Praça 8 de Maio ficarem os fados e o folclore.
Que não se deixe cair o animatógrafo por ter
corrido mal na primeira vez. É preciso manter o velho cinema paraíso. Quantos
dos mais velhos, na década de 1970, não se lembram dos filmes vistos no pátio
dos Bombeiros Voluntários?
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