terça-feira, 14 de julho de 2015

AS NOITES CULTURAIS NA PRAÇA

(Imagem da Web)



A meu ver, de uma maneira geral as noites animadas na Praça 8 de Maio, quinta, sexta e sábado, têm sido diversificadas e de qualidade, nomeadamente com grupos etnográficos e fados. Os eventos começam às 22h00 e são da responsabilidade da Câmara Municipal de Coimbra. Na generalidade, o público tem acorrido e preenchido o histórico terreiro que se proporciona extraordinariamente para estes espectáculos ao ar livre.
Na quinta-feira passada realizou-se uma mostra de fados de Coimbra –o que, saliente-se, é uma boa aposta na divulgação da canção coimbrã-, que se prolongou até cerca das 23h00, e a seguir passou o filme português “Capas Negras”, com Amália Rodrigues e um vasto elenco de actores portugueses já desaparecidos. Quando terminou o filme só restavam cerca de meia-dúzia de espectadores. Estrangeiros nem um. Porquê?
Ora, o que me levou a escrever esta crónica é que por vezes uma ideia excelente, se for apresentada fora do tempo e desenquadrada do ambiente em que se insere, pode ser logo destruída na primeira apresentação. A passagem de filmes ao ar livre, pela recorrência à memória dos mais carregados de primaveras, é um projecto fantástico e que deve ser continuado sem desistir. O que é preciso é acertar pequenas agulhas que correram mal nesta primeira vez. E o que correu mal? Interrogará o leitor. Vou explicar. No meu entendimento, as quintas-feiras, em princípio, deveriam ser destinadas apenas à passagem de um filme. Esta fita, como se calcula, não pode ser apenas destinado aos nacionais –como foi o “Capas Negras” de quinta-feira última e que não tinha legendas. Deve ser sempre um filme com legendas, de modo a abarcar o maior leque de turistas nacionais e estrangeiros. Em vez de começar às 22h00, deveria iniciar sempre às 21h30. Neste dia, de quinta-feira, não se deveria realizar mais nenhum espectáculo cénico –ou, se por obrigação contratual e já programado, neste caso e só neste dia, passarem para a Praça do Comércio, nas escadas da Igreja de São Tiago. Admito ainda o contrário: os filmes passarem a ser visionados na Praça do Comércio e na Praça 8 de Maio ficarem os fados e o folclore.
Que não se deixe cair o animatógrafo por ter corrido mal na primeira vez. É preciso manter o velho cinema paraíso. Quantos dos mais velhos, na década de 1970, não se lembram dos filmes vistos no pátio dos Bombeiros Voluntários?

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