Não percebo, sinceramente, a razão de não ter
sido incluído nas listas de deputados à Assembleia da República pelo Partido
Socialista. Digo e escrevo sempre bem –mesmo que pense o contrário do
secretário geral, António Costa. Até no afiar de espadas. E Costas há muitos mas como o de Lisboa são raros.
Mesmo que considere que o António José Seguro
é um beirão de têmpera e, ao não aceitar ser incluído nas listas, deu uma lição
de moral e ética ao seu sucessor não o elogio para não desagradar ao Costa.
Faço tudo para ser amigo do peito do presidente da Câmara Municipal de Coimbra,
Manuel Machado, o gerente disto tudo –e até já fiz uma promessa de ir a Fátima e rezar a Nossa
Senhora se ele for para ministro e ceder o seu lugar a outro. Bem sei que ele
era da linha segurista mas eu não sou
tipo de rancores. E sempre estive ao seu lado. Faço tudo para estar sempre de acordo com Machado. E até defendi que lhe fosse erigida uma estátua. Ainda
agora quando ele se insurge contra as declarações do primeiro-ministro, Senhor dos Passos Titubeantes, a
declarar que está programado transferir serviços do tribunal para o antigo
Hospital Pediátrico, estou completamente ao lado de Machado. Os amigos são
assim. Ele é o meu ícone urbano, carago! –é certo que às vezes ele torce o
nariz aos meus apoios, mas isso, para aqui, não interessa nada.
É verdade também que, apesar de já ter feito
umas reclamações na Entidade Reguladora
dos Serviços de Águas e Resíduos contra as Águas de Coimbra, é preciso ver
que nunca pretendi atingir o chefe, o meu ídolo Pedro Coimbra. Gosto deste
homem, é um homem de sucesso –é por isso mesmo que estou sempre, sempre, noite
e dia, ao seu lado. Se fosse um simples militante de base não lhe ligava
nenhuma. Uma pessoa safa-se é com os importantes. Dos simplórios não reza a
história.
Gosto de Carlos Cidade, o número três na
autarquia, e até já escrevi várias vezes que gostava de o ver na cadeira mais
alta da Praça 8 de Maio –tenho de confessar que estou à espera de um lugarzito
de assessor mas, como sou humilde, qualquer um me serve desde que dê um
rendimento de mil euritos.
Já fui mais amigo do que agora de Helena
Freitas, a número um na lista à Assembleia da República e escolhida pelo grande
Costa. As nossas relações de amizade estavam um bocado esfriadas, como quem diz
no congelador, mas agora, agora que sei que vou ouvir a sua voz doce no hemiciclo,
já me passou tudo. I love you Helena.
Sou um tipo completamente desinteressado. Razão tinha a minha mãezinha quando
dizia: “ai Toino, Toino! És tão
desligado! Nunca há-des ser deputado da Nação, carago!”
Porque será que não fui incluído na lista? Sou
um gajo bem-parecido e até tenho boa lábia! Na minha rua sou o maior da
cantareira! Isto só pode ser mesmo conspiração! Não consigo entender este
desprezo pela minha pessoa! Nem me admira! Os bons, como eu, ficam sempre na
prateleira!
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