Eusébio da Silva Ferreira, pelos feitos
futebolísticos na segunda metade do século XX, repousa no Panteão Nacional. O
que é que se vai fazer com Cristiano Ronaldo? Por que, universalmente, lhe
reconhecemos uma maior projecção internacional do que o grande craque do Benfica,
quer dizer que o madeirense CR7 já tem um gavetão garantido no Mosteiro dos Jerónimos?
Se Eusébio, enquanto vivo, fosse mais
interventivo politicamente teria sido tão abençoado por todos os partidos com
assento parlamentar? Não haverá um declarado aproveitamento de todos, uma
elevação transcendental bacoca da nova democracia? Salazar não fez o mesmo? Não
usou Eusébio como símbolo Nacional? Neste abusado uso do homem humilde, o que
difere este sistema democrático do autoritário Antigo Regime?
Se o internacional benfiquista fosse branco
iria, da mesma forma, para o Panteão Nacional? Não haverá aqui uma certa
discriminação positiva, um racismo ao contrário, uma exagerada homenagem do
grande e generoso chefe branco sobre o menino pobre e negro? Uma projecção de
culpa em acto de contrição, um colectivo lavar da alma?
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