Já escrevi sobre este pária no fim do mês passado, aqui. No princípio deste mês, de Outubro, publiquei o texto n’ODespertar. A semana passada, em crónica irónica, voltei a escrever e a insistir no seu estado de doença eminente.
Se fosse um gato, um cão, um porco, uma galinha, mais que certo, várias pessoas condoídas, em associação, teriam corrido em seu auxílio. Como é um “reles” humano ninguém foi em seu socorro.
Neste último domingo, de manhã, e
passados mais de 25 dias, o António José Vaz Monteiro foi acometido de doença
súbita e em estado grave, de urgência e transportado pelo INEM, foi internado
nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). Segundo o médico assistente,
com quem falei, sofre de insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca e a
situação clínica é grave.
Está internado no Serviço de
Observações dos HUC. Segundo as suas declarações, confessa que há vários meses
ofereceram-lhe alojamento no Farol –instituição de apoio a sem-abrigo- e
recusou. Depois disso nunca mais foi contactado. Agora, que vê a sua vida perigar e tem medo de morrer, aceita ir
para um qualquer tecto. Dá a sua palavra que aceita mesmo. Na rua não pode
continuar, enfatiza. O que mais gostava era que o seu irmão, alegadamente, funcionário público e a trabalhar
numa instituição da Baixa, o visitasse. “Se
calhar ele não sabe! Você vai dizer-lhe que eu estou aqui? Faz isso por mim?”
–interroga-me, com os olhos tristes e esperança na voz.
Perante tudo isto, como nos
sentimos?
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