Com organização da Associação Laços sem Nós, de Lisboa, e participação directa do escritor e jornalista André
Pereira, na esplanada do Café Santa Cruz, decorreu ontem, aconteceu hoje e continuará
amanhã o evento sobre o lema “Há quanto tempo não recebe uma carta?”.
Num tempo em que se escreve pouco, mal e
porcamente –e então redigir e ler em papel começa a ser uma cena do jurássico-,
por troca de cinco euros, achei giro o desafio e desencadeou a minha
curiosidade. Tratei de saber o teor da missiva. Fui esclarecido que, através do
rosto, talvez da postura, dos olhos, seria analisado pelo escritor e depois
passado para papel.
Achei engraçado porque já há vários anos que através de um
rosto, em foto, faço esta observação analítica, sobretudo sobre mulheres. Posso
também realizar este exame através da escrita –chamado de psicografia. Já fiz
este teste dezenas ou mais de uma centena de vezes. Já tive cenas caricatas em
que a examinada não acreditava que eu não a conhecia. Por norma e em média,
sobre o que escrevo, acerto em cerca de 70 por cento. Algum talento especial?
Podemos interrogar? Não creio! De tal modo é a minha fé no que escrevo que não
acredito minimamente no que declaro. Mas o estranho é que funciona sempre.
Penso que foi um jogo mental que, com base na minha experiência empírica,
desenvolvi. Afinal, mesmo sendo todos diferentes, no comportamento, somos
bastante mais iguais do que se pensa. O que sei é que, com base na intuição,
olho e, ao mesmo tempo, escrevo sem pensar. Comecei em 2007, quando me iniciei
na Internet e nas redes sociais.
Voltando ao Café Santa Cruz, hoje, tudo começa
com um homem ainda novo, de olhos azuis e na casa do dealbar dos trinta, o André
Pereira, sentado em frente a uma máquina de escrever Remington, antiga da
década de 1930, sobre uma mesa redonda do café.
Acomodei-me à sua frente, na
cadeira já disponível para o efeito e à altura dos seus olhos, para ver o que
iria escrever sobre a minha pessoa. Perante algum embaraço meu, ele olha
profundamente nos meus olhos e tenta adivinhar como sou, pelo menos é o que
intuo que vai acontecer -para além de questionarmos continuamente o futuro, afinal
o mistério, o enigma, sobre a forma como os outros nos vêem desencadeia em nós
um apetite voraz. No fundo é como se tivéssemos necessidade de alguém nos dizer
como somos… por que, verdadeiramente e contrariamente ao que afirmamos, não nos
conhecemos. Somos tão incrivelmente imprevisíveis que, por inacreditável que pareça,
nunca chegamos a compreender-nos profundamente.
Amanhã, à tarde, numa provocação que lhe
lancei, vamos trocar de posição. O André Pereira passa para o lugar do
vistoriado e eu vou tentar ler a sua alma como se fosse presciente. Muito
obrigado!
Eis o resultado da sua análise, a
carta que ele me escreveu:
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"O Diário as Beiras e a sua pouca visão"
"A canção do bandido"
"Vidas errantes"
"Hoje o Blogue está com serviços mínimos"
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"O previsível grande incêndio na Baixa..."
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