quarta-feira, 29 de outubro de 2014

HÁ TANTO TEMPO QUE NÃO RECEBIA UMA CARTA!



Com organização da Associação Laços sem Nós, de Lisboa, e participação directa do escritor e jornalista André Pereira, na esplanada do Café Santa Cruz, decorreu ontem, aconteceu hoje e continuará amanhã o evento sobre o lema “Há quanto tempo não recebe uma carta?”.
Num tempo em que se escreve pouco, mal e porcamente –e então redigir e ler em papel começa a ser uma cena do jurássico-, por troca de cinco euros, achei giro o desafio e desencadeou a minha curiosidade. Tratei de saber o teor da missiva. Fui esclarecido que, através do rosto, talvez da postura, dos olhos, seria analisado pelo escritor e depois passado para papel. 


Achei engraçado porque já há vários anos que através de um rosto, em foto, faço esta observação analítica, sobretudo sobre mulheres. Posso também realizar este exame através da escrita –chamado de psicografia. Já fiz este teste dezenas ou mais de uma centena de vezes. Já tive cenas caricatas em que a examinada não acreditava que eu não a conhecia. Por norma e em média, sobre o que escrevo, acerto em cerca de 70 por cento. Algum talento especial? Podemos interrogar? Não creio! De tal modo é a minha fé no que escrevo que não acredito minimamente no que declaro. Mas o estranho é que funciona sempre. Penso que foi um jogo mental que, com base na minha experiência empírica, desenvolvi. Afinal, mesmo sendo todos diferentes, no comportamento, somos bastante mais iguais do que se pensa. O que sei é que, com base na intuição, olho e, ao mesmo tempo, escrevo sem pensar. Comecei em 2007, quando me iniciei na Internet e nas redes sociais.


Voltando ao Café Santa Cruz, hoje, tudo começa com um homem ainda novo, de olhos azuis e na casa do dealbar dos trinta, o André Pereira, sentado em frente a uma máquina de escrever Remington, antiga da década de 1930, sobre uma mesa redonda do café.
Acomodei-me à sua frente, na cadeira já disponível para o efeito e à altura dos seus olhos, para ver o que iria escrever sobre a minha pessoa. Perante algum embaraço meu, ele olha profundamente nos meus olhos e tenta adivinhar como sou, pelo menos é o que intuo que vai acontecer -para além de questionarmos continuamente o futuro, afinal o mistério, o enigma, sobre a forma como os outros nos vêem desencadeia em nós um apetite voraz. No fundo é como se tivéssemos necessidade de alguém nos dizer como somos… por que, verdadeiramente e contrariamente ao que afirmamos, não nos conhecemos. Somos tão incrivelmente imprevisíveis que, por inacreditável que pareça, nunca chegamos a compreender-nos profundamente.


Amanhã, à tarde, numa provocação que lhe lancei, vamos trocar de posição. O André Pereira passa para o lugar do vistoriado e eu vou tentar ler a sua alma como se fosse presciente. Muito obrigado!
Eis o resultado da sua análise, a carta que ele me escreveu:



Sem comentários: