Diariamente, a cabine telefónica, junto ao
antigo pronto-a-vestir Infinito e em
frente ao snack-bar Marcius, a meio
da Rua da Sofia, para largar umas moedas a bem ou a mal, é tosada com tal ferocidade
que até da pena. Há dias escrevi aqui um pequeno texto sobre este caso de violência comunicacional. Os comerciantes
em redor já se habituaram de tal maneira que já nem reagem ao ilusório
sofrimento da coisa.
Hoje, por volta das 14h00, uma mulher, que
embora bem-vestida prenunciava ser toxicodependente, começou a ensaiar o
assédio. No princípio foram uns beijinhos com uns murros mas o telefone, mais
teimoso que uma mula, deu em não ceder à chantagem emocional. A rapariga,
certamente a pensar como a Comissão Europeia que há sempre modos de espremer
mais os portugueses, não foi de modos foi buscar uma cavilha comprida mas a
cabine, a fazer lembrar um beirão de pelo
na benta, não cedeu. Mas a cobradora de níqueis, pelos vistos, também tinha
feito uma promessa de que só saía dali com umas moedinhas, não foi de modas e
agarrou num grande calhau e zumba, zumba e zumba! E a pobre cabina, vítima da endemoninhada
e do ostracismo a que foi votada por todos em redor, lá oscilava para um lado e
para outro, mas sem um ai! O barulho era bem audível à distância.
E eu, que sempre tive costela de
herói e levo a cidadania muito a peito, a ver o ensaio de pancada e a fazer contas
à vida. Se vou lá ter com a fulana vamos
ter chatice da grossa e, como sempre, acabo mal, pensei cá com os meus
botões. Não! Vou mas é deixar o caso para
quem sabe e é especialista na matéria: a PSP. Além disso, a mártire está a
cerca de uma centena de metros da 2.ª Esquadra. Às 14h15 liguei para o 112
e contei que era um caso de polícia e não de emergência médica. Esperei dez
minutos e a PSP não apareceu. Segundo uma comerciante vizinha, chegou às 14h30.
Ou seja, um quarto de hora depois. Os agentes pararam junto da padecente cabina
e esta, se calhar com medo de apanhar mais, não falou e da energúmena nem
sombra.
Resultado final: arquive-se a participação por
insuficiência de prova material e falta de queixa da vítima.
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