São 20h30 deste Sábado, 25 de Outubro. Para um Outono declarado no calendário, o tempo está surpreendentemente quente, o que
se traduz numa noite muito agradável para passear. Nas ruas estreitas, vazias
de transeuntes, só duas lojas comerciais se mantêm abertas ao público. Seria até
normal se, por acaso, não estivesse programada uma “Noite Branca”, um evento que desde há vários anos consiste em
manter todos os estabelecimentos comerciais pela noite dentro, até cerca da
meia-noite, realizada pela APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra.
Esta festa, comunicada aos comerciantes com
convites distribuídos porta-a-porta há cerca de uma semana, foi anunciada assim:
“Para o próximo dia 25 de Outubro
(sábado) a APBC preparou uma programação de Jazz com momentos musicais a
acontecer ao longo de todo o dia, nos mais diversos espaços da Baixa de Coimbra,
a qual culminará com um espetáculo à noite, pelas 22h00 na Praça 8 de Maio. As
atuações musicais terão carácter itinerante, com arruadas, e estático em zonas
mais centrais como a Praça 8 de Maio, Arco de Almedina, Largo da Portagem,
Praça do Comércio. Neste dia decorre em simultâneo o Congresso Nacional dos
Bombeiros Portugueses com a exposição de viaturas antigas de bombeiros nas ruas
da baixa. (…) Gostaríamos ainda de propor a todos os comerciantes uma campanha
promocional com a realização de “happy hour” entre as 15h00 e as 18h00, por
exemplo, em que se oferece ao cliente um artigo a cada 10 minutos, sendo que o
esquema de promoções/ofertas a atribuir fica ao critério de cada
estabelecimento”.
Logo nessa altura, segundo algumas declarações
de comerciantes que ouvi, caiu mal o facto de, num período de tão graves
problemas financeiros, a APBC aconselhar a oferta de produtos ou mesmo fazer
descontos. Vender abaixo do preço já há muito que está ser feito na generalidade
do comércio. Foi entendido como se quem o sugeriu não soubesse o que se passava
na prática. Mesmo assim, contrariamente ao costume, durante a tarde estiveram
mais lojas de portas abertas do que é hábito. Sem fazerem negócio, às 19h00 os poucos resistentes
estavam esgotados e a deitar fumo pelas narinas. Pedindo reserva de identidade,
foram vários os queixumes que me chegaram tais como: “prometeram que havia animação ao longo do dia, nos mais diversos
espaços da Baixa, e não houve quase nada. Aqui nas ruas estreitas só andou um
músico com um violoncelo. A direcção da APBC parece os políticos a prometerem
tudo e depois não cumprem nada. Isto é gozar com a nossa cara! Foi tudo feito
para beneficiar a hotelaria, cuja orientação lhes pertence, e a fazer acontecer a
animação nas ruas largas de cima e Praça 8 de Maio, onde está tudo concentrado.
A mim nunca mais me apanham cá!” -declarações de um comerciante da Rua
Eduardo Coelho, conjuntamente com um grupo que estava a encerrar por volta das
20 horas.
Com estas adesões, com estas declarações, com estes resultados, sobretudo para o comércio, valerá a pena continuar a apostar nas Noites Brancas?
Com estas adesões, com estas declarações, com estes resultados, sobretudo para o comércio, valerá a pena continuar a apostar nas Noites Brancas?
1 comentário:
Para as denominadas noites brancas terem efeito não basta apenas anunciar que há música, ainda por cima uma semana antes. Deve ser feita uma programação com antecedência, uma programação com pés e cabeça que leve as pessoas a irem à baixa. Se há noite branca a cada 15 dias e é um facto banal, as pessoas deixam de ver o evento como excepcional, em que se mobilizam e vão passear com os amigos, para considerarem ser mais um dia como qualquer outro. Mais vale poucos mas bons, do que muitos e banais.
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