sábado, 15 de fevereiro de 2014

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE... E UMA RESPOSTA





Então tens de começar a tirar fotos de todos os cartazes de casais heterossexuais (publicidade ou não) e ver que afinal não te incomodam tanto assim, já que são uma constante.... Não conhecia a campanha, mas penso que nem está para chocar... Talvez sensibilizar, que são duas coisas bastante diferentes. Talvez esse "incómodo" de que falas ainda seja um bocadinho de preconceito... e o facto de ainda se dizerem coisas como "cada um é livre de escolher", no contexto da orientação sexual, mostra que ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra o preconceito!!


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RESPOSTA DO EDITOR

Estou de acordo contigo de que, de facto, ainda há "um bocadinho de preconceito". Há mesmo. E não é apenas meu. Penso, é de toda a minha geração. Porém há uma coisa que não se pode escamotear: o pré-conceito não desaparece num estalar de dedos, como quem diz, no fazer umas campanhas de choque. A meu ver, o diferente, para ter os mesmos direitos -jamais para ser igual, porque o que é diferente será sempre pela diferença- tem de ser integrado no conceito de igual, mas sem perder a sua identidade matriz. Como tal esta integração, buscando a tolerância social para que todos vivam em harmonia, deve ser feita paulatinamente, sem ostracizar o dado adquirido -nota que não estou a dizer que o dado adquirido deva ser tomado como verdade universal. Pelo contrário, acho, tudo é dinâmico, incluindo o conceito de família, e passível de ser discutido. Defendo é que os grupos minoritários, em busca da sua razão, contrariamente ao que deveria ser, no caso a inclusão, praticam a exclusão e desprezam o cultural, adquirido ao longo de milénios. Apesar de tudo, e de ainda muita gente considerar a homossexualidade uma doença, tem havido grandes vitórias para que cada um possa ser e viver ao seu jeito e sem amarras de uma colectividade profundamente hipócrita. O que quero dizer com isto tudo? É que, conforme defendo no texto, nesta campanha deveriam ser incluídos todos os casais, homo e heterossexual. Apenas isso. Porque, atenção, José, o pré-conceito existirá sempre, uma vez que é imanente à condição humana para tudo o que foge ao formatado, ao paradigma, ao estereotipado. A meu ver, o que se deve procurar é "educar", formar, para a aceitação do diferente. No meu entendimento, por parte do movimento homossexual, esta revolução silenciosa não está a ser feita. Pelo contrário, recorre-se ao choque, ao aceitar à força toda, como se, de repente, mesmo hipocritamente e sem discussão pública, todos devêssemos aceitar tudo sem pôr nada em causa. Ora os resultados para tudo o que se aceita obrigado (por lei ou por falta de coragem de chamar os assuntos à colação) são catastróficos -lembro-te apenas o caso da violência doméstica -incluindo casais homo e hétero. Em 2000 a agressão passou a ser crime público -qualquer caso ser levado a inquérito e depois a juízo, independentemente de queixa particular- Remediou alguma coisa? No ano passado foram 38 as vítimas mortais. O quero dizer? Que tal como esta campanha da "Não te Prives", a construção da "casa" começa pelo telhado.

1 comentário:

Super-febras disse...

Amigo:

Sou tolerante. Aprendi a sê-lo. A sociedade com vivo exige que o seja. O segredo está, em que ela também me tolera, por isso o preço que pago por aceitar os que são ou actuam de maneira diferente, é muito baixo!
Mas ninguém me vai proibir de dizer ou escrever o que sinto. Se o que sinto é admiração, então admiro e comunico-o. Se me sinto chocado faço-o de igual modo. Se me sinto pressionado para pensar ou passar a sentir de uma forma generalizada, mau Maria, geralmente respingo, mesmo que mais tarde até possa mudar de opinião. Habilidade minha, porque penso!
Exijo o direito de gostar ou detestar, aceitar ou recusar, exijo ter a minha opinião ... Que ninguém me oprima esse direito! Por mim todos são livres de a aceitar ou recusar e com algum respeito à minha pessoa criticá-la como quiserem.
Nunca deixarei que me "cortem a raiz ao pensamento".

Obrigado por ser honesto e se colocar na linha de fogo. Ossos do ofício!
Um abraço:
Álvaro José da Silva Pratas Leitão