(Imagem da Web)
Na próxima sexta-feira, 14 do corrente, comemora-se
o Dia de Namorados. Num tempo em que tanto se fala de amizade e de amor parece
quase paradoxal ter de haver uma data para nos lembrar de que é preciso
praticar a afeição e o dar-se ao
outro. Com a proliferação das redes sociais banalizou-se completamente a
amizade –do latim amicus, amigo, cujo
étimo teria derivado de amore- e,
quem sabe por arrastamento histórico, aconteceu a mesma futilidade ao afecto
genuíno. Hoje, falar em amor tornou-se uma vulgaridade. O que deveria ser um
sentimento de convulsão pura, leve e de sensação inconsciente, onde ressaltava
a afeição e o altruísmo como chaves universais do mundo relacional, passou a
ser uma mera alavanca sem substância com propósito bem definido. O amor petrificou
e materializou-se. Transformou-se no meio
e fim para chegar à posse. Meio porque através da sua palavra
proferida, numa sociedade isolacionista e solitária, individual e vazia, serve
de ponte entre o emissor calculista e o receptor ansioso por carinho. Fim porque passou a ser o objecto a querer
alcançar sem princípios custe lá o que custar. Depois de conquistada a presa
passou a ser troféu do conquistador. Talvez esta minha teoria explique as 38
mortes de mulheres, no ano passado, por violência doméstica –ou foi por amor?
É preciso
libertar o amor. Dar-lhe a carta de alforria, talvez perdida no último
meio-século. O bem-querer é um fluido invisível, a tal chama que arde sem se ver, como nos deixou Camões em testamento, ou
lição aos vindouros. Neste dia internacional do namoro ofereçamos uma flor a
quem estiver mais próximo do nosso coração e aos outros, a quem passa por nós,
um sorriso de simpatia. O amor verdadeiro agradece.
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