“O compositor respondeu no Facebook à carta que o
filho, João Tordo, lhe escreveu, em que manifestava tristeza por alguns
comentários que lera sobre o facto de o pai ter decidido emigrar.” –Retiradodo jornal Público.
"Muita gente se despediu com palavras de encorajamento. Outros,
contudo, mandaram-no para Cuba. Ou para a Coreia do Norte. Ou disseram que já
devia ter emigrado há muito. Que só faz falta quem cá está. Chamam-lhe
palavrões dos duros", escreveu João Tordo no seu blogue.
"E perguntaram o que iria fazer: limpar WC e cozinhas? Usufruir da reforma
dourada?", acrescentou, lembrando que o pai, um homem com 65 anos de vida
e 50 de carreira, teria uma reforma de duzentos e poucos euros, "mais uma
pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores".
No Recife, para onde emigrou na terça-feira, Fernando Tordo leu a carta.
E hoje respondeu ao filho:
"Não entristeças, João", disse-lhe através do Facebook.
"Temos dado o melhor de nós e isso não admite gentinha; só aceita
dignidade e respeito por vidas que se dedicaram e dedicam não porque têm
talento, mas sim porque têm aquele mistério revelado de poderem escrever uma
carta como a tua", acrescentou.
"Magoaram-te. Não a mim, cinquenta anos de tudo e mais alguma
coisa. Magoaram-te porque achas estranho que se diga de um tipo, que para mais
conheces bem, o que algumas pessoas disseram e continuarão a dizer",
constatou.
"Tentação de devolver os insultos com o vernáculo que bem me
conheces e és admirador? Não. O que fica, meu querido filho, é a tua
carta", garantiu.”
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